Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Profissionais de saúde montam consultório na rua para ajudar dependentes do crack em Manguinhos

Enfermeiros e médicos que trabalham na Clínica da Família Victor Valla decidiram levar o consultório para a rua para ajudar no atendimento a viciados em crack, em Manguinhos, uma das áeras mais violentas da Zona Norte que ainda não foi pacificada no Rio de Janeiro.
 
Há um ano, o enfermeiro Marcelo Soares Costa vestiu seu jaleco branco, atravessou a rua em frente à clínica e instalou sua sala de atendimento. A primeira de 16 espalhadas pelas cracolândias do bairro — ou cenas de uso aberto de drogas, como ele chama. Coordenador do projeto “Consultório de Rua”, da unidade, ele reúne diariamente outros nove profissionais para levar aos usuários de drogas serviços básicos de saúde. A ideia foi incorporada ao projeto “Crack, é possível vencer”, lançado em dezembro pelo Ministério da Saúde.

— Infelizmente, ainda há muito preconceito contra essas pessoas nas unidades de saúde. Aqui, na clínica da família, o segurança não deixava usuários entrarem para serem atendidos. Agora, essa mentalidade já mudou um pouco e a procura subiu cerca de 80% — diz Marcelo.

Nas ruas, o serviço é muito bem recebido. A ideia não é convencer os dependentes químicos a deixarem a droga, mas tratar e prevenir doenças associadas, como a tuberculose e o vírus do HIV.

— A gente tem um cartaz que ensina a não compartilhar o copo onde eles fumam crack, para evitar o contágio pela tuberculose. Enquanto eles não deixam a droga, fazemos a abordagem para a redução dos danos — explica a psicóloga Christiane Sampaio, que atua no projeto.

Volta para as famílias
Em média, dois em cada dez usuários querem deixar o vício. Para os que demonstram esse desejo, a equipe tem parcerias com instituições de tratamento. Quando a internação não é a melhor saída, outras iniciativas ajudam a reinserir o paciente que planeja voltar para a família.

— A maioria dos moradores das cracolândias não são de Manguinhos. Vieram de outros locais em busca da droga e não conseguem voltar. Tentamos viabilizar o retorno dessas pessoas e buscamos maneiras de ajudá-las a superar o problema — diz a médica Valeska Antunes.

O Rio tem ainda outros dois “Consultórios de Rua”: um no Centro (onde o foco são os moradores de rua) e um no Jacarezinho. Outros dois devem ser inaugurados em breve, segundo a Secretaria municipal de Saúde. No Brasil, o projeto já conta com 76 equipes. Antes do Rio, já havia um consultório de rua em Salvador.

Viciados têm medo de buscar ajuda
Programas como o “Consultório de Rua” podem ganhar mais abrangência a partir da mudança da Lei de Drogas, proposta ao Congresso Nacional pela Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), no fim do mês passado. A ideia é desvincular as imagens do traficante e do usuário, em uma tentativa de diminuir o preconceito. O projeto só deve ir à votação em 2013.

— Hoje, muitos temem falar sobre o vício, procurar ajuda, por medo de serem vistos como bandidos. Desde 2006, a lei diz que o usuário não pode ser criminalizado, mas não define qual o critério para diferenciar o dependente do traficante. Temos que deixar essa divisão clara, evitando injustiças — afima Paulo Gadelha, presidente da CBDD e da Fundação Oswaldo Cruz.

Ele defende o modelo das clínicas de família, com os agentes de saúde treinados atuando junto às comunidades. O plano do Ministério da Saúde prevê construção de 13.500 leitos para usuários de álcool e drogas até 2014, com investimento que deve chegar a R$ 2 bilhões.

Os números do crack: um quadro alarmante
•Seis milhões – De acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, publicado nesta semana, esse é o número de pessoas que já experimentaram cocaína, crack ou oxi no Brasil.
 
•46% – O Sudeste concentra quase metade dos usuários de cocaína e crack no país.
 
•45% – A maioria experimentou a droga antes dos 18 anos.
 
•20% – O Brasil representa o maior mercado de consumo de crack do mundo, com um quinto dos usuários.
 
•370 – É o número de usuários de cadastrados no “Consultório de Rua” de Manguinhos
 
•323 – Número de “Consultórios de Rua” que devem ser abertos até 2014 no pais.

Fonte Extra Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário