A discriminação de indivíduos com a depressão já é bem conhecida. E esse processo só tende a piorar o quadro dos pacientes depressivos. O ciclo vicioso desses dois fatores é tão comum que quase 80% das pessoas que sofrem com o transtorno indicaram que já foram vítimas de atitudes discriminatórias durante as fases depressivas.
E a discriminação não é exclusividade dos adultos. Entre crianças o mesmo efeito já foi observado, e o problema pode ser observado em diversas culturas. Essa foi a conclusão de um estudo publicado no periódico The Lancet e que entrevistou mais de mil pessoas com quadros depressivos em 35 países diferentes.
Entre os atos discriminatórios, apontam os autores liderados por Grahan Thornicroft, da Universidade College London, no Reino Unido, estão o isolamento social (34% dos depressivos sentem que seus amigos e familiares os evitam durante as crises); rompimento de laços afetivos, como términos de namoro ou de casamentos em 37% dos casos e problemas no trabalho, o que os leva a maior absenteísmo (25% dos entrevistados).
Isso traz outros problemas associados, dizem os autores. “Aproximadamente 71% dos entrevistados afirmaram que não contavam para outras pessoas sobre seus problemas com a depressão, escondendo sua condição”, aponta Thornicroft.
Nesses casos o tratamento da condição também fica comprometido, pois as crises podem se alongar. O medo, e consequente ansiedade, de passarem por situações de constrangimento ou isolamento piora os quadros, podendo até mesmo levar à depressão crônica.
“No caso do ambiente escolar isso pode impactar os resultados acadêmicos das crianças e adolescentes, o que impacta a vida desses indivíduos no longo prazo”, diz o especialista.
“Trabalhos anteriores focavam no estigma generalizado sobre a depressão. O nosso é um dos primeiros a investigar as experiências de discriminação entre pessoas depressivas em escala global. Nossos resultados demonstram que os atos discrimatórios contra os depressivos é algo muito comum e isso é uma barreira grande para as relações sociais e mesmo profissionais desses indivíduos com o transtorno”, explica Thornicroft.
Aprender a lidar com a depressão alheia de forma adequada e não como um “exagero” do indivíduo depressivo é importante. Informar as pessoas de forma correta sobre esse transtorno mental (por mais que o termo pareça muito forte) e educá-las para lidar com isso da mesma forma como se lida com outras condições de saúde crônicas pode ajudar a proteger muita gente de mais problemas do que elas já estão enfrentando, finaliza Anthony Jorn, outro pesquisador envolvido com a pesquisa.
Fonte O que eu tenho
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