Brasília – A reforma das mais de 50 casas de Saúde Indígena (Casai), centros
que funcionam como locais de apoio aos índios que vão buscar atendimento médico
de média ou alta complexidade nas cidades, é uma prioridade da Secretaria
Especial de Saúde Indígena (Sesai). No entanto, esses gastos são estimados em R$
441,5 milhões, valor que se aproxima de todo o orçamento da secretaria para
2012, que alcança R$ 684 milhões.
Os números foram apresentados pelo secretário especial de Saúde Indígena,
Antônio Alves de Souza, ao participar do Seminário de Saúde Indígena realizado
ontem(18) na Câmara dos Deputados. A Sesai foi criada em 2010 para substituir a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no atendimento aos índios. As duas
estruturas são do Ministério da Saúde.
O secretário disse, entretanto, que há perspectiva de aumento em curto prazo
dos recursos destinados ao atendimento da saúde indígena. De acordo com ele, o
orçamento previsto para 2013 da Sesai é de R$ 920 milhões, mas a secretaria
ainda busca um acréscimo para que some R$ 1,1 bilhão.
As más condições das casas, no entanto, não são os únicos problemas
enfrentados pelas comunidades. Segundo Antônio Alves, algumas aldeias são de
difícil acesso e demandam vários dias para o deslocamento de pacientes e não há
transporte suficiente. Além disso, há falta de preparo de profissionais de saúde
para tratar a saúde indígena, além de falta de material e medicamentos.
O secretário da Sesai disse que há uma busca de integração com o Sistema
Único de Saúde (SUS), mas explicou que a iniciativa não resolverá totalmente o
problema, porque os índios demandam um sistema de atenção próprio, com a
presença de profissionais dentro das aldeias. "As escolas não preparam esses
profissionais. Estamos buscando que a saúde indígena vire curso de extensão para
alunos da área de saúde".
Os beneficiários do sistema também se queixam do atendimento. “Querem que o
índio se adapte ao sistema de saúde. Isso está errado, o sistema de saúde tem
que se adequar à realidade indígena. Nós formamos comunidades, aldeias, somos
índios e somos cidadãos brasileiros”, disse o líder indígena e presidente do
Conselho Distrital de Saúde Indígena de Mato Grosso do Sul, Fernando da Silva
Souza.
Lígia Xavante, da aldeia São Pedro, em Campinápolis (MS), conhece de perto
os problemas dos sistemas de saúde. Ela veio a Brasília para o tratamento da
irmã, Jaira Xavante, de 16 anos. Em 2008, a irmã morreu na Casai do Distrito
Federal. Suspeita-se de abuso sexual, mas até hoje, segundo Lígia, não se sabe o
que ocorreu. “Foi um tempo muito ruim. A casa não tinha cama. A gente tinha que
catar papelão na rua para deitar.”
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário