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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nanotecnologia quebra resistência a medicamentos em doença do sono

O nanotransportador idealizado pelos cientistas conduz os
fármacos pelo organismo do paciente e os libera diretamente
 sobre o parasita
Doença negligenciada afeta milhões de pessoas na África subsaariana

O único tratamento contra a doença do sono é feito com quatro fármacos muito tóxicos e tão antigos que já possuem muita resistência. Agora uma equipe de cientistas criou um veículo nanométrico (nanotransportador) capaz de evitá-las. Esta doença negligenciada, também conhecida como tripanossomíase africana, é causada pelo protozoário Trypanosoma brucei, e afeta milhões de milhões de pessoas na África Subsaariana.

Atualmente, o maior problema da doença, fatal se não for tratada, é que os fármacos existentes geram muitas resistências e dificultam o tratamento. As resistências aparecem porque, para entrar no parasita, os medicamentos utilizam os transportadores de superfície, um mecanismo que o parasita consegue neutralizar e que, ao deixar de funcionar, bloqueiam a entrada do remédio.

O nanotransportador idealizado pelos cientistas conduz os fármacos pelo organismo do paciente e os libera diretamente sobre o parasita, assinalou a pesquisa publicada nesta quinta-feira na revista "PLoS Patogens". "Os nanotransportadores são compostos de nanopartículas poliméricas que transportam os fármacos que já são usados contra a tripanossomíase africana. Estas nanocápsulas reconhecem a superfície do parasita e introduzem o medicamento nele", explicou à Agência Efe José Antônio García Salcedo, pesquisador do Instituto de Pesquisa Biosanitária de Granada e coautor do estudo.
 
O método permite que os fármacos entrem diretamente no interior do parasita sem utilizar os chamados transportadores de superfície, que são os que mutam e geram as resistências. "Pensamos que, se o fármaco entrasse por uma via alternativa, poderíamos evitar os mecanismos de resistência associados a mutações de seu transportador", afirmou o pesquisador. "Para provar nossa hipótese desenvolvemos um nanotransportador de fármacos que consiste em nanopartículas poliméricas revestidas com um anticorpo de domínio único (nanoanticorpo) que reconhece de forma específica a superfície do parasita". Uma vez carregado no nanotransportador, a droga é introduzida no interior do parasita, "concentrando assim a carga do remédio".
Desta maneira, os remédios, que têm uma grande toxicidade, "são inoculados diretamente no protozoário, mas em quantidades muito menores e igualmente eficazes" para o paciente. O estudo, realizado em animais de laboratório, apresenta uma nova prova de conceito de uma nova tecnologia (já utilizada em doenças como o câncer) que tem a capacidade de investir a resistência a remédios, causada pela perda de funcionalidade de seus transportadores.

Além disso, é útil porque a pesquisa de novos fármacos antiparasitários para uso terapêutico é um processo lento e caro para países do terceiro mundo, enquanto o transporte específico de remédios através dos novos avanços em nanoencapsulação "poderia representar uma alternativa mais rápida e rentável para o tratamento das doenças negligenciadas". "E embora ainda seja preciso melhorar este transportador e realizar os ensaios clínicos, por enquanto acreditamos que para a fase antecipada desta doença é eficiente", concluiu. Segundo ele, este novo sistema de administração de fármacos aumenta em até 100 vezes sua eficácia.

R7

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