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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cirurgia devolve qualidade de vida a pacientes que sofrem de problemas no quadril

Especialistas esclarecem dúvidas sobre prótese e quando ela é necessária


Alívio para 40 mil pessoas a cada ano no Brasil, as próteses de quadril têm se consolidado como a melhor alternativa para quem sofre de artrose (desgaste articular) na região — sobretudo idosos. Cerca de 5% da população acima dos 55 anos desenvolve a doença, número expressivo que é influenciado por fatores genéticos ou problemas reumáticos e pós-traumáticos. Embora seja um procedimento feito em larga escala no País, ainda não há uma difusão de conhecimento sobre essa cirurgia. Não raro, os pacientes ficam amedrontados quando ela é indicada. Afinal, quando a prótese total é necessária?

— No início, o tratamento pode ser feito com analgésicos e anti-inflamatórios, associados a redução de atividades de impacto, como subidas de escadas e fisioterapia. Para aqueles que não respondem a essas medidas, a cirurgia é proposta e são esclarecidos todos os aspectos sobre o procedimento, seus benefícios e limitações — afirma Ricardo Rosito, integrante do grupo de cirurgia do quadril do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Normalmente, quem chega ao consultório reclama de dores na virilha, nádega e coxa, que se intensificam após atividades mais intensas. Além disto, há uma redução na mobilidade articular, incluindo a dificuldade para tarefas simples como calçar sapatos, entrar e sair do carro ou mesmo caminhar.

O assunto interessa a boa parte da população, já que a fratura de fêmur — uma das maiores motivações para a operação de quadril — está entre as 10 patologias da aparelho locomotor que consomem 90% dos recursos destinados à ortopedia, segundo levantamento do Ministério da Saúde. As mulheres têm 40% mais chances de terem problemas nesta região do corpo, em função da pré-disposição à osteoporose. Pesquisas apontam que a expectativa de vida pode ser reduzida em 25% e a necessidade de assistência adicional para atividades é para 50% dos casos.

Banco de ossos

Quando a cirurgia é inevitável, chega o momento da escolha da prótese ideal para a situação de cada paciente. Segundo Rosito, é necessário considerar vários fatores, como idade, sexo, tipo de atividade física, hábitos, condições gerais de saúde, entre outros.

Há quem defenda que o excesso de exercícios físicos contribui para o aparecimento de algum problema no quadril. Sobre isto, não há unanimidade no meio médico. Mas o chefe do Serviço de Cirurgia de Reconstrução do Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Milton Valdomiro Roos, acredita que possa haver, sim, maior chance entre o que praticam atividades físicas intensas. Ao contrário do que se defende, exercícios como corrida são contra-indicados.

— O peso corporal, pulos repetitivos, levantamento de pesos de forma repetida, mesmo usando tênis (com amortecedor) são prejudiciais a qualquer articulação, e não apenas àquelas do quadril.

Roos coordena uma unidade de bancos de ossos — uma das quatro existentes no país —, importantes para quando há necessidade da troca da prótese e o paciente apresenta  deficiência óssea.

Em geral, a vida útil de uma prótese é de 15 a 25 anos. E para substitui-la, não raro, há necessidade dos enxertos. Para isso, tem de se recorrer a estes bancos, que têm dificuldades para a captação de doadores.

Outra alternativa surgiu da linha de pesquisa liderada pelo professor do pós-graduação em cirurgia da UFRGS, Carlos Roberto Galia, que estuda o uso de ossos liofilizados bovinos para suprir a falta de enxertos humanos.

Tipos de prótese
Para cada perfil de paciente, há um tipo de prótese mais adequada. Apesar de não haver consenso entre os especialistas, os principais materiais e indicações são:

:: Cabeça metálica e implante de polietileno convencional : expectativa de duração de 13 e 15 anos. Indicadas para pacientes entre 65 e 70 anos, desde que tenham atividades mais restritas.

:: Cabeça metálica e implante de polietileno reticulado: tem maior resistência ao desgaste. Indicação para pacientes entre  45 e 65 anos, com demanda funcional para atividades leves e moderadas. Estudos mostram que após oito anos de funcionamento o tipo reticulado apresenta um desgaste 78% menor do que o convencional.

:: Cabeça cerâmica e implante cerâmico: tem baixo desgaste, mas pode estar associada a ruídos audíveis. Há ainda a chance de fraturar o implante. Indicada para jovens que não pratiquem atividade de impacto. Uma opção seria a utilização da cabeça de cerâmica associada ao implante de polietileno reticulado.

