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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ribeirinhos no Amazonas têm excesso de mercúrio

As populações ribeirinhas do rio Negro, no norte do Amazonas, estão expostas à contaminação por mercúrio num nível superior ao tolerável à saúde humana, aponta estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
 
A contaminação ocorre pela ingestão prolongada de peixes piscívoros, como tucunaré e piranha. Essas espécies concentram mais mercúrio porque comem outros peixes, também intoxicados.
 
Os sintomas incluem problemas neurológicos e perda da coordenação motora.
 
A pesquisa foi feita em 2011 com mechas de cabelo de 50 pessoas, de 14 comunidades, e apontou uma concentração de mercúrio de 3,14 ppm (partes por milhão) a 58,35 ppm durante o ano. Os níveis mais altos foram registrados de novembro a maio, quando o consumo de peixes é maior.
 
A Organização Mundial da Saúde considera tolerável uma taxa de 50 ppm para a população em geral e 10 ppm para grávidas.
 
Segundo a bióloga Graziela Balassa, 32, autora do estudo, a situação das mulheres em idade reprodutiva é a mais preocupante: 85% delas apresentaram concentrações de mercúrio superiores a 10 ppm. "É um nível que aponta efeitos neurológicos em fetos", afirma.
 
Balassa diz que são necessárias campanhas que orientem as mulheres a consumir menos peixes piscívoros durante a gestação e a amamentação. Ela defende a proibição de garimpos na bacia do rio Negro --a atividade foi regulamentada em junho pelo governo do Amazonas.
 
O solo do rio Negro é naturalmente rico em mercúrio, mas o garimpo de ouro e a atividade industrial fazem com que as chuvas despejem três vezes mais metal no rio hoje do que há cem anos, segundo Bruce Forsberg, orientador do estudo.
 
Na água, bactérias transformam o mercúrio em sua forma mais tóxica, o metilmercúrio, iniciando um processo de contaminação que atinge micro-organismos, plantas e peixes.
 
A reportagem visitou 3 das 14 comunidades pesquisadas e constatou que peixes piscívoros são consumidos do café da manhã ao jantar.
 
A índia baniua Maria Ivanete Souza Andrade, 29, tem dois filhos e cedeu mechas para o estudo. "A alimentação que a gente tem é peixe, é difícil comer carne."
 
Em Bacabau, a duas horas de barco de Barcelos, no rio Araçá, o agente de saúde Evanildo Martins, 49, não sabe quais os danos do mercúrio à saúde nem como tratar pessoas contaminadas. A última vez que um médico passou por lá foi em 2006.
 
Em Samaúma, no rio Demini, a professora baniua Marinete dos Santos, 41, mãe de quatro filhos, se diz assustada. "Se tem mercúrio na água e no peixe, também contaminou a gente."

Editoria de arte/folhapress

Fonte Folhaonline

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