"Ao contrário do que muitos pensam, as hemorróidas são
estruturas anatômicas normais, mas que podem trazer problemas como desconforto,
irritação e sangramento anal quando alteradas. A doença hemorroidária está muito
associada com a constipação intestinal, dentre outros fatores. Pode ser tratada
com medidas conservadoras ou, quando mais graves, por cirurgia."
A expressão hemorróidas é freqüentemente utilizada para definir
as mais variadas afecções anorretais e seus sintomas. Na realidade as
hemorróidas são estruturas anatômicas normais encontradas em todas as faixas
etárias. São vasos sanguíneos que formam uma espécie de coxim localizadas no
segmento anorretal (4cm distais do intestino).
As hemorróidas se tornam sintomáticas como resultado de
atividades que aumentam a pressão venosa, resultando em distensão e
ingurgitamento. A diarréia crônica, constipação intestinal, ficar sentado por
tempo prolongado, gravidez, obesidade, e dieta pobre em fibras podem contribuir
para seu aparecimento. Com o tempo, a distensão e o aumento desses coxins
venosos podem resultar em sangramento ou protrusão das hemorróidas.
Os principais problemas atribuídos à doença hemorroidária são o
sangramento, eliminação de muco e desconforto anal.
O sangramento anal é geralmente vermelho vivo e sempre
relacionado com as evacuações. A hemorragia é freqüentemente esporádica e em
forma de raias nas fezes. Raramente leva a anemia. Quando presente em menor
quantidade, é percebida apenas durante a higiene anal.
Inicialmente as hemorróidas são confinadas ao canal anal. Com o
passar do tempo, elas podem crescer e prolapsar pelo canal anal, primeiramente o
prolapso ocorre durante a evacuação e retorna espontaneamente, posteriormente
podem permanecer cronicamente protuídas. As hemorróidas cronicamente protuídas
podem resultar em produção excessiva de muco e conseqüente irritação e coceira
anal.
O desconforto anal é, geralmente, decorrente do edema local e
ingurgitamento venoso, observado mais freqüentemente em pessoas que fazem muito
esforço evacuatório. Já a presença de dor anal às evacuações não é comum,
aparecendo apenas na presença de complicações (hematoma perianal, trombose e
tromboflebite hemorroidária), ou na associação com outras afecções anorretais,
como abscesso e fissura anal.
O diagnóstico deve ser suspeitado pela presença dos sintomas
acima expostos. Deve ser lembrado que a doença hemorroidária raramente acomete
crianças e adolescentes e portanto, a presença de sangramento anal nessa faixa
etária não deve ser atribuída primariamente à hemorróida e, sim, à presença de
pólipos ou à fissura anal.
O diagnóstico é confirmado pelo exame proctológico com
retossigmoidoscopia, podendo ser necessária a realização de colonoscopia para
excluir outras doenças associadas, como o câncer colorretal, especialmente nos
pacientes com mais de 40 anos de idade.
Como citado anteriormente, as hemorróidas fazem parte da
anatomia humana normal e, portanto, necessitam de tratamento apenas quando
sintomáticas. A terapêutica a ser instituída dependerá do tipo de sintoma
apresentado, da sua gravidade, assim como do grau de intensidade do prolapso.
Inúmeros tratamentos clínicos ou cirúrgicos podem ser empregados na abordagem de
pacientes com doença hemorroidária, cabendo ao proctologista experiente
encontrar o mais eficiente para cada caso.
Tratamento conservador
O tratamento clínico está indicado para aqueles pacientes com
sintomas discretos e esporádicos, com longos períodos sem a presença dos
sintomas, que não se constituem em problema sério para o paciente. Nas
gestantes, principalmente no terceiro trimestre, quando exacerbados os sintomas
dessa enfermidade, o tratamento deve ser conservador, exceção feita nos casos de
complicações que não melhoram apesar da medicação instituída. As pessoas com
outros problemas mais graves de saúde também devem ser manejadas de modo
conservador.
Os principais princípios do tratamento da doença hemorroidária
consistem em:
Medidas dietéticas
Recomenda-se a ingestão de dieta rica em fibras (dose diária de 20 a 25g/dia), que inclua verduras cruas e cozidas, legumes, frutas, como mamão, laranja com bagaço, e farelo ou germe de trigo. Além do regime alimentar, é de extrema importância à ingestão de líquidos (1,5 a 2,0 litros/dia) e evacuar sempre que sentir o desejo de fazê-lo. A supressão do álcool, pimentas e condimentos, dada a sua ação irritante sobre as mucosas, e de alimentos constipantes (farináceos, banana-maçã, maçãs, pêra etc.) constitui medida necessária para evitar novas crises.
Cuidados locais
Abolir o uso de papel higiênico, substituindo-o pela higiene através de banho de assento com água morna. Caso ocorra insucesso com as medidas alimentares adotadas para regularização do hábito intestinal, pode-se usar substâncias que aumentam o bolo fecal, como o psilium, fruto de sene, metilcelulose, semente de plantago ou outros preparados à base de sementes.
Uso de pomadas e supositórios anestésicos
Para alívio temporário do desconforto local. Não devem ser utilizadas por períodos prolongados, pois pode causar irritação.
Uso de medicamentos
Como a diosmina, que aliviam os sintomas locais, principalmente nas crises.
Nas hemorróidas que não respondem satisfatoriamente ao
tratamento medicamentoso e às medidas higienodietéticas, outros métodos
conservadores, porém invasivos, têm sido utilizados, como escleroterapia,
ligadura elástica, crioterapia, fotocoagulação (Infrared) e diatermia
bipolar.
Tratamento cirúrgico
Atualmente, calcula-se que o tratamento cirúrgico seja
reservado para cerca de 10% a 20% das pessoas com doença hemorroidária, sendo a
maioria (80%-90%) adequadamente tratada pelas modalidades terapêuticas
conservadoras – medidas clínicas, escleroterapia, ligadura elástica e
outros.
A escolha pela conduta cirúrgica nos portadores de hemorróidas
crônicas deve ser individualizada, baseando-se na intensidade dos sintomas e no
impacto que os mesmos causam no estilo de vida do paciente, resposta às medidas
conservadoras de tratamento, coexistência de outras afecções orificiais que
apresentem indicação cirúrgica e aceitação do paciente ao método cirúrgico.
Copyright © 2005 Bibliomed, Inc. 17 de Outubro de
2005.
Fonte SaudeWeb
Nenhum comentário:
Postar um comentário