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domingo, 6 de novembro de 2011

1 em cada 3 lesões de coluna ocorre em acidentes de obras e quedas de laje

Segundo ortopedista, muitos casos ocorrem por falta de proteção ou uso inadequado dos equipamentos de segurança

Levantamento realizado no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP revela que um em cada três pacientes internados com fratura da coluna sofreu queda de altura (em obra autônoma ou de pequena empreiteira ou em atividades recreativas que ocorrem em lajes).

Segundo o ortopedista Alexandre Fogaça, muitos dos acidentes ocorrem por falta de proteção ou uso inadequado dos equipamentos de segurança.

Comuns e altamente incapacitantes, as lesões acontecem, na maioria dos casos, em consequência de acidentes de trabalho ou de atividades recreativas onde ocorrem às quedas. Mais de 80% das vítimas são homens entre 18 e 45 anos. "São pessoas que, no auge da produtividade, levarão sequelas para o resto da vida", diz o ortopedista.

Na ortopedia do HC, 60% dos pacientes com fratura da coluna chegam com lesão neurológica que deixam o indivíduo permanentemente incapacitado e necessitando de auxílio permanente.

"Todos que dão entrada com lesão medular e são operados perdem, no mínimo, a mobilidade da coluna na área da cirurgia e a grande maioria evolui com alguma sequela neurológica, limitando a força dos braços e pernas e o controle de micção e evacuação", explica Fogaça.

A média de permanência de um lesado medular no hospital é de três meses, passam por uma ou duas cirurgias, e levam no mínimo um ano para se reabilitar. Apenas 30% deles retornam ao mercado de trabalho, mesmo assim, com algum tipo de comprometimento leve.

Fonte Estadão

Saúde instalará academias em 1,8 mil cidades

O Ministério da Saúde anunciou hoje a lista dos primeiros 1,8 mil municípios selecionados para participar do Academias de Saúde, um projeto que prevê a criação de espaços para atividade física financiados pelo governo. A meta é que 4 mil pontos para prática de exercício sejam instalados.

Nesta primeira etapa, serão construídas 2 mil academias. Para cada centro, o Ministério da Saúde vai repassar R$ 180 mil. Além disso, mensalmente vai destinar R$ 30 mil para serem aplicados no custeio e pagamento de profissionais. "As academias são mais do que espaços de lazer, elas representam uma estratégia para prevenção de uma série de doenças", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Ele observa que exercícios físicos são essenciais para combater e prevenir a obesidade e as várias doenças que a ela estão relacionadas. Pesquisas do Ministério da Saúde mostram que 50% da população brasileira está acima do peso e 15% é obesa.


Fonte Estadão

Tuberculose é outro fardo peruano

Opção. A travesti Mary passou a cultivar vegetais para viver  - Karina Toledo/AE
Opção. A travesti Mary passou a cultivar vegetais para viver


A tuberculose multirresistente - causada por bactérias capazes de sobreviver a várias classes de antibióticos - é outro grande problema de saúde pública no Peru. Enquanto no Brasil esses casos não ultrapassam 1,5% do total, no país vizinho correspondem a mais de 20%.

O impacto disso nos gastos públicos de saúde é gigante, pois, se o tratamento convencional dura seis meses e custa cerca de R$ 90, são necessários dois anos e cerca de R$ 3,6 mil para eliminar a bactéria multirresistente. O prejuízo na qualidade de vida dos doentes - submetidos a injeções diárias com até sete medicamentos - é ainda maior. As drogas afetam os rins, o fígado e o estômago. Muitos desistem e acabam morrendo.

Para aumentar a adesão dos afetados ao tratamento, foi criado, em um centro de saúde da cidade de Lima, um programa de capacitação para o cultivo de vegetais hidropônicos.

