O presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila, critica o governo |
O Brasil não vai exigir exame nacional de revalidação do diploma de médicos trazidos da Espanha e de Portugal para trabalho temporário em áreas com déficit de profissionais da saúde no país. Em contrapartida, esses estrangeiros só poderão atuar nas áreas determinadas pelo governo em periferias e no interior e por período que não deve passar de três anos. Caso queiram trabalhar mais no Brasil, terão então de fazer o exame, seguindo um modelo já adotado por países como Canadá, Austrália, Reino Unido e a própria Espanha.
A proposta será discutida, em Genebra, durante encontro anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), e será o modelo de contratação de estrangeiros que o país vai adotar, disse o ministro da pasta, Alexandre Padilha, à “Folha de S.Paulo”.
O anúncio vem dias depois de o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciar, no início do mês, a “importação” de 6.000 médicos para trabalhar no interior do país. De acordo com o Ministério da Saúde, o governo ainda está discutindo os termos do programa de contratação de médicos estrangeiros e, no momento, estuda como esquemas semelhantes foram implantados em outros países.
O Ministério da Saúde espanhol preparou um projeto para o governo brasileiro, que propõe agilizar a concessão de vistos e validar diplomas espanhóis. Oferece, como contrapartida, facilidades e bolsas para estudantes brasileiros em universidades da Espanha.
Crítica
Contrários à proposta, os conselhos federal e regionais de medicina divulgaram, ontem, uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff. No documento, eles pedem que a presidente assegure a melhoria da assistência nas áreas distantes. “Não somos contra cubanos ou portugueses, mas a qualquer médico que venha sem passar pelo Revalida, que os outros países também exigem. Isso é uma medida populista e eleitoreira para agradar prefeitos que querem médicos porque isso traz votos”, disse o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d’Avila.
Para o cardiologista, a preocupação é com a qualidade do atendimento. “Não temos medo, não é corporativismo, não tem nada a ver com o mercado, nós queremos apenas qualidade para os nossos doentes. Quem é qualificado faz a prova e passa”, disse.
Movimento
Estudantes de medicina de todo o país preparam, para sábado, uma manifestação nacional contra a proposta do governo. Em Belo Horizonte, o protesto irá acontecer na praça da Liberdade, na região Centro-Sul. Os estudantes e profissionais de saúde, vestidos de branco, vão se encontrar, a partir das 8h30, e sair em direção à região hospitalar.
Heveline Casalecchi, 26, uma das estudantes de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) à frente do movimento, diz que se sente desmotivada. “Para quem está formando, essa decisão desmotiva porque desvaloriza os médicos”, afirma.
Fonte O tempo
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