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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Como preservar o meio ambiente e reduzir custos na Saúde?

Mais do que a preocupação ambiental, os gestores hospitalares têm em sua lista de prioridades um item importante: o resultado financeiro. Assim, se faz necessário mensurar os ganhos de economia pelo racionamento de recursos naturais
 
Por Patrícia Santana | Especial para a FH
 
O setor de saúde é responsável por mais de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A contribuição do sistema de saúde e de todos os seus atores para a economia é incontestável. De 2003 a 2008, ou seja, em cinco anos, a preocupação com a saúde vem pesando mais no orçamento das famílias brasileiras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a parcela dos gastos mensais, no total do orçamento mensal familiar, destinada à assistência à saúde subiu de 5,7% para 5,9%.
 
Sendo a saúde um fator de impacto na economia, há de se ponderar também a sua representação sob o viés ambiental e social. Práticas sustentáveis que já estão evoluídas em outras indústrias ainda estão em discussão no ramo hospitalar. Iniciativas como a Organização Não Governamental (ONG) Hospitais Saudáveis, que buscam mobilizar o setor para a proteção do meio ambiente e para a questão social, discutem formas de fazer com que entidades de saúde sejam mais ativas nestas questões. Entretanto, a evidente realidade é que os hospitais buscam cumprir as legislações ambientais e ainda julgam ações filantrópicas como soluções sustentáveis.
 
Por isso, a FH buscou no mercado e nas próprias indústrias algumas soluções sustentáveis, que extrapolam apenas o discurso do ecologicamente correto e fazem, de fato, a diferença na gestão hospitalar, reduzindo não só o impacto ambiental e social, mas também interferindo nos custos das instituições. Tanto na área de geração e manutenção de energia, quanto na alimentação encontramos empresas e hospitais apostando em propostas sustentáveis.
 
Para o sócio diretor da Lanakaná Princípios Sustentáveis, Rodrigo Henriques, o principal equívoco das instituições hospitalares reside em tratar a sustentabilidade de forma separada das outras iniciativas de gestão. “Já estive em organizações onde tratavam os temas de qualidade de forma totalmente isolada das ações de sustentabilidade, ocorrendo inclusive resistência das pessoas envolvidas em incorporar os princípios de sustentabilidade por acharem que se tratava de um assunto ‘paralelo’ e não central na gestão”, conta o consultor.
 
Henriques propõe que a sustentabilidade seja imersa em todo o modelo de gestão da organização, se relacionando com sua estratégia e visão de longo prazo. Para as soluções sustentáveis e a própria sustentabilidade ganharem importância na gestão hospitalar, o consultor avalia que é preciso envolver outros atores, além da indústria e dos complexos hospitalares. “Depende de regulamentações e fiscalizações”, defende.
 
Mais do que a preocupação ambiental, os gestores hospitalares têm em sua lista de prioridades um item importante: o resultado financeiro. Assim, se faz necessário mensurar os ganhos de economia pelo racionamento de recursos naturais. Além dos resultados tangíveis, existem os ganhos intangíveis, como a marca, reputação, gestão do risco, qualidade da gestão, humanização, saúde do colaborador e inovação. “A premissa que acompanha o tema sustentabilidade é trocar a visão de curto prazo pela de longo prazo”, pontua.
 
Energia verde
Quando se trata de energia e preservação ambiental, a primeira alternativa comercial para as instituições hospitalares é o uso do gás natural. Mas, ainda assim, há emissão de gases que impactam nas mudanças climáticas.
 
Na Comgás, há um serviço chamado cogeração, em que, da geração de energia elétrica e outras utilities a partir de um motor gerador a gás ou turbina, a energia térmica para gerar outras energias é recuperada, o que em um projeto convencional seria descartado. “Fazendo uma recuperação a vapor, conseguimos gerar uma ou mais energias com uma fonte”, resume o gerente de Cogeração & Climatização da Comgás, Pedro Luiz da Silva Jr.
 
A ideia da cogeração é recuperar o calor que seria jogado na atmosfera e transformá-lo em energia novamente. “Isso é sustentabilidade e racionalização do uso do recurso, o que contribui para aquisição de selos verdes. Você está deixando de emitir gases pela eficiência energética”, argumenta o executivo da Comgás.
 
Essa solução, que já é homologada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é chamada de geração distribuída por meio de cogeração qualificada. De acordo com Júnior, é possível atingir uma redução de emissão de gases estufas de 15% a 20%, se comparada à geração de termoelétrica a gás.

Além da contribuição para a preservação do meio ambiente, a cogeração tem atributos que podem agregar valor aos hospitais, como:
 
Segurança da energia: A cogeração faz com que o hospital se torne um auto-produtor de energia segura e de qualidade.
 
Custo operacional: Dependendo do perfil e do balanço energético, os hospitais têm demanda de vapor e água quente, principalmente aqueles que possuem lavanderia própria. “Essa energia pode ser gerada a partir de uma caldeira no modo tradicional. Mas é possível substituir essa queima direta pela eficiência energética da cogeração, o que traz menor impacto ambiental”, reforça.
 
Tarifa diferenciada: A Agência Reguladora de Serviços do Estado de São Paulo oferece uma tarifa que chega a ser até 50% menor do que a convencional (queima direta) para instituições que fazem cogeração.
 