“Os pacientes deixam de trabalhar durante o período do tratamento. Precisam de uma fonte de renda alternativa. Mas, como ficam muito debilitados, tinha de ser uma atividade que não exigisse esforço físico”, explica o nutricionista Miguel Barrientos, coordenador técnico do projeto. A iniciativa, que começou em 2008, é uma parceria entre a ONG Prisma e os Ministérios da Saúde e da Agricultura e integra as ações financiadas pelo Fundo Global no país.

A travesti Mary Yarleque, de 38 anos, conta que antes de aderir ao programa sofria terrivelmente com os efeitos do tratamento. “Doía a cabeça, o estômago, tinha muita náusea. Esse contato com a natureza ajudou a me distrair e a esquecer a doença”, afirma. Hoje, curada, Mary dedica suas manhãs a transmitir o conhecimento adquirido para outros pacientes. O cultivo de hidropônicos também virou seu principal meio de sustento. “Vendo no mercado, para os vizinhos e até para os médicos do centro de saúde”, conta.

O Brasil se livrou do fardo da tuberculose multirresistente graças ao protocolo rígido de tratamento adotado há 30 anos. Os antibióticos usados contra a doença foram retirados das farmácias e só podem ser obtidos - de forma gratuita - nos centros do Sistema Único de Saúde. No Peru, por outro lado, cada médico adota o tratamento que lhe convém e não há remédio de graça para todos. Isso contribuiu para o abandono da terapia e a criação de superbactérias.

Fonte Estadão

Malária impõe toque de recolher no Peru


Medida integra plano que reduziu em 85% os casos da doença na Amazônia peruana

O dia termina cedo no pequeno povoado de Caserío San Pedro, na Amazônia peruana. Por volta das 18 horas, os cerca de 350 moradores vão para suas camas e lá permanecem até a manhã do dia seguinte. Esse, no entanto, não é um hábito que nasceu com a comunidade, há 92 anos. A regra foi instituída em 2008, quando teve início um projeto de combate à malária na região.

“O objetivo é evitar o horário que o mosquito transmissor da doença sai para se alimentar”, explica Felix Gutierrez, agente comunitário de saúde e morador local. “Não foi difícil convencer a população. Ninguém aqui quer ficar doente”, diz ele, com a experiência de quem já contraiu malária três vezes e a descreve como uma dor insuportável e uma sensação de frio que parece congelar os ossos.

Mas se esconder dentro das casas rusticamente construídas com ripas de madeira e cobertas de palha não é suficiente. As camas, também feitas de madeira e palha e revestidas com tecido, têm de ser protegidas com mosquiteiros especiais, impregnados com inseticida capaz de manter os insetos longe por cinco anos.

As telas de proteção foram doadas pelo Projeto de Controle da Malária nas Áreas de Fronteira da Região Andina (Pamafro), que em cinco anos reduziu em 85% os casos de malária e em mais de 70% a mortalidade pela doença em 51 distritos peruanos, onde moram 1 milhão de pessoas. A iniciativa teve financiamento do Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária.

A estratégia. Gutierrez tem a missão de ensinar a população de Caserío San Pedro a usar os mosquiteiros, queimar o lixo e não deixar acumular água parada, para evitar que o ambiente se torne propício para a proliferação do mosquito Anopheles. Sua mais importante tarefa, porém, é notificar o posto de saúde mais próximo - a 40 minutos de caminhada na mata e mais uma hora de barco - sempre que alguém fica doente. Mas antes ele aplica testes sanguíneos nos demais moradores para identificar possíveis contaminados e garantir tratamento imediato.

Essa estratégia é a chave para evitar a disseminação da malária, explica o imunologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Maurício Rodrigues. Isso porque, ao picar uma pessoa doente, o mosquito se contamina com o parasita causador da enfermidade - o Plasmodium - e o transmite para sua próxima vítima. “Um único doente sem tratamento pode, em uma semana, resultar em 50 novos casos”, diz Rodrigues.

