Em 20 anos, projeção é aumento de 67% nos casos brasileiros
Fernanda Aranda, iG São Paulo 05/06/2010 12:00
Uma mistura de envelhecimento da população, sedentarismo, obesidade e alimentação nada saudável tem feito com que o Brasil avance no ranking internacional de diabetes.
Os relatórios da Federação Internacional de Diabetes (FID) colocam luz neste problema. Os dados divulgados para as sociedades médicas de todo mundo mostram que o País ocupa, atualmente, o 5º lugar na lista mundial de nações com o maior número de portadores da doença. Em 2007, último ano da publicação do chamado “atlas global da doença”, os brasileiros estavam na 8ª posição.
Ainda que a própria FID reconheça que a metodologia para contabilizar os casos foi aperfeiçoada (o que comprometeria a comparação de resultados), os autores do trabalho afirmam que o avanço mundial em proporções da epidemia do diabetes é consolidado, saindo de 135 milhões em 1995 para os atuais 285 milhões de habitantes.
Os já numerosos diabéticos do Brasil (7,6 milhões atualmente) vão aumentar ainda mais, segundo as projeções da FID. Em 20 anos, os adultos com a doença (entre 20 e 79 anos) vão crescer 67,1%, o quinto maior aumento mundial de população que convive com o problema metabólico.
Estão à frente do Brasil no grupo de maior aumento expressivo de diabetes, o Paquistão (94,3% de aumento), a Indonésia (81,4%), México (75%) e Índia (71,2%). Não por coincidência, define Harvey Katzeff – professor adjunto de Medicina do Albert Einstein College of Medicine e médico do Ambulatório de Diabetes do Montefiore Medical Center – são países em desenvolvimento, que passam por uma transformação cultural na questão da alimentação (mais fast food) e dedicam cada vez menos tempo para atividades físicas.
Irmã da obesidade
“O aumento do diabetes está em todos os lugares, mas é mais forte em locais que estão em desenvolvimento”, afirmou Katzeff em entrevista ao iG. “O crescimento do diabetes acompanha o avanço da obesidade. A alimentação, a má alimentação, é responsável por este fenômeno”, diz.
No Atlas, o grupo de pesquisadores do FID alertam para as diferenças de incidência de diabetes na população mundial. Segundo eles, “nos países desenvolvidos, a maior parte dos portadores de diabetes tem mais de 60 anos”. Já nos países em desenvolvimento, “o grande aumento de casos é na chamada população economicamente ativa, entre 40 e 60 anos”.
O prejuízo do diabetes atingir diretamente as pessoas que dão fôlego para a mão-de-obra dos países foi calculado em uma pesquisa feita por um dos laboratórios fabricante de medicamentos para o controle da doença. Entre os 600 diabéticos que participaram do estudo da Merck Sharp & Dhome, 20% informaram que a capacidade de trabalhar foi afetada, sendo que deste total 12% informaram que estão sem trabalhar ou tiveram de abandonar o serviço no ano anterior ao da pesquisa.
Medicamentos e novas tecnologias
No Brasil, só até março deste ano, os diabéticos ocuparam 36.267 leitos em todas as unidades de saúde públicas. Os pacientes internados por causa da doença estão em ascensão, o que mostra que as complicações relacionadas à dificuldade de controlar a glicose (em casos mais graves há casos de cegueira e amputação de membros) também estão crescendo.
Entre 2008 e 2009, mostram os números, a ampliação de pacientes com diabetes internados foi de 7,1%, passando de 131.734 para 141.174. Os medicamentos para controlar a doença já aumentaram a qualidade e hoje têm menos efeitos colaterais – antes a maior reclamação dos pacientes era o ganho de peso (ainda assim, as drogas metabólicas não podem ser usadas para emagrecer).
