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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Estudo aponta possível caminho para vacina contra a Aids

No que pode ser um passo importante na direção de uma futura vacina contra a Aids, pesquisadores americanos monitoraram uma poderosa resposta imune de um indivíduo ao HIV para ver como uma série de mutações levaram a um anticorpo que pode derrotar muitas variantes do vírus.
 
A vacina ainda permanece longe, mas a pesquisa abriu um caminho complexo que pode algum dia ser seguido para alcançar esse objetivo distante.
 
Trinta e quatro milhões de pessoas no mundo vivem com o HIV, e 2,5 milhões são infectadas a cada ano, 50 mil deles nos EUA.
 
"A beleza disso é que é uma grande pista para os passos sequenciais do vírus e dos anticorpos à medida que eles evoluem", disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, que financiou a pesquisa.
 
O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade Duke e também de Columbia, Stanford, da Universidade da Pensilvânia, entre outras instituições. O artigo foi publicado on-line na quarta-feira (3) na revista "Nature".
 
Os cientistas até agora não conseguiram produzir uma vacina contra a Aids, porque o HIV sofre mutação muito rapidamente.
 
Os vírus da gripe sofrem mutações com tanta frequência que vacinas contra a doença devem ser reformuladas a cada ano; o HIV sofre mutações em um dia no mesmo nível que o vírus da gripe em um ano.
 
O estudo analisou amostras de sangue de um homem africano desde que ele foi infectado até cerca de dois anos depois, quando ele começou a produzir anticorpos "amplamente neutralizantes".
 
Os anticorpos são proteínas em forma de Y que neutralizam partículas do vírus por se agarrar a todos os receptores de superfície que eles usam para se ligar às células.
 
Os anticorpos desenvolvidos pelo paciente foram chamados de "amplamente neutralizantes" porque eles foram capazes de bloquear cerca de 55 % das diferentes cepas conhecidas do HIV.
 
Os cientistas têm isolado anticorpos amplamente neutralizantes há vários anos.
 
Cerca de 20 % das pessoas com HIV produzem esses anticorpos amplamente neutralizantes, explicou Fauci, mas isso só acontece de dois a quatro anos depois da infecção, quando elas já carregam uma quantidade grande demais de mutações.
 
Em teoria, se tais anticorpos pudessem ser clonados em grandes quantidades, um coquetel antiviral contendo variantes suficientes para corresponder a todas as cepas conhecidas do HIV poderia ser dado a pacientes recém-infectados. Isso é o equivalente a uma vacina de imunoglobulina, como as que já foram o único tratamento para algumas doenças como a hepatite.
 
Mas isso seria muito caro, e o tratamento teria de ser dado para a vida toda. E medicamentos antirretrovirais, que custam centavos para serem produzidos, fazem a mesma coisa: impedem a replicação do vírus.
 
No entanto, se um paciente saudável recebesse uma vacina que induzisse suas células de defesa a produzir esses anticorpos, eles poderiam nocautear a infecção futura.
 
Como as células que produzem anticorpos têm que passar por até cem mutações antes de fazer outras amplamente neutralizantes, disse Fauci, uma vacina para induzir isso exigiria muitas aplicações, mês após mês, para "empurrar" as células através dessas mutações. Ainda não se sabe se isso é realmente possível e financeiramente viável.
 
Especialistas não envolvidos com o estudo reagiram com cautela à pesquisa, reconhecendo que é um trabalho importante, mas que suas implicações práticas ainda estão distantes.
 
Louis Picker, um especialista em vacinas contra HIV da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, descreveu o trabalho como "um roteiro para o desenvolvimento de vacinas, sim - mas é como um daqueles mapas-múndi do ano 1400. Nós ainda não sabemos como transformar isso em uma vacina".
 
Joseph McCune III, chefe de medicina experimental da Universidade da Califórnia, em San Francisco, chamou a empreitada de "ciência esclarecedora, com um monte de dados que eu não tinha visto antes." Mas ele disse que não esta claro se o processo imunológico de um paciente poderia ser aplicado a outros.
 
"Oitenta por cento de todos os pacientes não criam anticorpos amplamente neutralizantes", disse ele. "O que podemos fazer por eles? Sabemos o quão protetora é essa estratégia contra novas infecções? E será que temos que produzir lotes 'sob medida' de vacina para pessoas de etnias diferentes?"
 
Fonte Folhaonline

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