Em 2007, quase metade da população de Caserío San Pedro estava acometida. “Para onde você olhava havia malária. Meus vizinhos, filhos e netos caíram de cama”, lembra Javier Valencia, de 62 anos, descendente de um dos fundadores da vila. “A doença me agarrou pela primeira vez aos 40 anos. Quase morri. Foram 15 dias de febre sem saber a causa. Não havia malária por aqui até então.” Mal tinha se recuperado, seis meses depois, Valência se tornou novamente vítima do Anopheles.

No auge da epidemia, a comunidade chegou a registrar 20 novos casos por mês. “Éramos uma zona de emergência sanitária”, conta Marcos Hoyos, “tenente-governador” do povoado. Em outubro deste ano, apenas o garoto Darwin Macahuachi, de 8 anos, ficou doente. Em toda a região de Loreto, nordeste do Peru, os casos caíram de 15 mil para 900 por ano. Nenhuma morte foi registrada desde 2008.

Mas o projeto Pamafro e o financiamento do Fundo Global terminaram em 2010. Agora, o Ministério da Saúde peruano tenta manter a iniciativa com recursos próprios. “As ações continuam, mas não com a mesma periodicidade. Poderíamos estar em melhores condições”, admite Teresa Chunga, técnica do ministério.





O caso brasileiro. No Brasil, os casos de malária também estão em queda. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número passou de 168 mil para 115 mil nos primeiros seis meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2010 - redução de 31%. As internações tiveram queda de 20%, passando de 2,5 mil para 2 mil. Mas os índices ainda são altos. Por aqui, as ações de combate à doença também contam com apoio do Fundo Global, que doou cerca de R$ 30 milhões.

O dinheiro está sendo usado na aquisição de 1,1 milhão de mosquiteiros, distribuídos nos 47 municípios da Amazônia Legal com mais casos de malária no País. Também ajudou na compra de testes de diagnóstico rápido e no trabalho de conscientização dos moradores sobre como se proteger da doença.

O financiamento, porém, termina neste ano. Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do ministério, afirma que o País não terá dificuldade para manter o trabalho.

“A estratégia brasileira se baseia na busca ativa dos casos. Os agentes de saúde vão de casa em casa e perguntam se tem algum doente”, conta Maurício Rodrigues. Mas, por medo dos efeitos colaterais do tratamento, muitos contaminados negam sua condição e acabam se tornando foco de proliferação da doença. “É um trabalho sem fim, como enxugar gelo. Mas, se deixar correr solto, haverá uma epidemia que vai afetar milhões.”



PARA ENTENDER
Caserío San Pedro foi fundado há 92 anos por quatro famílias: Macahuachi, Torres, Coral e Mozombites. Hoje moram no local, situado às margens do Rio Nannay, um afluente do Amazonas, cerca de 350 pessoas. Elas seguem a religião católica e se dedicam à agricultura e ao artesanato. Confeccionam bolsas e leques com a fibra da planta chambira, que vendem nas feiras de Iquitos - maior cidade da região. Não há médicos ou posto de saúde no povoado.

Fonte Estadão

Estudo expõe dificuldade após perda de peso

Pesquisadores australianos descobriram que as alterações no metabolismo e nos níveis hormonais da maioria dos obesos não persistem a longo prazo
Um estudo, publicado pela revista The New England Journal of Medicine, tentou desvendar um mistério que sempre incomodou endocrinologistas: por que é tão difícil perder peso e mantê-lo. Os resultados dividiram os especialistas.

Durante anos, os estudos de obesidade revelaram que pouco depois de pessoas gordas perderem peso, seu metabolismo desacelerava e elas experimentavam mudanças hormonais que aumentavam seu apetite. Alguns pesquisadores acreditavam que essas mudanças biológicas podiam explicar por que a maioria dos obesos que faziam dietas recuperava boa parte do que havia perdido com tanto esforço.

