Tiago Décimo/Estadão
Conceição comprou filtro com dinheiro próprio
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SALVADOR - Sortear um filtro de água comprado com recursos próprios foi uma
das primeiras medidas de saúde adotada pela médica Maria da Conceição Sousa de
Abreu, de 47 anos, contratada pelo programa Mais Médicos para atuar em Nova
Esperança, comunidade periférica de Salvador. A qualidade da água consumida ali,
segundo ela, está relacionada aos muitos casos de parasitose na região. O
primeiro equipamento, que custou R$ 48, foi sorteado na sexta-feira, 18, entre
famílias com crianças. "Decidi fazer a doação como um símbolo da importância de
tratar a água antes do consumo", diz.
Conceição já iniciou uma campanha para comprar filtros para as famílias mais
carentes. Paralelamente, faz palestras para explicar os benefícios de filtrar e
ferver a água. "O principal problema é a falta de saneamento básico. Isso,
somado ao problema de carência de educação, acarreta doenças", declara.
Um mês e meio depois do início da atuação dos profissionais do Mais Médicos
nos postos da região, as opiniões dos pacientes sobre as mudanças se dividem.
Alguns elogiam a atenção durante as consultas, outros criticam o aumento da
espera pelo atendimento. "Os que estavam antes eram brutos", relata a diarista
Roquelina de Oliveira, de 28 anos.
"Além de tratar mal, eles não cumpriam
horários", lembra. "A gente tinha a opção de marcar com antecedência, mas não
adiantava, porque eles chegavam ao posto tarde. Agora, a médica chega às 7h e
ouve o que a gente fala", diz. Já a diarista Daiana Gomes, de 22 anos, reclama
da demora para o atendimento. "A médica trata com atenção, mas demora muito para
quem está na fila", diz. "Antes, a gente tinha a opção de agendar a consulta com
antecedência, mas agora é por ordem de chegada", completa.
Segundo a administração da unidade, a mudança no agendamento tem relação com
a falta de um dos profissionais do programa, uma argentina que ainda não teve a
documentação liberada para iniciar o trabalho.
Resultados
Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que, no
primeiro mês de trabalho dos profissionais do Mais Médicos, em setembro, foram
realizadas cerca de 320 mil consultas nas unidades básicas do País -
considerando os 577 brasileiros e os 260 estrangeiros que obtiveram registro
naquele mês. Além disso, no período, 13,8 mil pacientes retiraram remédios das
farmácias populares com receitas emitidas por profissionais do programa.
Estadão
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