Mutação no gene "APOC3" confere níveis 40% menores de triglicerídeos. Resultado é um risco menor de desenvolver doenças coronarianas
Ao esquadrinhar o DNA de cerca de 4 mil pessoas, cientistas americanos
descobriram quatro mutações raras de um gene que reduzem o risco de
sofrer doenças coronarianas em 40%.
Esta descoberta pode levar a novos tratamentos, avaliam os
pesquisadores que publicaram seus trabalhos esta quarta-feira (18) na
revista americana "New England Journal of Medicine".
As gorduras que circulam no sangue estão ligadas a doenças
cardiovasculares. Adquirem diversas formas, como o colesterol ruim
(LDL), o colesterol bom (HDL) e os triglicerídeos.
Os cientistas se concentraram no papel dos triglicerídeos, que em
quantidades excessivas no sangue contribuem para o aparecimento de
doenças cardiovasculares. Ao contrário, um nível muito baixo de HDL não é
tão ruim quanto se acreditava.
"Recentes estudos clínicos não conclusivos sobre moléculas para
aumentar o colesterol bom, em combinação com os resultados genéticos,
estão alterando décadas de certezas médicas", explicou o doutor Sekar
Kathiresan, diretor do serviço de cardiologia preventiva no
Massachusetts General Hospital e principal autor do estudo.
Há tempos se acredita que uma taxa de HDL muito baixa é um fator
importante nas doenças cardiovasculares, continuou. No entanto, os dados
da pesquisa "indicam que a verdadeira causa não seria um HDL baixo
demais, mas percentuais elevados de triglicerídeos", acrescentou.
O estudo genético mostrou que as pessoas portadoras de uma mutação no
gene chamado "APOC3" tinham níveis de triglicerídeos cerca de 40% abaixo
do normal.
Com isso, os níveis sanguíneos normais desses lipídios estão geralmente
em menos de 150 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl). No caso dos
indivíduos com a mutação do gene APOC3, os índices de triglicerídeos se
situam ao redor de 85 mg/dl.
"Baseando-nos em nossas descobertas, prevemos que a redução dos
triglicerídeos especificamente através de (...) APOC3 teria um efeito
benéfico, reduzindo o risco da doença", disse o coautor da pesquisa,
Alex Reiner, professor de epidemiologia na Escola de Saúde Pública da
Universidade de Washington.
Já existem medicamentos que podem reduzir os níveis de triglicerídeos,
mas não está provado que reduzam o risco de doenças cardíacas.
As doenças do coração são as que causam mais mortes nos Estados Unidos, onde matam 600 mil pessoas por ano.
G1
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