Uma em cada mil nascidos vivos apresentam algum tipo de cardiopatia crítica, doenças graves que matam em poucos dias ou deixam sequelas graves de mal súbito
O Ministério da Saúde sinalizou a implantação de ações para que o teste do coraçãozinho seja instituído em todas as maternidades do País. O teste, feito em bebês com até 48 horas de vida, detecta cardiopatias críticas, doenças graves que matam em poucos dias ou deixam sequelas graves de mal súbito. Estima-se que um em cada mil nascidos vivos tenha alguma dessas doenças.
“A partir de agora, o Ministério da Saúde vai implementar políticas públicas. A normativa deve ser divulgada e implementada em ações em todas as maternidades do País”, disse o deputado federal Manoel Junior (PMDB-PB), autor da indicação ao ministério para implantar o procedimento. De acordo com o deputado, proposta recebeu parecer favorável e, após autorização da Secretaria de Atenção Básica, o teste do coraçãozinho deverá ser feito na rede pública de saúde de todo o Brasil.
O teste realizado em recém-nascidos ainda na maternidade faz a triagem de mais de 50 doenças, ao medir a oxigenação do sangue do bebê. A oximetria de pulso compara a diferença entre a luz vermelha, que é absorvida pelo sangue oxigenado, e a infravermelha, que é absorvida pelo sangue que não está oxigenado.
Quando o teste dá positivo, é preciso fazer um ecocardiograma para ter o diagnóstico da doença. “O teste em si é relativamente simples. É rápido, simples e barato. Ele gera mais custos em tratamentos, mas também salva muitas crianças”, disse o pediatra Gustavo Foronda. De acordo com o médico, o teste dura apenas três minutos e pode ser realizado por médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. O equipamento custa no máximo R$ 2 mil, alguns modelos saem por 300 reais.
Para Márcia Rebordões, da Associação de Assistência à Criança Cardiopata Pequenos Corações, atualmente apenas 10 Estados e 72 cidades fazem o teste do coraçãozinho gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. “O teste detecta doenças que não podem ser identificadas clinicamente. Quando elas não são detectadas, geralmente a mãe acorda e vê a criança roxinha na cama, com o coração parado. Algumas vezes é possível reanimá-la no hospital, mas aí a criança já terá sequelas graves”, disse.
O filho de Márcia morreu com três anos e meio vitima da síndrome do coração esquerdo hipoplásico, a doença mais grave detectada pelo teste do coraçãozinho. Tiago não desenvolveu o ventrículo esquerdo e a válvula mitral do coração e assim não conseguia bombear o sangue corretamente para o corpo.
Durante a gestação, a má formação no coraçãozinho de Tiago foi detectada por ultrassom e confirmada por ecocardiograma fetal realizados durante a gestação, procedimentos possíveis mas muito mais caros e difíceis que o teste do coraçãozinho. Mesmo assim, após três operações complicadas, o pequeno Tiago não sobreviveu.
“Meu filho morreu após passar por três operações, mas vários sobreviveram por causa do teste do coraçãozinho e de boas cirurgias. Há casos de sobreviventes com 30 anos hoje Não diagnosticar uma criança é condenar uma mãe a passar o resto da vida se questionando se poderia ter feito mais”, disse.
iG
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