A conhecida recomendação de que emagrecer devagar é melhor para manter o peso posteriormente foi contestada por um estudo publicado nesta semana. Uma dieta que possibilite a perda de peso rápida pode ter mais chances de dar certo do que uma que leve a uma perda lenta e constante, segundo uma pesquisa publicada na revista "The Lancet Diabetes & Endocrinology".
A pesquisa, desenvolvida pela Universidade de Melborne, analisou 200 voluntários obesos (com IMC entre 30 e 45 e sem outras doenças), que foram aleatoriamente divididos em dois grupos: um de perda rápida de peso, com 12 semanas de duração e consumo diário de 450 a 800 calorias, e outro de perda gradual, com 36 semanas de duração e redução de 500 calorias ao dia.
Os participantes que conseguiram reduzir pelo menos 12,5% de seu peso no período proposto em cada dieta foram considerados bem-sucedidos e encaminhados a uma segunda etapa na pesquisa: durante três anos, eles seguiram uma dieta de manutenção de peso, seguindo as recomendações do guia nacional australiano de alimentação saudável.
Dois resultados foram encontrados. O primeiro é que as pessoas que seguiram uma dieta rápida tiveram uma taxa de sucesso de 81%, contra 62% daqueles que seguiram a dieta moderada. O segundo diz respeito a segunda etapa da pesquisa: os dois os grupos recuperaram peso, de forma igual entre os perdedores moderados ou rápidos. Ambos recuperaram cerca de 71% do peso que haviam perdido, ou seja, cerca de dois terços.
A principal autora da pesquisa, a nutricionista Katrina Purcell, sugere possíveis explicações para as suas conclusões. A ingestão limitada de carboidratos na dieta rápida pode promover mais saciedade. Além disso, a rápida perda de peso pode motivar os participantes e persistir com a dieta e alcançar melhores resultados.
Em um comentário na mesma edição da revista, os pesquisadores Corby Martin e Kishore Gadde, dos Estados Unidos, que não participaram do estudo, afirmaram que os médicos devem ter em mente que diferentes abordagens para a perda de peso podem ter resultados melhores para cada tipo de paciente com obesidade. Além disso, apontaram que condutas que visem a coibir uma rápida perda inicial de peso podem reduzir a chance de sucesso do processo de perda.
Uma das limitações do trabalho é que não foram estudados obesos que fumam, diabéticos, ou mesmo aqueles com uma obesidade mais severa (com IMC maior que 45). Segundo os autores, essas pessoas são as que mais precisam perder peso, e as conclusões do estudo podem não ser as melhores para esses casos, havendo necessidade de outras pesquisas suplementares.
Zero Hora
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