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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Aparelho para dor crônica se adapta à posição do paciente

Ana Antonia Torres Rocha, 47, em sua casa, em Taubaté
Karime Xavier/Folhapress
Ana Antonia Torres Rocha, 47, em sua casa, em Taubaté
As dores tão fortes "de chorar" entraram na vida da esteticista Ana Antonia Torres Rocha, 47, há 11 anos, quando, durante um assalto, ela recebeu um tiro no quadril.
 
As crises já a levaram inúmeras vezes ao pronto-socorro e foram a causa de 23 cirurgias feitas na tentativa de mitigar o problema.
 
A última delas, realizada no IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas de São Paulo, resultou na implantação de um aparelho que usa uma tecnologia que está nas mãos dos donos de smartphones e tablets.
 
Quando a posição de um iPhone ou um Galaxy muda da horizontal para a vertical, por exemplo, a tela se ajusta para que as informações sejam lidas com mais conforto.
 
O novo neuroestimulador, implantado perto da medula espinhal de pessoas com dores crônicas nas costas e nas pernas, usa o mesmo princípio: a posição da pessoa é notada pelo dispositivo, que ajusta, de acordo com uma programação feita pelo médico, a intensidade do estímulo enviado ao sistema nervoso para reduzir as dores.
 
 
"A medula espinhal se movimenta alguns milímetros de acordo com a posição, o que faz com que ela receba maior ou menor intensidade de estimulação, porque ela se afasta ou se aproxima do eletrodo", diz o médico Erich Fonoff, neurocirurgião do IPq.
 
Isso significa que, quando a pessoa está deitada de costas, a medula se aproxima da parte do aparelho que aplica o estímulo. Sem a adaptação, o estímulo pode ficar forte demais. Quando a pessoa levanta, a medula se afasta, o que poderia reduzir a eficácia do aparelho. "O novo sistema aparentemente aumenta o conforto e o controle da dor."
 
Aprovado no Brasil em 2012, o neuroestimulador foi implantado em duas mulheres no HC de São Paulo -uma delas é Ana Antonia-, além de pacientes na rede privada.
 
Fonoff afirma que o aparelho é indicado contra dores neuropáticas, que são causadas por uma lesão no nervo e podem ser ocasionadas por traumas e até hérnias de disco. A lesão reduz a sensibilidade na região correspondente ao nervo com problema, deixando uma sensação constante de desconforto.
 
O neuroestimulador dá ao sistema nervoso o estímulo de que ele sente falta, para reduzir a dor.
 
O novo dispositivo é fabricado pela Medtronic, que tem 80% do mercado de neuroestimuladores no país. A tecnologia não é muito difundida, segundo o neurocirurgião Joel Augusto Ribeiro Teixeira, porque, além de cara -um dispositivo comum pode custar até R$ 100 mil- há poucos especialistas aptos a lidar com essa tecnologia.
 
Segundo a fabricante, 250 mil pessoas no mundo já usaram neuroestimuladores, número que inclui todos os modelos, inclusive os sem a tecnologia de adaptação.
 
Para Teixeira, os aparelhos são uma boa opção para pessoas que não respondem bem a medicamentos, mas a versão que se adapta à posição ainda precisa ser posta à prova. "Nem sempre vai dar certo; a programação automática pode não dar as nuances de que o paciente precisa."
 
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
Ana Antonia, que está usando o novo dispositivo há quase três meses, diz que a solução "não é milagre", mas que reduziu o uso de remédios. "Não tenho uma vida normal, mas melhorou muito. É melhor do que viver sendo internada com crises."

Folhaonline

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