Agora, porém, um grupo de pesquisadores australianos tentou ver se as alterações persistem a longo prazo. Eles recrutaram pessoas que ou estavam acima do peso ou eram obesas e as colocaram numa dieta altamente restritiva que as fez perder pelo menos 10% de seu peso corporal. Eles as mantiveram, então, numa dieta para conservar essa perda de peso. Um ano depois, os pesquisadores descobriram que o metabolismo e os níveis hormonais dos participantes não tinham voltado aos níveis de antes.

O levantamento é pequeno, mas confirma as convicções sobre por que é tão difícil perder peso e mantê-lo, dizem pesquisadores que não estiveram envolvidos no estudo.

Eles advertiram que o estudo envolveu somente 50 participantes, e 16 deles abandonaram ou não perderam os requeridos 10% de peso corporal. E embora os hormônios estudados tenham uma conexão lógica com o ganho de peso, os pesquisadores não mostraram que os hormônios estavam fazendo os participantes recuperarem seu peso.

No entanto, disse Rudolph Leibel, um pesquisador da obesidade da Universidade Columbia, embora não surpreenda que os níveis hormonais se alteraram pouco depois de os participantes perderem peso, o “impressionante é que essas mudanças não desaparecem”.

Stephen Bloom, um pesquisador de obesidade no Hammersmith Hospital em Londres, disse que o estudo teria de ser repetido sob condições mais rigorosas, mas acrescentou: “Ele está mostrando algo no qual acredito profundamente - é muito difícil perder peso”. E a razão, prosseguiu, é que “nossos hormônios trabalham contra nós”.

Apetite. No estudo, Joseph Proietto e seus colegas da Universidade de Melbourne recrutaram pessoas que pesavam, em média, 95 quilos. No começo da pesquisa, sua equipe mediu os níveis hormonais dos participantes e avaliou sua fome e apetite depois que eles comiam um ovo cozido, torrada, margarina, suco de laranja e biscoitos no café da manhã. Os fazedores da dieta passaram em seguida dez semanas num regime de pouquíssimas calorias, 500 a 550 por dia, para fazê-los perder 10% de seu peso corporal. Aliás, o peso caiu, em média, 14%, ou cerca de 13 quilos. Como era esperado, seus níveis hormonais se alteraram de uma maneira que aumentou o apetite e, de fato, eles ficavam mais famintos do que quando começaram o estudo.

Eles receberam dietas cuja intenção era manter sua perda de peso. Um ano depois que os participantes haviam perdido o peso, os pesquisadores repetiram suas medições. Eles foram recuperando o peso, apesar da dieta de manutenção - recuperando, em média, metade do que haviam perdido - e os níveis hormonais ofereciam uma possível explicação.

A quantidade de um hormônio, a leptina, que diz ao cérebro quanta gordura corporal está presente, caiu dois terços imediatamente depois de os sujeitos perderem peso. Quando o nível de leptina cai, o apetite aumenta e o metabolismo desacelera. Um ano após a dieta de perda de peso, os níveis de leptina ainda estavam um terço mais baixos do que no início do estudo, e aumentaram à medida que os participantes recuperavam seu peso.

“Um enorme esforço para persuadir o público a alterar seus hábitos simplesmente não evitou nem curou a obesidade”, conclui Liebel. “Condenar o público por seu hedonismo incontrolável e a indústria alimentar por suas iniquidades não parece estar fazendo a maré virar.”

Drogas para gordos que perderam peso pode ser opção
Para Rudolph Leibel, da Universidade Columbia, os resultados mostram que a perda de peso “não é um evento neutro” – o que explica por que mais de 90% das pessoas que perdem muito peso o recuperam. “Ela está colocando seu corpo numa circunstância a que ele resistirá”, diz. “Ou seja, ela é mais metabolicamente normal quando está com um peso corporal mais alto.” Uma solução poderia ser restaurar os níveis normais dos hormônios dando drogas após os gordos perderem peso. Jules Hirsch, da Universidade Rockefeller, é sincero; “Talvez a gente não conheça o suficiente para prescrever soluções”.

Fonte Estadão