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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Documentário que mostra a realidade obstétrica do país será lançado no segundo semestre de 2012

Filme pretende criar maior confiança no processo natural do parto

No segundo semestre de 2012 será finalizada a edição de O Renascimento do Parto, filme que mostra a cultura de um parto humanizado. Com pesquisa e roteiro de Érica de Paula, o documentário procura desmistificar o tema e resgatar o aspecto sagrado em torno do nascimento. A previsão de lançamento no circuito de festivais brasileiros e internacionais é para o segundo semestre deste ano. Zero Hora conversou com Érica, que além de roteirista também é psicóloga, acupunturista e doula. Confira a seguir a entrevista:

Podemos dizer que filme mostra uma realidade da minoria?
O filme retrata a grave realidade obstétrica brasileira, visto que somos o país campeão mundial de cesarianas (e cesarianas eletivas - de hora marcada), o que acarreta em péssimos índices maternos e perinatais. O documentário aborda: o histórico do parto (como era antigamente), a recente hospitalização do nascimento, a realidade atual, a indústria que está por trás do nascimento (os interesses financeiros dos hospitais, planos de saúde e dos médicos envolvidos na assistência ao parto), os problemas envolvidos com a cesariana desnecessária, a violência obstétrica que muitas mulheres sofrem na hora de parir, a medicina baseada em evidências científicas (em contraste com a medicina baseada apenas na experiência do médico), os mitos que envolvem o parto (cordão enrolado no pescoço...), etc.

Que tipo de relatos foram registrados?
O documentário traz inúmeros relatos de mulheres que passaram pelas mais diversas experiências (foram enganadas pelos seus médicos, fizeram cesárea, tiveram um parto normal traumatizante, tiveram um parto humanizado ou um parto domiciliar, etc) e traz uma discussão interessante sobre a diferença entre um parto vaginal, que pode ser traumático e cheio de intervenções, e um parto verdadeiramente humanizado, e sobre o parto domiciliar planejado, escolha que tem sido cada vez mais comum nos centros urbanos.

A proposta é fazer uma espécie de resgate de uma cultura que está se perdendo?
A proposta é desmistificar o tema e resgatar o aspecto sagrado em torno do nascimento. Pretendemos mostrar que o parto normal não precisa ser aquele parto que estamos acostumados a ver nos meios de comunicação, violento, cheio de intervenções desnecessárias, sem privacidade, etc. Atualmente, a mulher pensa que tem apenas duas opções: esse parto violento ou uma cesárea marcada, fria e asséptica. O filme pretende mostrar uma terceira opção, que é um parto verdadeiramente humanizado, em que a mulher é a protagonista de seu parto, podendo vivenciar esse momento como um lindo ritual de passagem ao lado das pessoas que ela escolheu e com muito respeito de toda a equipe.

O que se busca resgatar?
O resgate que buscamos não é de um parto como antigamente, quando não existiam recursos para lidar com emergências, pré natal, assistência digna, mas sim de poder juntar o melhor dos dois mundos: uma maior confiança no processo natural e na fisiologia do parto normal, e todo o conhecimento e tecnologia disponíveis atualmente, para serem utilizadas se necessário (seja numa cesárea, num parto humanizado hospitalar ou num parto domiciliar).

Qual foi o principal desafio da produção?
Acredito que o maior desafio seja trabalhar com um tema que vai contra uma grande indústria que foi criada por trás do nascimento (não necessariamente para gerar dinheiro, mas para sustentar a conveniência de um sistema). O fato de estarmos lidando com um assunto tão polêmico e fazendo duras críticas ao lobby médico e hospitalar dificultou inclusive que conseguíssemos recursos e patrocínios.

Dados técnicos

Érica de Paula: "Co-autora" do documentário, psicóloga, doula e acupunturista.

Autoria: Érica de Paula e Eduardo Chauvet

Direção: Eduardo Chauvet

Roteiro e pesquisa: Érica de Paula

Fonte Zero Hora

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