O que aconteceria se o médico pudesse ter feito uma intervenção nos minutos anteriores à recaída de um paciente que está lutando contra o vício em drogas ou contra um trauma? Ela teria sido evitada?
Foi pensando nisso que pesquisadores do MIT começaram a desenvolver o iHeal Project.
Criado com tecnologias que aliam inteligência artificial, monitoramento biofísico, conexão wireless e smartphones, o iHeal tem o objetivo de evitar situações de recaída nas drogas, ou de deflagração de crises de ansiedade causadas pelo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Ele funciona da seguinte forma: uma pulseira monitora continuamente a atividade elétrica da pele, a movimentação do corpo, a temperatura da pele e os batimentos cardíacos da pessoa. Assim, consegue detectar o aumento do desempenho do sistema nervoso simpático do paciente, normalmente relacionado a situações de estresse.
Todas essas informações são transmitidas por conexão wireless a um software no smartphone, que acompanha e processa os dados fisiológicos recebidos.
Detectado um aumento da atividade dos nervos simpáticos, o smartphone envia mensagens que perguntam à pessoa como ela avalia seu nível de estresse, o que está fazendo naquele momento e se está com vontade de consumir drogas ou prestes a ter uma crise de TEPT.
A partir do conjunto desses dados, o iHeal cria um algoritmo capaz de reconhecer situações relacionadas a uma recaída no consumo de drogas ou crises de ansiedade.
Identificando, em tempo real, essas situações, o iHeal faz intervenções por SMS. Segundo Rich Fletcher, um dos pesquisadores do projeto, essas mensagens têm por objetivo principal distrair o paciente, dando a ele tempo suficiente para controlar (e evitar) a recaída ou uma crise de ansiedade.
Por isso, elas podem ser desde jogos com mapas a imagens "estranhas": um tomate, por exemplo. Qualquer coisa que mude o foco da pessoa naquele momento.
Também é possível uma intervenção do médico da pessoa, o qual, pela internet, pode mudar as mensagens que serão enviadas ao seu paciente.
O iHeal foi testado em sete homens, americanos, ex-veteranos de guerra. Todos com histórico de abuso de drogas e estresse pós-traumático.
Eles aprovaram a rapidez do sistema, mas reclamaram da impessoalidade do tratamento. Sugeriram que outras formas de intervenção, como vídeos, apps, jogos e músicas, fossem desenvolvidas.
Segundo os cientistas, não há previsão de quando o iHeal poderá chegar ao usuário final. "Precisamos melhorar o algoritmo, para que ele possa entender e prever melhor os estados emocionais. Além disso, também estamos analisando como integrar o iHeal com terapias já existentes", disse Edward Boyer. "E temos de aumentar a vida útil da bateria, melhorar a forma pela qual os sensores cancelam ruídos... Honestamente, ainda há muito a ser feito."
Fonte Folhaonline
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