Nesta segunda-feira, o pai do ator Reynaldo Gianecchini, 38, que faz tratamento contra um câncer linfático, morreu em consequência de um tumor no pâncreas.
O caso do pai, que tinha 72 anos, e do filho enfrentando a doença ao mesmo tempo pode indicar um componente hereditário da doença.
Mas só uma minoria dos tumores têm causas hereditárias. De acordo com o oncologista Bernardo Garicochea, coordenador da unidade de aconselhamento genético do Hospital Sírio-Libanês, só 30% dos tumores são determinados por um conjunto de genes herdados da família.
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Do total, em torno de 5% estão ligados a mutações específicas. Os médicos já conhecem algumas dessas mutações em trechos de DNA definidos. As mutações nos genes chamados de BRCA1 e 2, por exemplo, estão fortemente ligadas a tumores de mama, ovário, pele e pâncreas.
Quem tem esse tipo de mutação carrega o que os médicos chamam de síndrome. A de Lynch, por exemplo, causa tumores no intestino. Outras, como a de Li-Fraumeni, dão origem a vários tipos de tumor na mesma família.
"O médico pode analisar o padrão de tumores que ocorre na família e pedir um teste genético para identificar a síndrome", afirma o médico.
Testes desse tipo só estão disponíveis na rede privada. Para saber quais são os pacientes que precisam desse tipo de teste, os médicos observam alguns sinais: o número de pessoas na família que tiveram câncer; o número de familiares que tiveram o mesmo tipo de tumor; se há pessoas em que a doença apareceu cedo (câncer de mama antes dos 40 anos, por exemplo) e se uma pessoa teve dois tipos diferentes de tumor em seguida ou em dois lados do corpo de forma independente.
"Achando o defeito genético no doente, procuramos o mesmo defeito nas outras pessoas. É como uma lista telefônica, você já sabe em que página está o que você procura", afirma Goricochea.
ETNIA
Pertencer a alguns grupos étnicos também pode aumentar o risco de desenvolver determinados tumores.
Segundo a geneticista Fernanda Teresa de Lima, responsável pelo serviço de oncogenética do hospital Albert Einstein, descendentes de judeus ashkenazi (da Europa Central ou Oriental), têm maior risco de carregar as mutações no BRCA1 e 2.
Garicochea lembra também que os negros têm risco maior de tumor de próstata e devem ser acompanhados mais de perto quando aparece algum caso na família.
PREVENÇÃO
Quando os médicos encontram um caso de risco, é possível tomar medidas preventivas, de acordo com a síndrome que a pessoa tem.
Uma das principais providências é aumentar a frequência de exames periódicos, como colonoscopias, mamografias e testes para tumor de próstata, dependendo da região do corpo que estiver em risco. O aumento da atividade física também é uma estratégia importante.
Alguns remédios podem ser usados para evitar tumores. O tamoxifeno, que interfere na atividade do hormônio feminino estrogênio, por exemplo, reduz o risco de câncer de mama. A aspirina, em doses baixas, pode prevenir o tumor de intestino.
Em casos de alto risco, o médico pode recomendar uma cirurgia preventiva, como a retirada parcial ou total das mamas, do intestino ou da tireoide, por exemplo.
Goricochea diz que, apesar de não haver motivo para pânico, a ocorrência de câncer em parentes deve ser investigada. "É importante traçar o histórico familiar. Algumas pessoas acham que não têm muitos casos na família mas, quando vão investigar, acabam descobrindo."
Fonte Folhaonline
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