Secretaria da Saúde garantiu que a distribuição do remédio em larga escala sempre foi a estratégia no RS
Após revisar prontuários das pessoas que morreram em decorrência da gripe A em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, admitiu que o Brasil errou na política de combate à gripe A.
– Em vez de usarmos uma estratégia que já se mostrava eficaz (o uso do antiviral oseltamivir), ficamos discutindo quem vacinar, se vamos vacinar jovens ou não. Não aprendemos com os ensinamentos de 2009 – disse, referindo-se ao ano da pandemia.
Para Barbosa, o país travou um "debate enviesado" em relação à importância da vacina. Ele comparou a estratégia adotada pelo governo brasileiro, centrada na vacinação, com a utilizada pelo Chile naquele ano.
– O Chile, que possui um inverno muito mais forte, teve um terço das mortes das Regiões Sul e Sudeste do Brasil – a taxa de mortalidade no Chile ficou em 0,8 por 100 mil habitantes e aqui, em 3,2 por 100 mil habitantes. A diferença básica é que o Chile usou o oseltamivir em larga escala. O Chile perdeu uma grávida; o Brasil, 200 – afirmou.
A revisão feita pelo ministério nos prontuários dos mortos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul mostra que a grande maioria das vítimas "ou não teve acesso ou teve acesso atrasado" ao antiviral oseltamivir, disse Barbosa.
O secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, não tomou conhecimento ainda do resultado da análise feita pelo Ministério da Saúde. Ele garante, no entanto, que a distribuição do Tamiflu em larga escala sempre foi a estratégia no Rio Grande do Sul.
– Colocamos a distribuição como a coisa mais importante, e o ministério nos disponibilizou o Tamiflu em grande quantidade. Tivemos o cuidado de fazer uma avalição quase que diária em todos os municípios da quantidade de medicamentos que tinha. Nunca faltou medicação e não está faltando – afirmou o secretário estadual.
Segundo o ministério, a causa do problema é a pouca tradição do brasileiro de tratar gripe A com remédios. É comum os pacientes chegarem tarde aos serviços de saúde porque tentaram driblar os sintomas da gripe A com chás e receitas caseiras. Essa cultura afeta os médicos, que não prescrevem o oseltamivir, conhecido pela marca Tamiflu.
Antes da chegada do inverno, o ministério emitiu alerta aos médicos sobre as doenças respiratórias e distribuiu um material com orientações – principalmente para os Estados do Sul, além de São Paulo e Minas Gerais – sobre o período adequado para a medicação e a dosagem.
No Rio Grande do Sul, foram 63 mortes em 2012, conforme balanço divulgado na segunda-feira. Até 20 de agosto, o país teve 2.398 casos da doença e 307 mortes.
Fonte Zero Hora
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