TCA1 matou quase 100% das bactérias TB ativas e replicantes em três semanas e mostrou efeito potente contra cepas não replicantes
Equipe internacional liderada por cientistas do The Scripps Research Institute, nos EUA, identificou um novo composto anti-tuberculose altamente promissor e de ação rápida.
Em culturas de células e em camundongos, o composto apresentou atividade potente contra bactérias comuns ativas de tuberculose (TB), bactérias não replicantes de tuberculose e as cepas resistente aos medicamentos.
"Estes resultados representam um esforço para ajudar a resolver uma das principais crises globais de saúde do nosso tempo, o ressurgimento da tuberculose e suas cepas perigosas resistentes a drogas", afirma o autor sênior da pesquisa Peter G. Schultz.
O artigo aparece na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Apesar de isoniazida e rifampicina, dois medicamentos principais contra a tuberculose, terem entrado em uso em 1952 e 1967, respectivamente, as novas infecções de tuberculose ainda ocorrem a uma taxa de cerca de um por segundo.
O aumento da urbanização, a complacência de saúde pública e o enfraquecimento da imunidade pelo HIV têm sido os principais facilitadores da disseminação da tuberculose nas últimas décadas. Mas a bactéria que causa a tuberculose, Mycobacterium tuberculosis (Mtb), também passa a ser excepcionalmente bem adaptada para persistir em humanos. Entre outras estratégias, ela frequentemente se reverte a um estado não-replicante dormente e também cria colônias de células resistentes ao ataque chamados biofilmes, que contêm uma alta proporção de tuberculose não-replicante.
Comparadas com as cepas normais de rápida replicação, estas outras formas de TB são muito menos sensíveis a drogas existentes. Terapia eficaz contra a tuberculose exige, portanto, meses ou anos de administração regular. No entanto, muitos pacientes param antes de concluir esse tratamento longo e acabam incubando cepas de tuberculose resistentes à terapia. Algumas cepas são agora extensivamente resistentes aos medicamentos, praticamente incuráveis e geralmente fatais.
"O grande desafio aqui foi encontrar uma droga que controla a infecção por TB mais rapidamente, o que significa que tem de ser eficaz tanto contra TB replicante quanto não-replicante", afirma o pesquisador Feng Wang.
Medicamentos existentes contra a tuberculose funcionam precariamente contra a tuberculose não-replicante, tendo sido desenvolvido principalmente por sua capacidade de matar TB ativamente replicante.
Wang, portanto, criou um tipo diferente de teste de rastreio, um capaz de detectar compostos que bloqueiam a capacidade de TB para formar biofilmes.
Em uma triagem de uma biblioteca diversificada de 70 mil compostos, ele rapidamente encontrou um, apelidado TCA1, que se destacou por sua capacidade de inibir biofilmes nas micobactérias testadas.
Testes em nível de biossegurança confirmaram que TCA1 também tem potente atividade contra a tuberculose. "Surpreendentemente, ele acabou matando os dois tipos de TB não replicante e replicante", afirma Wang.
Em testes de cultura de células, TCA1 matou mais de 99,9% das bactérias TB ativamente replicantes comuns dentro de três semanas, e em combinação com isoniazida e rifampicina pode matar 100% dentro desse período. TCA1 também mostrou forte eficácia contra as cepas de tuberculose resistentes aos medicamentos, retirando todos os sinais de uma cepa comum dentro de uma semana, quando combinado com isoniazida.
Contra uma estirpe altamente fatal da África do Sul, que resiste a todas as drogas convencionais, o novo composto sozinho teve uma taxa de morte de mais de 99,999% no prazo de três semanas.
Como esperado, TCA1 também mostrou efeitos potentes contra a tuberculose não replicante. Testes em ratos confirmou a eficácia do TCA1 e sugeriu que a combinação de TCA1 e isoniazida pode ser mais potente do que os regimes de drogas existentes.
Caso testes pré-clínicos sejam concluídos com êxito, o grupo espera encontrar uma empresa farmacêutica parceira para patrocinar os ensaios clínicos em pacientes com tuberculose.
Fonte isaude.net
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