Divulgação/TV Globo
Gianecchini em cena de 'Em Família'; solução para doença
do personagem Cadu é o transplante de coração, cujas chances
de sucesso são de 90%
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Ter um grande coração, no sentido figurado, é ótimo. Já no literal, a coisa pode complicar. Remédios podem ser necessários, implante de marcapasso e, quando tudo falhar, o transplante de coração será a opção que pode dar saúde e qualidade de vida a quem está doente. A novela Em família de hoje exibirá um capítulo de um caso parecido, em que Cadu (Reynaldo Gianecchini) passará por um transplante cardíaco. A doença, na ficção, é presente na vida real de muita gente: a cardiomiopatia dilatada idiopática representa até 20% dos casos de insuficiência cardíaca no Brasil.
O coordenador clínico do núcleo de transplante do Instituto do Coração (Incor), Fernando Bacal, explica que esse problema acontece no músculo do coração, resultando em um órgão inchado, sem capacidade de bombeamento, grande e fraco. É um coração que não aguenta muita coisa, antes, se cansa facilmente. Quem tem essa doença também apresenta inchaço no corpo. O personagem de Gianecchini representa exatamente como se sentem os pacientes: não conseguem nem mesmo atender um telefone sem se haja exaustão. A solução, para esses, é o transplante de coração. E as chances de sucesso e total recuperação estão em torno dos 90%.
Agora a pergunta: por que um coração cresce, se torna insuficiente e o doente recebe o diagnóstico de cardiomiopatia dilatada idiopática? Segundo Bacal, a primeira resposta - como em muitas doenças – vem da genética. Alguns têm tendência de padecer dessa doença. A outra causa, no entanto, são por conta de ataques virais. Mas não são necessariamente vírus específicos que atacam o coração, tampouco são raros: os vilões são aqueles que causam gripe ou diarreia, por exemplo.
Isso não significa que as pessoas que já ficaram gripadas muitas vezes na vida terão, em um futuro breve, a mesma doença de Cadu. Segundo o cardiologista, o ataque dos vírus só provoca a miocardite viral (infecção no tecido do coração), que pode levar à cardiomiopatia dilatada idiopática, em pessoas que têm essa susceptibilidade. O problema é que a medicina ainda não conseguiu explicar quem é mais suscetível ou não.
O tempo de evolução da doença também varia de indivíduo para outro. “Algumas pessoas, depois de seis meses da miocardite por vírus, já estão em um quadro grave de cardiomiopatia dilatada idiopática. Outros levam anos para chegar nesse ponto”, explica Bacal. Não há prevenção, mas há tratamento que podem evitar um transplante. “O diagnóstico precoce é fundamental, pois quando o paciente é medicado, o quadro pode regredir totalmente”, anima-se Bacal.
Outras doenças cardíacas também podem evoluir para um coração insuficiente em suas funções, problema que afeta 1,5% da população brasileira, número maior do que a população do Distrito Federal. Hipertensão, histórico de vários infartos, doença de chagas e doenças coronarianas podem fazer com que ele cresça.
Apesar dos transplantes terem uma chance altíssima de funcionarem, a fila no Brasil ainda é grande. Um ano e três meses, em média, é o tempo de espera para quem pode aguardar em casa. Os que estão internados para serem mantidos vivos por meio de máquinas num hospital costumam esperar cerca de dois meses e meio para sentir uma nova pulsação no lado esquerdo do peito.
E, assim como na novela, é preciso correr para a sala de cirurgia: do tórax da pessoa doadora para o seu novo abrigo, o coração não pode passar mais que duas horas sem lar.
iG
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