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quinta-feira, 29 de março de 2012

Autodiagnóstico pela internet pode levar a uma percepção de risco errada sobre a própria saúde

O autodiagnóstico é um assunto complicado. O indivíduo tem um sintoma e vai ao computador checar o que pode ser: gripe ou câncer? Pesquisas apontam que aproximadamente 60% dos americanos adultos e com acesso à internet já se autodiagnosticaram, e boa parte deles foi ao médico já com uma possível doença para ser confirmada. Mas como este tipo de informação afeta as percepções e decisões sobre a própria saúde?

Esse foi o foco de uma pesquisa liderada por Virginia Kwan, da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, e que aponta que a forma como as condições são apresentadas – em especial a listagem dos sintomas – pode fazer com que as pessoas fiquem mais ou menos preocupadas com o que estão sentindo.

“As pessoas, de forma pouco racional, normalmente associam um sintoma inicial a outros quando vêm em uma listagem simples disponibilizada online”, diz a pesquisadora cujo estudo foi feito em conjunto com a Universidade da Califórnia e a Universidade de Warnick, também nos EUA, e publicada no periódico Psychological Science. Ou seja, ao buscar informações sobre um sintoma os indivíduos podem acabar correndo um maoir risco de se perceberem doentes.

Na pesquisa, grupos de estudantes universitários foram “dignosticados” com uma série de sintomas fictícios e apresentados a listagens dos sintomas de possíveis doenças. O que se observou foi que, quando as listagens começavam diretamente com os sintomas apresentados, eles se sentiam induzidos a se autodiagnosticarem com uma condição de forma mais rápida do que quando viam listas de sintomas alternadamente (os sintomas que sentiam e sintomas sem relação alguma com o que havia sido diagnosticado “erroneamente”).

Os sintomas induzidos pelos pesquisadores podiam ser de um câncer de tireóide ou de uma dor de garganta simples. Os participantes que haviam lido as listagens específicas (cujos sintomas listados inicialmente indicavam um provável câncer) afirmavam ter maiores sentimentos de que realmente estavam desenvolvendo um câncer. Aqueles apresentados à listagens alternadas ou genéricas dificilmente tinham essa reação.

Há duas situções possíveis, apontam os autores. Esses indivíduos podiam ter realmente algo sério e, graças à forma como os sintomas eram apresentados online, deixavam de confirmar o diagnóstico ou podiam não ter nada e já decidirem ter uma doença muito séria antes mesmo de ir ao médico.

Talvez uma estratégia para quem lida com esse tipo de informação, dizem os pesquisadores, pode ser listar os sintomas raros já no topo de um texto informativo sobre a condição. Isto já faria as pessoas pensarem sobre a real seriedade da sua condição de saúde. Entender que o tipo de público também afeta estas percepções é outro ponto importante. “Pessoas jovens, como os estudantes observados, são menos propensos no geral a se sentirem doentes, mesmo assim se autodiagnosticavam erroneamente. Pessoas de outras idades e de grupos sócioeconômicos diversos podem fazer uma leitura diferente”, alertam.

Fonte O que eu tenho

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