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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Estudo expõe fragilidade do IMC como critério para definir gravidade do peso excessivo

Vários estudos no Brasil e no exterior mostram que o índice de
mortalidade em decorrência do diabetes não tem relação com
IMC elevado e os primeiros sinais da doença podem aparecer
mesmo em pessoas mais magras
Pesquisa aponta risco inferior de mortalidade em pessoas com sobrepeso (6% menor) e obesidade grau 1 (5%) em comparação a pessoas com peso normal
 
Pesquisa desenvolvida em Maryland, nos Estados Unidos, e recentemente divulgada pelo Journal of the American Medical Association – Jama está gerando polêmica sobre a precisão do Índice de Massa Corporal para determinar o prejuízo à saúde causado pelo excesso de peso e sua associação com doenças crônicas. Os estudiosos apontam risco inferior de mortalidade em pessoas com sobrepeso (6% menor) e obesidade grau 1 (5%) em comparação a pessoas com peso normal.
 
Calculado a partir da relação peso sobre quadrado da altura (ver tabela), segundo definições da Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades de saúde, o IMC às vezes não prediz se a obesidade pode despertar ou já estar acompanhada de comorbidades como diabetes tipo 2, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), hipercolesterolemia (colesterol e triglicérides altos) e hipertensão.
 
Essas doenças caracterizam o que estudiosos chamam de síndrome metabólica e são de difícil controle clínico por meio de remédios, dieta e atividade física. Quando desenvolvidas num quadro de peso excessivo, essas doenças configuram o que os especialistas também chamam de "obesidade maligna".
 
Vários estudos no Brasil e no exterior mostram que o índice de mortalidade em decorrência do diabetes não tem relação com IMC elevado e os primeiros sinais da doença podem aparecer mesmo em pessoas mais magras. O conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Ricardo Cohen, pesquisador da eficácia do tratamento cirúrgico para controle do diabetes tipo 2, aponta que a tendência é que o IMC deixe de ser o parâmetro mais importante para determinar a gravidade do paciente:
 
— Isso significa que, apesar de visivelmente saudáveis, essas pessoas possuem excesso de gordura maligna, que pode esconder diversas doenças. O IMC dará lugar à avaliação clínica global — explica.
 
Limitações do IMC
Em editorial do mesmo Jama em que questiona a conclusão da Dra. Katherine Flegal e equipe, de Maryland, o pesquisador William Cefalu, do Centro de Pesquisas Biomédicas de Pennington (EUA) e editor-chefe da revista norte-americana Diabetes Care, explica que o IMC representa 2/3 da gordura corporal de um indivíduo e não diz respeito a gênero, raça, idade e aptidão física. Por exemplo, um atleta de boxe com IMC 40 kg/m2, boa parte devido a sua massa muscular, provavelmente está em melhor estado de saúde que um profissional sedentário com IMC 29 kg/m2 que se alimenta mal e pode ter doenças escondidas na sua condição de sobrepeso.
 
Segundo Dr. Cefalu, a distribuição da gordura varia fortemente em indivíduos com o mesmo nível de adiposidade, sendo a gordura abdominal da cintura a que mais oferece riscos de mortalidade e morbidade. Para ele, do estudo de Maryland depreende-se que IMC acima de 35 kg/m2 é tão arriscado quanto IMC abaixo de 18,5 kg/m2 (magreza excessiva) e que a grande faixa de peso entre esses limites inclui pessoas com diferentes adiposidades, distribuição da gordura, histórico familiar, constituição muscular, "status" nutricional, frequência de atividade física e fatores de risco a doenças.
 
— Nem todos os pacientes com sobrepeso ou obesidade grau 1, mesmo aqueles com doenças associadas, devem ser submetidos a tratamento para perda de peso. Definir os limites do IMC é o primeiro passo rumo a uma avaliação mais abrangente dos riscos — analisa Cefalu.
 
Método criticado
A meta-análise do estudo de Maryland, resultado de uma revisão de 97 estudos abarcando 2,9 milhões de pessoas e 270 mil mortes, foi criticada por especialistas. Dr. David Katz, diretor do Centro de Pesquisa de Prevenção da Universidade de Yale, classificou o estudo da Dra. Flegal de "tosco" tal qual é o IMC como medida de gordura corporal e respectivo risco de morte.
 
— A primeira e óbvia limitação desse estudo é examinar mortalidade ao invés da morbidade, ou seja, da existência ou propensão a doenças crônicas — argumenta.
 
Para ele, o sobrepeso e a obesidade leve podem não ter relação direta com a mortalidade, mas sim com o aparecimento de doenças que ao longo do tempo levam o paciente à morte se não forem devidamente controladas.
 
Fonte Zero Hora

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