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terça-feira, 31 de julho de 2012

Sangue seco em papel de filtro é nova aposta para diagnóstico da hepatite B

Método simples, semelhante aos testes de medição de glicose, mostrou-se eficaz, mais barato e de maior aplicabilidade

Cientistas do Laboratório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) propõem uma nova abordagem como alternativa para o diagnóstico da hepatite B baseada na análise de amostras de sangue seco. Método simples, semelhante aos testes de medição de glicose, mostrou-se eficaz, mais barato e de maior aplicabilidade.

A ideia é utilizar papel de filtro como base para a amostra, o que elimina a necessidade de refrigeração e facilita o transporte, combinado ao método comercial de ELISA, teste imunoenzimático utilizado na maioria dos laboratórios de diagnóstico, que permite a detecção no plasma sanguíneo de anticorpos específicos para agentes patogênicos. Para isso, foi fundamental identificar quais marcadores da presença do vírus deveriam basear a metodologia inovadora.

Segundo a pesquisadora do Laboratório de Hepatites Virais do IOC, Lívia Melo Villar, a facilidade da coleta do material é uma das principais vantagens da nova abordagem. " Com o método de análise de sangue seco, são coletadas três gotas de sangue capilar (bastante superficial, dispensando o uso de seringas) a partir da punção digital do dedo do paciente, usando-se apenas uma agulha. A gota de sangue do dedo é pressionada no papel de filtro. O material passa por um processo de diluição para que o sangue fixado seja retirado do papel de filtro sendo, então, submetido ao método de ELISA. " Já no método de diagnóstico convencional, o sangue é retirado por punção venosa, que deve ser realizada por um técnico especializado. Além disso, esse sangue deve ser centrifugado para obtenção do soro e, muitas vezes, essa centrifugação deve ser realizada no mesmo dia" , destaca.

Neste caso, a inovação nasceu da necessidade: como os pesquisadores realizam trabalhos em locais distantes dos grandes centros urbanos, como nas regiões do Pantanal, da Amazônia ou do Norte do Brasil, havia dificuldade de realizar o diagnóstico nos estudos de campo. Segundo a pesquisadora, a facilidade do transporte das amostras é um ponto positivo da nova abordagem. " Com relação ao método de diagnóstico atual, o transporte do material deve ser feito em gelo seco, com temperatura refrigerada, com riscos de quebra dos recipientes. Na estratégia baseada em uso de papel de filtro, que estamos propondo, as amostras são secas e podem ser enviadas em temperatura ambiente pelo correio, logicamente dentro de todas as regras de biossegurança" , descreve a especialista.

Resultados
Os resultados do estudo mostram uma correlação entre a detecção de marcadores do vírus da hepatite B em amostras de soro e de sangue seco e confirmam que o método comercial de ELISA pode ser adaptado de forma eficaz para o uso de amostras de sangue seco. De acordo com Lívia, as descobertas são promissoras porque indicam a viabilidade de um teste, de menor custo e mais facilmente disponível.

A pesquisa mostrou também que os marcadores do vírus pode ser detectado em amostras de sangue seco até 63 dias após a coleta, em temperatura ambiente" , comemora a pesquisadora. " A iniciativa poderá ampliar o acesso ao teste em locais de difícil acesso, favorecendo a realização de estudos de prevalência da hepatite B em várias regiões do Brasil" , conclui.

Fonte isaude.net

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