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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Produtividade em saúde passa pela equação escala x qualidade

Para o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Claúdio Lottemberg, a questão também passa pelo papel do gestor hospitalar que deve se aprofundar mais nos aspectos econômicos

Produtividade é o desafio atual da economia brasileira. Essa é a opinião do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Segundo ele, apesar do cenário externo desfavorável com a lenta recuperação dos Estados Unidos e o Brasil revendo as projeções de crescimento econômico, a economia brasileira segue sobrevivendo sem grandes abalos e deve aproveitar o momento atual para produzir mais com menor custo e tornar o crescimento sustentável.

Tal momento se deve, sobretudo, a conquista dos fundamentos macroeconômicos e a um cenário de previsibilidade econômica galgado pelo Brasil nos últimos anos. Meirelles explica que até 1994 era impossível pensar em produtividade em razão da hiperinflação. Depois do Real, o grande problema era a vulnerabilidade cambial.

Depois dessa fase que durou de 1981 a 2003 e que rendeu ao Brasil apenas um crescimento médio de 2%, o Brasil conseguiu um bônus de estabilidade que oferece subsídios para investimentos futuros. “Quando a economia adquire previsibilidade é possível investir em produtividade em longo prazo. O Brasil tem como grande missão produzir mais com menor custo”, disse Meirelles.

Porém, quando a discussão entra no setor de saúde é preciso tomar cuidado. O ganho em escala esbarra na questão de qualidade e também no atendimento personalizado. “É um desafio muito grande. As cadeias de hospitais que trabalham com busca de capital através de fundos, necessariamente, não pensam na qualidade e na necessidade do paciente, pois muitas vezes o compromisso é com o resultado do investidor na bolsa de valores”, afirmou o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Cláudio Lottemberg. A saúde é um direito social e temos de tomar cuidado com as questões de economia em saúde”, completou.

No momento atual, cuja economia sofre certa desaceleração, o setor de saúde é sensível quando se trata da saúde suplementar. Grande parte, cerca de 70% dos planos de saúde é custeada por empresas. Apesar do crescimento significativo nos últimos anos da Saúde Suplementar na comparação com o primeiro trimestre de 2011, nota-se certa desaceleração na entrada de novas vidas em 2012. “Uma economia com empregos é importante para alimentar a questão do sistema de saúde”, disse, exemplificando com o que aconteceu nos Estados Unidos no estopim da crise em 2008 com as pessoas fugindo dos seguros privados e migrando o de seguridade social.

O executivo também chamou a atenção para o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que nasceu para regulamentar algo que já existia e por demanda da iniciativa privada, ou seja, os planos de saúde. É muito diferente das outras autarquias que foram criadas em um momento de desestatização. “As agências surgiram no contexto com a desestatização, para justamente regular serviços que eram da direito do estado anteriormente. A saúde por outro lado, nasce pela iniciativa privada e regula algo que é um direito social. Não é a mesma coisa de regular uma concessão de energia elétrica ou telecomunicações.”

Papel do gestor
Num cenário onde os custos são altos e trabalhar com escala se torna um desafio, algumas questões devem ser refletidas tanto pelo gestor quanto pela sociedade como a crescente expectativa de vida da população e os pacientes terminais. Lottemberg, indaga sobre a necessidade de se discutir os pacientes terminais, pois 50% do que é gasto com saúde ocorre no último ano de vida do paciente. “Será que é justo no contexto ético da sustentabilidade que nós investimos recursos com pacientes terminais sendo que aquilo não mudará a expectativa daquela pessoa? Será que faz sentido no coletivo investir em nova unidades de terapia intensiva?.

Nesse contexto, o gestor de saúde e de hospitais tem um papel crucial de se aprofundar nas questões de economia em saúde. “Os médicos deveriam discutir mais, eles são extremamente técnicos e não só no Brasil, no mundo inteiro. São muito competentes, mas são pessoas que tem pouco conhecimento de governança, valores e liderança, e isso atrapalha na locação dos recursos”, disse.

Fonte SaudeWeb

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