Pesquisa revela que brasileiras não conhecem causas da doença que atinge 10% da população feminina
Fortes cólicas, dor durante a relação, infertilidade . Os três principais sintomas que caracterizam a endometriose são desconhecidos para 55% das mulheres, assim como a doença e suas causas.
Os dados são da pesquisa comportamental realizada pela Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE) com 5 mil mulheres de todas as regiões do país.
Do total de entrevistadas, 63% afirmaram não conhecer ninguém que tenha a doença, que acomete 10% da população feminina. A endometriose se forma quando há um acúmulo de endométrio – tecido que reveste o interior do útero – na cavidade abdominal, nas trompas e no ovário.
O problema pode aparecer desde a primeira menstruação e pode se estender até o último ciclo menstrual. Estudos feitos pela USP e pela Unicamp já mostraram que a mulher com endometriose leva, em média, sete anos pra descobrir a doença. E quanto mais cedo aparecem os sintomas, mais tempo ela leva para ter o diagnóstico.
A endometriose lidera as causas de infertilidade entre mulheres acima dos 25 anos. Os especialistas estimam que aproximadamente 30 a 40% das mulheres inférteis tenham algum grau da doença, que poderia causar o estreitamento das trompas, órgão que conduz o óvulo ao útero. A doença também tem impacto na vida sexual.
“Identificamos que as mulheres com endometriose têm uma redução consierável na qualidade da vida sexual. Como têm dor, acabam evitando o sexo e, quando fazem, têm menos orgasmos. O sexo se torna angustiante” explica Francisco Carmona, chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital Clínico de Barcelona (Espanha).
A doença não tem cura, mas pode e deve ser tratada, pois sem o controle adequado da doença, ela pode evoluir e comprometer órgãos próximos como bexiga e intestino. Também existe uma chance, embora pequena (de 1%), de a endometriose desencadear o aparecimento de câncer.
Tratamento
As opções mais utilizadas para o tratamento da endometriose são medicamentosas (em geral indicadas para casos mais brandos da doença) ou cirúrgicas (para casos mais graves). A decisão deve ser uma avaliada em conjunto com a paciente e deve levar em conta se há ou não um quadro de infertilidade e se a mulher pretende ou não ter filhos.
Os remédios mais indicados servem para aliviar a dor e impedir a progressão da doença. Anticoncepcionais também podem ser utilizados para inibir o crescimento de endométrio fora do útero. Já a cirurgia consiste em retirar o tecido aderido das regiões afetadas.
Um novo medicamento foi lançado nesta quinta (9) para o tratamento das dores relacionadas à endometriose. Vendido em caixas com 28 comprimidos e batizado de Allurene, ele é feito de um composto sintético chamado dienogeste, com ação similar à do hormônio feminino progesterona. O mecanismo consiste em suprimir os efeitos do estradiol no tecido do endométrio, reduzindo a dor pélvica característica da endometriose.
“O sintoma mais frequente apontado pelas mulheres com endometriose é a dor pélvica. Por isso é importante tratá-la”, avalia Mauricio Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE).
Thomas Faustman, chefe da area global para assuntos da mulher da Bayer, esclarece que o novo remédio não é uma pílula anticoncepcional, embora tenha efeito contraceptivo. No Brasil o Allurene será vendido como um medicamento para endometriose, e não uma opção de pílula. Segundo Faustman, a droga pode ser usada em longo prazo e tem menos efeitos colaterais do que a opção mais usada para tratar a dor pélvica.
Fonte iG
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