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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Medicamento anticâncer pode prevenir dificuldades de aprendizagem em crianças

Estudo com ratos abre caminho para uso de drogas antitumorais na proteção do cérebro de crianças com doenças genéticas

Cientistas da Universidade de Michigan, nos EUA, descobriram que um medicamento originalmente desenvolvido para combater tumores cancerígenos pode prevenir o crescimento anormal de células do cérebro e as dificuldades de aprendizagem em algumas crianças.

A pesquisa, realizada com camundongos, abre caminho para o uso de drogas antitumorais na proteção do cérebro em desenvolvimento de crianças pequenas com neurofibromatose 1 e outras doenças genéticas que afetam o mesmo caminho de sinalização celular.

Neurofibromatose 1, ou NF1, afeta uma em cada 3 mil crianças e causa tumores benignos que crescem por todo o corpo. Muitas crianças com NF1 também lutam para aprender a ler, escrever, fazer contas e se comportar bem. Este impacto na função cerebral é considerado o problema mais comum causado por NF1, e muitas vezes aparece antes de outros sintomas.

A equipe estudou células-tronco neurais, tipo de célula que pode se tornar qualquer tipo de tecido neural. Em camundongos recém-nascidos com duas cópias da mutação genética que causa NF1, as células-tronco neurais em uma área chave do cérebro eram muito mais propensas a produzir um tipo de célula nervosa "ajudante" chamada glia. Elas produziram muito menos neurônios, que enviam e recebem sinais cruciais entre o cérebro e o restante do corpo.

Os cientistas então focaram neste crescimento anormal de células, dando aos ratos uma droga experimental que já foi utilizado em ensaios clínicos para tratar câncer avançado. A droga chamada PD0325901 bloqueia uma ação específica dentro das células chamada via MEK / ERK.

Os ratos com a mutação NF1 que receberam a droga desde o nascimento se desenvolveram normalmente, em contraste com ratos com as mesmas mutações genéticas que não receberam a droga. Os ratos não tratados pareciam normais no nascimento, mas dentro de alguns dias se tornaram corcundas e desalinhados, com crescimento anormal dos corpos e células cerebrais.

"Mostramos que, ao tratar os animais durante esta breve janela de tempo no início da vida, quando as células-tronco neurais no cérebro em desenvolvimento ainda têm tempo para "decidir" que tipo de célula vai se tornar, pode causar um efeito duradouro no desenvolvimento neural", afirma o autor sênior da pesquisa Yuan Zhu.

Além de NF1, os pesquisadores preveem que suas descobertas podem ter importância para pacientes com outras doenças genéticas que afetam o mesmo caminho de sinalização celular geral chamado RAS, como síndrome Leopard, síndrome de Noonan, Costello e síndrome Leguis.

Fonte isaude.net

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