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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Instituições usam tablets como instrumentos terapêuticos

Owen Cain, um garoto de Nova York que depende de aparelho respiratório e tem dificuldades motoras graves, não é capaz de manejar um mouse. No ano passado, seus pais descobriram na interface sensível a toque do iPad uma alternativa surpreendente a essa limitação.

Um vídeo sobre Owen Cain publicado no site do jornal "The New York Times" foi visto em São Paulo por funcionários do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).

Desde janeiro deste ano, o instituto usa o iPad como instrumento terapêutico.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Wyslla Ferreira, 6 anos, usa iPad com a ajuda de Patrícia Pecoraro, coordenadora da brinquedoteca do Graac
Wyslla Ferreira, 6 anos, usa iPad com a ajuda de Patrícia Pecoraro, coordenadora da brinquedoteca do Graac

"Uma criança, por exemplo, que teve câncer no cérebro e perdeu parte dos movimentos de um lado do corpo pode ter esse lado estimulado pelo iPad", diz Walkyria Santos, terapeuta ocupacional do Graacc.

Há resultados concretos. O paciente Gustavo Souza, 20 anos, tem forte limitação motora no lado esquerdo do corpo, especialmente na mão. Jogando o Flick Kick, game de chute a gol para iPad, ele passou a usar a mão esquerda com mais frequência.

"Com o jogo, foi possível trazer um pouco mais de movimento e, consequentemente, de sensibilidade para essa mão, que antes ficava parada o dia inteiro", afirma Walkyria. "O lado com mais problema foi estimulado por meio da brincadeira."


Eduardo Anizelli/Folhapress
A paciente Ana Carolina Dias Muniz, 8 anos, usa um iPad com a ajuda da professora Julia Sales
A paciente Ana Carolina Dias Muniz, 8 anos, usa um iPad com a ajuda da professora Julia Sales


Jogos usados na terapia, como Labyrinth e Flight Control, são escolhidos com base nas necessidades dos pacientes. Levam-se em conta aspectos como a capacidade do jogo de estimular preensão, força e coordenação.


Editoria de Arte/Folhapress


Nos EUA, várias escolas que têm crianças com necessidades especiais investem centenas de milhares de dólares em iPads, de acordo com reportagem recente do "USA Today".

A reportagem cita o caso de Anthony Leuck, aluno de uma escola para crianças com necessidades especiais em Nova Jersey com dificuldade de fala e pouco controle sobre os músculos. Com o iPad, ele é capaz de tocar acordes musicais em um aplicativo que imita violão.

Também em Nova Jersey, a rede pública da cidade de Marlboro passou a usar iPads com alunos autistas.

BENEFÍCIO A CEGOS
"O mouse pode parar em qualquer lugar. A vantagem da tela sensível ao toque é que o ponteiro é seu dedo", diz Leonado Gleison, técnico em tecnologia assistiva da Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual Laramara.

Gleison, que é cego, trabalha pesquisando e testando novas tecnologias assistivas, e treinando pessoas para usá-las. Ele elogia as opções de acessibilidade do iOS --sistema do iPhone e do iPad. Admira um recurso em especial: o VoiceOver, voz que descreve o que está na tela, acionável nas configurações.

Ele diz que smartphones têm ajudado muitos cegos, mas aponta dificuldades. "É tudo muito miniaturizado. Os ícones ficam juntinhos, o que dificulta. E, para escrever, um tablet é melhor."

Fonte Folhaonline

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