Ao anunciar que iniciou a transição para o gênero feminino, o ex-atleta Bruce Jenner lançou luz sobre a condição de pessoas que não se identificam com o sexo de nascimento
“Sim, para todos os efeitos e propósitos, eu sou uma mulher.” Aos 65 anos, o ex-atleta olímpico Bruce Jenner surpreendeu o mundo ao revelar que, desde a infância, tem uma “alma feminina” e que está passando por um tratamento de mudança de sexo. Jenner hoje é conhecido como o patriarca da família Kardashian, graças a um reality show. Contudo, mais de 40 anos atrás, ele era um herói, vencedor no decatlo nos Jogos Olímpicos de 1970, em Montreal, e símbolo de orgulho dos EUA na Guerra Fria.
O desabafo feito durante entrevista à tevê no último dia 24 quebrou o estereótipo de virilidade esperado de um atleta e pai de família — Jenner foi casado três vezes, tem seis filhos e afirma que mantém a preferência por mulheres. “É importante aprender com essa experiência, de quando pessoas fazem essa ruptura e confrontam forças que as estavam impedindo de fazê-lo. Porque elas (as forças opostas) normalmente são tanto sociais quanto internas”, avalia Vanessa Fabbre, professora da Universidade de Washington e especialista em transições de gênero na terceira idade.
Jenner revelou a intenção de passar pela transição e disse que chegou a iniciar o tratamento hormonal na década de 1980, abandonado depois. Afirmou ainda que viveu “uma mentira a vida toda”. “A idade em que um indivíduo desenvolve o senso de gênero é, geralmente, muito jovem. Mas estamos sempre desenvolvendo a percepção que temos de nós”, aponta Fabbre.
Estima-se que uma em cada cem pessoas sejam transgêneras, isto é, não se identificam com o gênero associado ao seu sexo de nascimento (veja quadro), e alguns desses indivíduos optam por passar por um processo de redesignação sexual. A Organização Mundial da Saúde (OMS) costumava tratar a condição como um transtorno de identidade de gênero, uma condição necessária para a recomendação da cirurgia de mudança de sexo. No entanto, a entidade já não classifica o transgenerismo como uma condição patológica e estuda mudar sua qualificação na Classificação Internacional de Doenças (CID, na sigla em inglês).
Correio Braziliense
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