Anders Hakansson, líder da pesquisa |
Cientistas da Universidade de Buffalo, nos EUA, descobriram que o intercâmbio genético que confere resistência das bactérias aos antibióticos ocorre cerca de forma 10 milhões de vezes mais eficaz no nariz do que no sangue de animais.
Eles estudaram a colonização bacteriana em ratos pelo patógeno Streptococcus pneumoniae (também conhecido como o pneumococo) e descobriram que a maior parte da resistência aos medicamentos deriva da transferência de DNA entre as estirpes bacterianas na nasofaringe, área atrás do nariz.
"A alta eficiência de transformação genética que observamos entre as bactérias no nariz tem uma implicação clínica direta, uma vez que é assim que a resistência a antibióticos se espalha, e está aumentando na população. A bactéria 'empresta' DNA umas às outras, a fim de se tornar mais adaptada ao ambiente de acolhimento e mais ilusória para as ações de antibióticos", explica o principal autor Anders P. Hakansson.
Hakansson explica que o trabalho abre um novo sentido para os mistérios de como as bactérias se organizam durante a colonização e como esta organização promove a disseminação de pneumococos resistentes.
A pesquisa expõe o que Hakansson descreve como a intrigante história de estudos sobre a transformação de material genético entre bactérias.
Ele explica que a transformação natural ou intercâmbio genético de DNA em camundongos infectados foi descrita pela primeira vez em 1928 por Frederick Griffith que estava estudando Streptococcus pneumoniae, devido ao seu papel na epidemia de gripe espanhola de 1918 a 1919.
A transformação genética também ajudou a identificar o DNA como o material hereditário e, assim, figurou em pesquisas sobre a determinação da estrutura do DNA.
Desde então, todos os experimentos com transformação pneumocócica têm sido feitos artificialmente em tubos de ensaio ou em modelos de infecção no sangue, mesmo que seja conhecido que a troca genética ocorre quase que exclusivamente quando o organismo existe no nariz.
"Por alguma razão, ninguém tinha olhado como a resistência se espalha no ambiente onde isso realmente acontece, na nasofaringe. Então decidimos fazer isso. Quando fizemos, descobrimos que a eficiência com que os antibióticos se espalham na nasofaringe foi acima do esperado", afirma Hakansson.
Os pesquisadores descobriram que as bactérias criam biofilmes no nariz que protegem contra a ação dos antibióticos. "Além disso, sabemos que algumas das bactérias têm de morrer a fim de desenvolver bons biofilmes. Então bactérias mortas ajudam a criar a proteção e fornecem DNA que outras bactérias podem assumir e usar, assim as bactérias espalham a resistência aos antibióticos e se torna, mais adaptadas ao ambiente", conclui o pesquisador.
Hakansson e seus colegas esperam que o estudo mostre que o ambiente na nasofaringe fornece as condições ideais para estes fenômenos de resistência ocorrerem.
Fonte isaude.net
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