De uma forma geral, Silva avalia que a cogeração é uma forma de diversificar a matriz energética dos hospitais. Apesar dos benefícios, o gerente da Comgás avalia que ainda existe uma resistência em usar a solução por parte dos hospitais, por falta de cultura. “Em geral, os hospitais fazem a gestão interna de serviços que podem ser terceirizados e, para operar uma usina, é preciso ter conhecimento técnico. Como a grande parte das instituições não sabe operar uma usina e não há capacitação, falta confiança para entregar a um terceiro”, posiciona-se.
 
A Comgás está hoje em negociação avançada com uma instituição hospitalar de São Paulo para a implantação da cogeração.
 
No que se referente especificamente à energia, a Dalkia opera e gerencia toda cadeia, desde a aquisição, produção e transformação ao consumo energético. Na Dalkia, o mercado de saúde brasileiro representava de 5% a 10% do faturamento em 2007. Hoje, o segmento é responsável por 35%.
 
Segundo o desenvolvedor de negócios da área de hospitais da Dalkia Brasil, Maurício Almendro, o mercado de saúde está começando a procurar alternativas energéticas aliadas à redução de custo. “O principal motivador para buscar uma opção energética é a redução de consumo e custos. Por isso, soluções que envolvem altos investimentos são declinadas na maioria dos casos”, avalia.
 
Na opinião de Almendro, existem soluções energéticas, como o uso da biomassa, mas o mercado hospitalar ainda tem que passar pela fase inicial da gestão de utilities, revisão contratual e soluções corriqueiras de geração de energia de ponta, com o aproveitamento do ar condensado na geração do vapor, varejadores de água, tratamento de efluentes, revisão da iluminação, rotinas de equipamentos, caldeiras, aquecedores, etc. “Estas soluções já são usuais na indústria, mas ainda não são corriqueiras nos hospitais”, sinaliza.
 
O Hospital do Subúrbio, localizado em Salvador (BA), buscou uma alternativa construindo placas de aquecimento solar, o que garantiu a eficiência energética, aproveitando o próprio clima do Estado. “Na Bahia, o número de dias de sol por ano é maior do que em São Paulo e o hospital é horizontal, o que favoreceu o sucesso do projeto. Esse tipo de solução ainda é pouco explorado em hospitais do nordeste brasileiro, por exemplo, mesmo que existam linhas de crédito específicas para este tipo de projeto”, exemplifica o executivo da Dalkia.
 
Comida sustentável
Hospital Metropolitano, de São Paulo, tem um projeto de promover a sustentabilidade por meio da alimentação. Para isso, possui receitas sustentáveis (com aproveitamento total dos alimentos), faz a reciclagem do óleo produzido na cozinha da entidade, promove a segregação de resíduos orgânicos e inorgânicos, faz uso de equipamentos de menor consumo / plano de manutenção, utiliza temperos naturais nas preparações das refeições do hospital e usa produtos de limpeza biodegradáveis. Todas estas ações garantiram para a entidade o selo Green Kitchen, em abril deste ano. “Reduzimos em 20% a quantidade de óleos, sal e açúcar nos sachês oferecidos para que as pessoas temperem sua própria refeição. Isso também é uma forma de induzir as pessoas ao comportamento sustentável”, conta a diretora de sustentabilidade da Sodexo Puras, Ana Cristina Coleti.
 
Esta iniciativa implantada no Hospital Metropolitano faz parte de um programa mundial de sustentabilidade da Sodexo Puras. Dentro de um conceito que atua com soluções sustentáveis para nutrição, saúde e bem estar, preservação do meio ambiente e desenvolvimento das comunidades, a empresa elabora ações adequadas à realidade brasileira.
 
Com o viés da nutrição, saúde e bem estar, existe o projeto de aproveitamento total do alimento, em que a Sodexo desenvolveu um cardápio com receitas sustentáveis, que aproveitam todos os itens dos alimentos, inclusive talos e cascas, que usualmente são descartados.
 
Nas receitas e no preparo, há uma redução do uso de óleo e outros itens químicos que impactam no meio ambiente. “Além de trazer mais qualidade de vida aos pacientes e colaboradores, reduzimos o impacto com o meio ambiente e conseguimos diminuir de 15% a 20% a produção de lixo orgânico dos hospitais”, conta a diretora.
 
Hoje, todos os clientes hospitalares da Sodexo fazem parte do programa de aproveitamento total do alimento. O projeto surgiu em setembro de 2011, quando a empresa buscava ampliar o receituário com sustentabilidade. Na ocasião, a entidade treinou 945 pessoas e investiu 3.780 horas de treinamento para o projeto receitas sustentáveis. “Não mudamos a forma de trabalho, apenas precisamos ensinar a tratar, armazenar e usar insumos que antes iam para o lixo”, reforça Ana.
 
Saiba mais
A agricultura é responsável por 70% do total do consumo de água potável e água subterrânea em nível mundial. Estima-se que uma redução de 50% do desperdício de alimentos em nível mundial permitiria economizar cerca de 1.350 km³ de água a cada ano.
 
Fonte SaudeWeb

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