Brasília – Com o objetivo de melhorar o acesso de adolescentes e jovens aos
serviços de saúde e garantir o diagnóstico precoce de doenças sexualmente
transmissíveis (DST), como aids, sífilis e hepatite B, uma unidade móvel
percorre diversos bairros de Fortaleza (CE), oferecendo atendimento
multiprofissional gratuito.
A iniciativa é a primeira etapa do projeto Fique
Sabendo Jovem, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria
com a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. O organismo da ONU pretende
firmar parcerias com gestores de outros municípios e levar as ações para várias
cidades do país.
De acordo com a oficial de programas do Unicef, Tati Andrade, que coordena o
projeto em Fortaleza, a proposta é alcançar jovens que, em geral, não procuram
os serviços tradicionais por vergonha ou medo de um possível resultado positivo
nos exames de doenças sexualmente transmissíveis. Ela esclarece que o aumento no
número de casos de contaminação por HIV entre essa parcela da população preocupa
autoridades e profissionais ligados à área.
"Isso é preocupante porque, com os medicamentos disponíveis atualmente, é
possível lidar razoavelmente bem com os efeitos colaterais da doença e de seu
tratamento, mas o tratamento precisa ser iniciado precocemente. Pelo relato dos
próprios jovens, percebemos que o maior problema nessa questão é o preconceito,
notamos que eles viveriam muito melhor se não houvesse isto", disse ela. Tati
Andrade acrescentou que o cronograma do projeto vai promover ações voltadas a
adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e estudantes da rede pública de
ensino.
Ainda segundo a oficial de programas do Unicef, o ônibus do Fique Sabendo
Jovem conta com uma sala de pré-aconselhamento, onde os profissionais orientarão
os jovens sobre direitos sexuais e reprodutivos e uma sala onde serão feitos
testes para diagnosticar possíveis DST. Caso recebam resultado positivo, eles
serão levados a uma terceira sala, de pós-aconselhamento. "Quando isso
acontecer, os profissionais vão acompanhar o jovem, orientá-los sobre os
próximos passos, sobre onde buscar auxílio médico e medicamentos. Eles também
terão a oportunidade de conversar com outros jovens que vivem com HIV e que
podem ajudar nesse processo", disse.
Leandro Costa, 26 anos, recebeu o diagnóstico positivo para HIV há dois anos
e é ativista do projeto em Fortaleza. Após ter participado das duas ações do
Fique Sabendo Jovem, ele diz ter comprovado, na prática, a eficácia da
comunicação feita de jovem para jovem. "No ônibus tem uma equipe
multiprofissional, com enfermeiro, psicólogo, assistente social, mas muitos dos
jovens que recebemos preferem falar e tirar suas dúvidas conosco, que somos
jovens como eles. Conversamos claramente e de forma objetiva sobre prevenção,
importância do uso do preservativo entre outras coisas. Quase não há
resistência, porque falamos a mesma linguagem", disse.
Dados do Unicef apontam que o número global de mortes de adolescentes em
razão da aids subiu quase 50% entre 2005 e 2012, em forte contraste com a queda
de 30% registrada no mesmo período, considerando a população mundial. Ainda
segundo o Fundo, somente em 2012, cerca de 110 mil pessoas entre 10 e 19 anos
com aids morreram em todo o mundo. Em 2005, o número era 71 mil.
De acordo com o organismo da ONU, na próxima fase, no ano que vem, o projeto
será implementado em cidades do Sul. É também nessa região que o Ministério da
Saúde vai testar uma nova estratégia para prevenir a infecção pelo HIV com o uso de
remédio, a partir de 2014. Por meio de um projeto piloto, as unidades de saúde
do Rio Grande do Sul disponibilizarão antirretrovirais para grupos vulneráveis
ao contato com o vírus.
A medida foi anunciada em 1º de dezembro, Dia Mundial de
Luta contra a Aids. Na mesma data, a pasta também anunciou mudanças no atendimento a pessoas portadoras do HIV. Para
reduzir as possibilidades de transmissão e oferecer melhor qualidade de vida ao
paciente, a partir de agora, assim que a pessoa for diagnosticada com o vírus,
ela receberá o tratamento imediato na rede pública. A estimativa é incluir mais
100 mil pessoas no tratamento, em 2014, com a mudança de protocolo.
Agência Brasil
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