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quinta-feira, 31 de março de 2011

SP quer teste final de coração artificial

Após 15 anos de pesquisas e testes em animais, o primeiro coração artificial completo produzido no Brasil finalmente deve chegar à prova final: o teste em humanos.

A equipe do Instituto Dante Pazzanese, centro de referência em cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, contou ao JT ontem que está prestes a protocolar um pedido na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para testar o dispositivo em voluntários, experimento previsto já para 2011.

Segundo o médico Jarbas Dinkhuysen, chefe do departamento de transplante cardíaco do Dante, no exterior há pacientes que já passaram até sete anos com o dispositivo. Esse desempenho é especialmente importante para pessoas com quadros cardíacos graves, à espera de corações nas filas de transplante.

“Há uma taxa de morte bastante grande nesse processo de espera. Todos os doentes críticos morrem em até dois anos caso não consigam o órgão”, diz o médico Noedir Stolfe, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e do Instituto do Coração (InCor).

Stolfe lembra que o tempo de espera por um coração é variável, porque isso depende da gravidade da doença e da compatibilidade com o doador, entre outros fatores. O processo pode levar anos. “Quando o doente tem um choque cardiogênico (estágio crítico), se não fizer o transplante, morre. Um doador não surge em um estalar de dedos.”

O coração do Dante é indicado justamente para quadros graves. “Se a pessoa que aguarda pelo transplante entrar em uma situação clínica insustentável, colocamos o aparelho para segurá-la por até 90 dias para que, depois, possa receber o transplante”, explica Dinkhuysen.

Segundo ele, o equipamento já foi testado em mais de 30 bezerros. Dinkhuysen afirma que a aplicação de ventrículos artificiais é muito comum fora do País, mas no Brasil o preço dos equipamentos importados ainda é impeditivo para a prática.

De acordo com o engenheiro Aron José Pazin de Andrade, um dos pesquisadores do coração artificial, o dispositivo brasileiro deve custar de um quinto a um oitavo do valor do importado – cujo preço varia entre U$150 mil e U$300 mil.

Ontem, o Dante inaugurou um centro de cirurgia experimental que vai oferecer tecnologia para acelerar os experimentos com o coração. “Esse tipo de equipamento precisa de uma estrutura muito complexa para ser testado, que não tínhamos antes”, avalia Andrade.

Uma das diferenças desse equipamento para outros já desenvolvidos é que, além de poder funcionar tanto com um quanto com dois ventrículos, foi concebido como um coração auxiliar. Ou seja, funciona em conjunto com o coração do paciente, que não precisa ser retirado.

O médico Ari Timerman, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), destaca que ele também é mais fácil de ser manejado. “Ele é eletromecânico e pulsátil, enquanto outros dependem de uma máquina externa maior.”

No ano passado, foram realizados 166 transplantes de coração no País, sendo quase metade deles (76) no Estado de São Paulo.

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