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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mais mortes por câncer de laringe

Taxa de mortalidade provocada pelo tumor de Lula cresceu 12% em SP no período de 10 anos

A mortalidade por câncer de laringe, doença diagnosticada no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último final de semana, cresceu 12% entre os paulistas no período de dez anos, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde obtido com exclusividade pelo JT. Os dados mais recentes são de 2009. A doença, relacionada ao tabagismo e o consumo do álcool, mata cerca de mil pessoas por ano em São Paulo. 

Quando considerado os dados para todo o País sobre o câncer de laringe, a mortalidade também chama atenção: enquanto no mundo cerca de 25% dos pacientes com a doença morrem, no Brasil a maioria não sobrevive, segundo números da Organização Mundial da Saúde reunidos no Globocan 2008 - projeto que fornece estimativas de incidência e de mortalidade dos principais tipos de câncer para todos os países do mundo.

A mortalidade alta do câncer de laringe no Brasil tem a ver com dois fatores principais: a descoberta tardia da doença e a dificuldade de acesso a tratamentos radioterápicos. Dados divulgados ontem pelo Tribunal de Contas da União (TCU) indicam problemas na Política Nacional de Atenção Oncológica do Ministério da Saúde, com alta taxa de pacientes desassistidos desse tipo de tratamento.

No que se refere à detecção tardia do câncer de laringe, dados da Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp), com base no registro de 71 hospitais paulistas que realizam atendimento oncológico, indicam que 68% dos pacientes só descobrem a doença quando ela está avançada, nos estágios 3 ou 4, numa escala de gravidade que vai de 1 a 4 (mais dados da Fosp abaixo). No caso de Lula, ao contrário, a detecção foi precoce, ainda no estágio 2.



“No geral, ainda estamos descobrindo tardiamente este tipo de câncer. A pessoa demora para procurar ajuda médica, para conseguir marcar uma consulta com especialista. E, quando descobre, já está num estágio bastante avançado. Além disso, no País a disponibilidade de radioterapia é muito falha”, diz Rafael Kaliks, diretor científico do Instituto Oncoguia e oncologista do Albert Einstein.

O médico do Einstein estima que, hoje, três a cada dez pessoas que precisam de tratamento radioterápico fiquem desassistidas no País. “É o equivalente a cerca de 100 mil pessoas por ano, um fator que aumenta a mortalidade.”

O câncer de laringe é mais frequente em homens, sobretudo após os 50 anos, e também é o tumor mais comum entre as neoplasias que atingem a região de cabeça e pescoço. O tipo mais prevalente de câncer de laringe, presente em 90% dos pacientes, é o carcinoma epidermoide - justamente a classe de tumor que acometeu Lula.

Segundo Artur Katz, oncologista do Hospital Sírio Libanês que faz parte da equipe médica do ex-presidente, ele procurou ajuda médica por causa de uma rouquidão persistente, que já durava mais de três semanas. Após alguns exames e a realização de biópsia, foi constatada a doença. “O tumor tem 2,5 centímetros e está na supraglótica (acima da glote, onde ficam as cordas vocais).”

Além da rouquidão, a dor de garganta persistente é outro sinal que pode sugerir um tumor supraglótico - quadro muitas vezes confundido com gripe. Outras vezes a tosse é confundida com pigarro ou irritações relacionadas ao tabaco, já que a doença é mais comum em fumantes. No caso de Lula, que deixou de fumar no ano passado, os médicos alertam que os efeitos nocivos do cigarro podem se manifestar 10 ou 15 anos após o abandono do hábito.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer supraglótico também pode provocar alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de engolir) e sensação de caroço na garganta. Nas lesões avançadas das cordas vocais, pode ocorrer dificuldade para respirar.

Faltam serviços de radioterapia no País, diz TCU
O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou ontem a conclusão de uma auditoria com críticas à Política Nacional de Atenção Oncológica do Ministério da Saúde. A realização de cirurgias oncológicas em 2010, por exemplo, atendeu menos da metade (ou 46,8%) da demanda estimada para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ministro relator, José Jorge, enfatizou a insuficiência na prestação de serviços radioterápicos. “A quantidade de procedimentos desse tipo realizada em 2010 correspondeu a apenas 65,9% da necessidade estimada para o período”, disse. Em relação aos equipamentos de radioterapia, “mesmo que fossem considerados como integrantes da rede aqueles existentes em instituições privadas que não prestam serviços para o SUS”, o déficit ainda seria de 57 unidades.

De acordo com o relatório, “em termos de capacidade instalada, a rede demonstrava um déficit de 135 unidades de atendimento de radioterapia, 44 de cirurgia e 39 de quimioterapia.”

PINGUE-PONGUE: Artur Katz - oncologista da equipe médica do ex-presidente, no sírio libanês 
Quais foram os sintomas que Luís Inácio Lula da Silva teve para que viesse a descobrir o câncer de laringe?
Ele teve uma rouquidão que durou pouco mais de três semanas e procurou ajuda da nossa equipe médica. Então, o doutor Kalil (Roberto Kalil Filho) solicitou alguns exames e, posteriormente, foi feita a biópsia que detectou o tumor.

E em que local da laringe o tumor está localizado e qual é o seu tamanho?
Ele tem 2,5 centímetros e está localizado na supraglótica, ou seja, na área acima das pregas vocais verdadeiras. Por isso não atingiu as cordas vocais e é considerado um câncer intermediário, do tipo II (numa escala de gravidade que vai de I a IV).

Quais serão os tratamentos aos quais ele será submetido nas próximas semanas?
Ele fará três ciclos de quimioterapia a cada 21 dias e, em meados de janeiro, provavelmente já vai começar a fazer a radioterapia acompanhada de quimioterapia. E, é claro, deverá passar por algumas debilitações comuns destes procedimentos.

E se caso não houver resposta ao tratamento há a possibilidade de retirada da laringe?
Achamos pouco provável que seja necessária a retirada do órgão pelo estágio em que se encontra o tumor. A doença foi descoberta precocemente.

Este tipo de câncer é associado ao tabagismo e ao consumo do álcool. Pode ser este o caso do ex-presidente, que só parou de fumar no ano passado?
Sim, muito provavelmente se trata disso. Os danos acumulativos, em potencial, de pessoas que fumaram por muitos anos, podem se manifestar até 15 anos depois que o indivíduo abandona o vício.

Fonte Estadão

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