:: Cabeça metálica e implante metálico: apresenta baixo desgaste e grande resistência ao impacto. Pesquisas recentes evidenciaram a possibilidade de reações com a presença de íons metálicos, como cromo e cobalto no sangue e nos tecidos orgânicos que revestem a prótese. Pacientes com problemas na função renal, mulheres em idade fértil podem estar contraindicados ao uso deste tipo.

Alerta para implantes metálicos

As próteses de quadril viraram notícias no meio científico no último mês. Tudo porque a agência do governo americano responsável pelo controle de alimentos e medicamentos — Food and Drug Association (FDA) — emitiu um alerta aos consumidores, afirmando que os implantes que apresentam a junta artificial de metal-metal soltam partículas minúsculas de cromo e cobalto na corrente sanguínea e podem oferecer danos ao organismo.

O presidente da Sociedade Brasileira de Quadril, (SBQ), Luiz Sérgio Marcelino Gomes, destaca que, se espalhados pelo organismo, os resíduos podem provocar uma reação alérgica nos tecidos ao redor do implante, provocando dores, falsos tumores (sem células cancerosas) e até destruição óssea.

— Mulheres em idade fértil não deveriam usá-la pois ainda não se conhece os danos desse material no feto. Quem tem doença renal também pode ter o problema agravado. Apesar da predisposição para liberar partículas metálicas ao redor da prótese, o risco de câncer ainda é investigado — explica Marcelino.

Em parceria com a SBQ, a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou o registro nacional das cirurgias do quadril, para acompanhar a evolução dos pacientes e estabelecer parâmetros confiáveis.

Os implantes de metal-metal não passam de 4% dos casos no país. Os mais usados são à base de polietileno e cerâmica e estão todos regulamentados pela Anvisa e também podem liberar partículas, mas têm ação local e não oferecem riscos ao organismo.

Saiba mais
Candidatos à cirurgia

:: Pacientes com artrose (alteração da cartilagem ou desgaste da cavidade do fêmur) e artrites (inflamação das articulações). Ambas com causas genéticas. Em geral, reclamam de dor na virilha ou no glúteo  posterior e de limitações ao se movimentar, fazer flexão ou rotação de quadril.

:: Doenças que alteram o formato do osso desde a infância.

:: Fratura de fêmur por trauma no caso dos jovens.

:: Pessoas acima de 65 anos, geralmente, por doenças ligadas aos ossos, como a osteoporose.

Quando fazer?

Em casos de desgaste na junta do quadril, nem todos os pacientes precisam ser operados imediatamente. É possível o médico controlar as dores e devolver a qualidade de vida aos pacientes com o uso de anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia. Mesmo em ocasiões em que o indivíduo chega com muita dor ao consultório, é possível esperar o tempo de exames para avaliar o estado de saúde atual e corrigir algum problema que possa aumentar a chance de complicações durante a cirurgia. Alguns conseguem postergar a cirurgia por algum tempo, o que pode se estender por anos.

Benefícios
:: Restabelece os movimentos das articulações
:: Alívio da dor
:: Melhora na qualidade de vida: a pessoa consegue caminhar melhor e fazer a maior parte das atividades com normalidade.

Reabilitação

:: O paciente fica no hospital durante quatro dias.
:: Exercícios específicos recomendados pelo fisioterapeuta e treino de marcha (caminhada) com auxilio de andador, muletas ou bengalas.
:: Pode retornar a atividade normal em torno de um mês e meio depois da cirurgia.

Riscos

:: Infecção da prótese: ocorre por contaminação do local cirúrgico e é conhecida como infecção hospitalar. A contaminação que ocorre mais tardiamente pode ser associada às bactérias que chegam ao local da prótese em decorrência de infecções na pele, rins, bexiga e pulmões. A incidência é de 0,5 a 2%.

:: Trombose:
coágulo sanguíneo no interior das veias profundas, mais frequentemente na perna ou na coxa, que causa o entupimento da veia. Pode desenvolver embolia pulmonar, quando o coágulo se desprende das paredes das veias e é levado pela corrente sanguínea até o pulmão.

Cuidados

:: Esportes mais agressivos não são recomendados, como futebol.
:: Atividades mais leves, como dança, caminhada e golfe devem ser negociadas com o médico.

Durabilidade da prótese

:: Depende muito mais do uso do que do tempo de implante da prótese. Pacientes mais jovens e ativos poderão apresentar desgaste mais rapidamente. Acima de 65 anos tendem a suportar uma vida útil da prótese de 25 anos, em média.

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