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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Portugal: Centenas de quilómetros para fazer tratamentos

Zaida Trancoso é um dos muitos doentes portugueses que vive o "suplício" de percorrer centenas de quilómetros sempre que necessita de fazer um tratamento.

"São 152 quilómetros para cada lado, ou seja, são mais de 300 quilómetros sempre que tenho de me deslocar ao Instituto Português de Oncologia do Porto", diz Zaida, que vive em Barbeita (Monção). "O que custa mais é a viagem de regresso", acrescenta a mulher, de 45 anos. "Porque não se podem fazer estes tratamentos em Viana do Castelo ou até em Braga? Não é justo que, após a dureza dos tratamentos, se obrigue uma pessoa à tortura de 152 quilómetros", afirma.

Zaida Trancoso deu entrada pela primeira vez no IPO Porto em Janeiro de 2005, com um cancro na mama. Em 2009 foi submetida a uma reconstituição mamária, que foi mal sucedida. No ano passado, mais uma má notícia: os médicos diagnosticaram a Zaida um tumor na coluna, o que a obrigou a novas sessões de radioterapia e quimioterapia. Agora, para além destes tumores, está a fazer controlo de nódulos, detectados na cabeça e nos pulmões.

"Já sou uma cliente antiga e bastante frequente do IPO", diz, bem disposta. Desde o início dos tratamentos no Porto, Zaida já percorreu mais de 230 mil quilómetros.

Há casos de doentes que têm de percorrer mais de 200 quilómetros para fazer radioterapia, denunciou Jorge Espírito Santo, presidente do Colégio da Especialidade de Oncologia da Ordem dos Médicos. O cancro afecta milhares de portugueses e todos os anos registam-se 10 mil novos casos de cancro de pele, 6400 de colo-rectal, 4500 da mama, 4000 da próstata, 3700 do estômago e 3500 do pulmão. n

VIAGENS SÃO UM SOFRIMENTO
Emídio Rodrigues, 59 anos, passou "um sofrimento terrível" nos últimos meses. Diagnosticado com um cancro na zona do pescoço e cabeça, Emídio, que vive em Paradinha (Viseu), viu-se obrigado a ir seis dias por semana ao IPO de Coimbra, para as sessões de quimioterapia e radioterapia. Diariamente, percorria 180 quilómetros. "São viagens muito cansativas, só tinha descanso ao domingo", recorda o antigo calceteiro. O apoio e disponibilidade dos três filhos foi fundamental. "Revezavam-se nas folgas para me levarem ao tratamento". A mulher, Maria Almeida, também acompanhou Emídio. "Para além da dor que nos afectou a todos, as viagens eram fatigantes e ao fim dos tratamentos ele vinha bastante cansado". Agora, "o pior já passou" e o cancro já foi removido.

"SE TIVESSE QUE ME DESLOCAR SERIA DOLOROSO"
David Rosa, 57 anos, viaja 60 quilómetros, entre a Mexilhoeira da Carregação (Lagoa) e a Unidade de Radioterapia do Algarve, em Faro. "Se tivesse de me deslocar a Lisboa, seria muito doloroso estar longe da família", disse ao CM o doente, a quem foi diagnosticado um tumor na cabeça, há um mês.

Os cerca de 3400 doentes oncológicos algarvios têm quimioterapia nos hospitais de Faro e Portimão e radioterapia na capital algarvia. Desde 2006, a unidade de radioterapia em Faro "evitou que quatro mil doentes viajassem até Lisboa", diz o director-clínico, Guy Vieira.

GRUPO CRIA REDE DE UNIDADES DE TRATAMENTO
O Grupo Joaquim Chaves iniciou em 2002, em Carnaxide (Oeiras), a implantação de uma rede de unidades de radioterapia, com pólos, denominados Quadrantes, que já foram estendidos a Faro, Porto (2008), Funchal (2009) e Santarém (2011). A unidade de Santarém, a funcionar desde o início deste ano, prevê realizar 15 mil tratamentos por ano e evita que cerca de mil utentes tenham de viajar para Lisboa para receber tratamento oncológico. Em dois anos de actividade, a unidade do Funchal evitou a deslocação de um milhar de doentes ao continente.

Fonte Correio da Manhã

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