São Paulo - A enfermeira Viviane Santos da Silva, 29 anos, precisou parar de
exercer a profissão porque começou a fazer hemodiálise três vezes por semana em
2010. A doença renal apareceu em decorrência do lúpus, doença autoimune que pode
afetar diversos órgão, o que a fez perder os dois rins.
“Eu descobri o lúpus aos 16 anos e fiz o tratamento durante dez anos, quando
comecei a piorar e perdi a função renal”. Viviane faz hemodiálise há mais de
dois anos e disse que no início foi muito difícil, mas com o tempo acostumou.
“São quatro horas na cadeira, mas não há dor, embora às vezes passe mal com
pressão baixa, câimbra, dor de cabeça”. Ela está na fila para receber o
transplante de rins.
Também aguardando por rins novos, o motorista Wanderlei Portela Tavares tem
55 anos e assim como Viviane vive a rotina da hemodiálise há dois anos e meio.
Ele precisou parar de trabalhar para fazer sessões a cada dois dias. “Comecei a
emagrecer rápido. Em seis meses passei de 118 para 80 quilos e fazendo os exames
descobri a doença nos rins. Fiquei abalado no começo, mas com o tempo fui
acostumando e voltei a engordar”.
Assim como a Viviane e Wanderlei, milhares de brasileiros fazem hemodiálise.
As doenças renais atingem 10 milhões de brasileiros e 17% desse total precisam
de hemodiálise. No país são feitos anualmente cerca de 4,5 mil transplantes,
segundo o nefrologista Luiz Antono Miorin, da Santa Casa de São Paulo, que junto
com outros colegas, participou ontem (14), Dia Mundial do Rim, da campanha Pare
de Agredir Seu Rim. Todas as pessoas que passaram pelo saguão do hospital
tiveram acesso a exames que mostraram se tinham algum fator de risco para o
desenvolvimento de problemas no órgão.
Os principais fatores de risco são hipertensão, diabetes, sobrepeso, idade
acima de 50 anos, histórico de doença renal na família, além do exagero no uso
de alguns medicamentos. O rim é responsável pela filtragem do sangue no corpo
para eliminar excessos de água, sal, potássio, entre outras substâncias.
Miorin diz que a doença renal é silenciosa, por isso é importante a detecção
precoce dos fatores de risco. “É importante postergar a evolução da doença para
o estágio terminal, quando o paciente vai precisar de transplante ou diálise.
Muitas vezes o paciente percebe a doença quando já é tarde”.
O nefrologista disse que é preciso também ficar atento à quantidade de água
ingerida diariamente que deve ser pelo menos 1,5 litros. Além disso, é preciso
observar a quantidade de vezes em que se urina, pois, ao contrário do que se
pensa, o aumento da frequência pode indicar problemas renais sérios.
“Um simples exame de urina, observando a quantidade de creatinina, pode
detectar se há problemas ou não. Outra maneira é analisar se aparece proteína ou
vestígios de sangue na urina”. O médico informou que a mortalidade durante a
diálise é alta, chegando a 17% no Brasil, por isso a necessidade da
prevenção.
A aposentada de 63 anos, Regina Célia Simões, disse que foi acompanhar a irmã
em uma consulta médica e se animou com a campanha por acreditar na importância
de mobilizações como essa. Por ser diabética, Regina conhece os fatores de risco
para as doenças renais e costuma fazer exames preventivos. “A prevenção é uma
grande medida e é essencial. A grande maioria da população não conhece os riscos
e isso é uma pena, por isso campanhas são importantes”.
Fonte Agência Brasil
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