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Em forma: apesar da idade, homens saudáveis não apresentaram
declínio na
produção de testosterona, mostrou estudo |
Declínio da produção deste hormônio estaria mais relacionado à deterioração
da saúde do que ao tempo de vida, sugere pesquisador
Um novo estudo sugere que a queda na produção de testosterona em homens não
está necessariamente relacionada à idade, mas pode ocorrer com mais frequência
entre homens cuja saúde geral está em declínio.
Em oposição a pesquisas anteriores que indicavam que a deficiência de
testosterona relacionada à idade contribui para o declínio na saúde, o aumento
de fadiga e a perda de libido, pesquisadores australianos constataram que a
quantidade de testosterona no sangue não diminuiu em homens mais velhos em bom
estado de saúde.
Os dados fazem parte da pesquisa americana Healthy Man Study e foram
apresentados durante o encontro anual da Sociedade
Americana de Endocrinologia, em Boston (EUA).
“Nossa interpretação é de que a idade em si não reduz a taxa de testosterona
no sangue. Mas, o acúmulo de distúrbios provenientes da idade – alguns que podem
ser prevenidos e outros não, alguns de origem genética e outros ambientais –
acabam tendo um impacto, mesmo que bastante modesto”, disse David Handelsman,
professor de endocrinologia reprodutiva da Universidade de Sidney e autor do
estudo.
“Com isso, cairiam por terra os tratamentos de reposição de testosterona,
amplamente adotados em virtude de uma provável queda na produção do hormônio
proveniente da idade. Mas, é claro que poderíamos estar errados”, complementou
Handelsman, que também dirige o Instituto de Pesquisa ANZAC, da própria
universidade.
Em um período de três meses, a equipe comandada por Handelsman colheu
amostras de sangue por nove vezes de 325 homens com mais de 40 anos que se
diziam em excelente estado de saúde. Homens que tomavam qualquer medicamento que
afetasse a produção de testosterona foram excluídos da pesquisa. Enquanto que a
idade não apresentou efeitos sobre a concentração de testosterona, os cientistas
observaram uma relação entre a obesidade e um pequeno declínio do hormônio.
Ronald Swerdloff, chefe da divisão de endocrinologia do Harbor-UCLA Medical
Center, de Los Angeles, ressaltou que outros estudos já haviam documentado uma
queda maior de testosterona entre homens mais velhos, referindo-se à pesquisa de
Handelsman como “uma peça de um quebra-cabeça”.
“Muitas pessoas concordam que doenças crônicas têm
efeitos adversos sobre os níveis de testosterona na circulação, então isto não é
nenhuma surpresa. Mas, existem reduções que parecem ser independentes de
condições co-mórbidas. A questão é: com a idade, vem uma queda nos níveis de
testosterona. Mas, o nível da queda é diferente de um estudo para outro, por
isso tal variação poderia ser proveniente de diversos fatores”.
Swerdloff diz que ele não apoia empresas que tentam
lucrar com os temores de homens mais velhos em relação à queda de testosterona
ao vender suplementos e vitaminas que supostamente
compensam a queda.
“Teoricamente, eles estão explorando a população e tirando vantagem de uma
condição que pode até ser real, mas não é universal, visando o ganho
financeiro”, disse ele.
Como o estudo será apresentado em um encontro médico, seus dados e conclusões
devem ser considerados preliminares até serem publicados em um periódico
revisado por profissionais da área.
Fonte iG