Além das medicações, os pesquisadores brasileiros também estão empenhados em descobrir técnicas cirúrgicas capazes de controlar a doença metabólica. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica afirma que o País é um dos principais em pesquisas na área, mas nenhum procedimento ainda foi reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina. O CFM montou um grupo para avaliar estas propostas.
Ranking de 2007
1º - Índia
2º - China
3º - EUA
4º - Rúsiia
5º - Alemanha
6º - Japão
7º - Paquistão
8º - Brasil
9º - México
10º - Egito
Ranking de 2010
1º - Índia
2º - China
3º - EUA
4º - Rússia
5º - Brasil
6º - Alemanha
7º - Paquistão
8° - Japão
9º - Indonésia
10º - México
Ranking de 2030 (projeção)
1º - Índia
2º - China
3º - EUA
4º - Paquistão
5º - Brasil
6º - Indonésia
7º - México
8º - Bangladesh
9º - Rússia
10º - Egito
http://saude.ig.com.br/brasil+avanca+no+ranking+internacional+do+diabetes/n1237653069583.html
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Quase 25% da população sofre de hipertensão
Entre idosos, índice chega a 63%, segundo dados do Ministério da Saúde. Hábito alimentar e modo de vida são apontados como causas
iG São Paulo 26/04/2010
Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde mostram que a hipertensão tem avançado no Brasil – passou de 21,5% da população em 2006 para 24,4% no ano passado. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, no entanto, os números já chegam a 30% em todo o país.
Entre as causas apontadas para esse aumento, além das questões genéticas, estão o baixo consumo de frutas e verduras e o alto consumo de carnes gordas e refrigerantes. Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, um modo de vida cada vez mais sedentário também contribui para esse avanço.
É difícil trabalhar com questões estruturais, com dinâmicas familiares, com a produção de alimentos, com a construção de uma consciência nova”, avaliou. “Mas é preciso chamar a atenção porque a hipertensão, dentro das doenças crônicas, tem fatores múltiplos como a genética, a falta de atividade física, o sobrepeso e o estresse”, completou.
O governo promete investir R$ 1,5 milhão em cartazes e folders, além de peças veiculadas na televisão e no rádio no combate à doença.
63% dos idosos são hipertensos
A pesquisa divulgada pelo ministério foi feita com 54 mil adultos e mostra que a prevalência da doença, entre 2006 e 2009, aumentou em todas as faixas etárias – sobretudo entre os idosos. Atualmente, 63,2% das pessoas com 65 anos ou mais sofrem do problema. O índice, em 2006, era de 57,8%.
Entre a população até 34 anos, os números não passam de 14%. Já dos 35 aos 44 anos, a taxa é de 20,9%. Dos 45 aos 54 anos, chega a 34,5% e, dos 55 aos 64 anos, totaliza 50,4%.
O estudo mostra ainda que a proporção de hipertensos é maior entre as mulheres – 27,2% contra 21,2% entre os homens. Além disso, mais casos são registrados entre aqueles que têm menor escolaridade. Entre os adultos com oito anos de escolaridade, por exemplo, o índice é de 31,5%, enquanto entre os com nove, dez ou 11 anos de estudo soma 16,8%.
O estudo lançado nesta segunda-feira, Dia Nacional de Combate à Hipertensão, tem como foco a prevenção da hipertensão por meio de escolhas individuais como hábitos alimentares saudáveis e o combate ao sedentarismo e à obesidade. A parceria inclui as sociedades brasileiras de Cardiologia, de Hipertensão e de Nefrologia.
"Inimiga silenciosa"
A hipertensão é uma “inimiga silenciosa da saúde”, já que não apresenta sintomas. A orientação é que as pessoas tenham como hábito aferir a pressão, que deve estar dentro da média de 12 por 8.
A pessoa é considerada hipertensa quando a pressão arterial é igual ou superior a 14 por 9.
A doença é causada pelo aumento na contração das paredes das artérias para fazer o sangue circular pelo corpo. O movimento acaba sobrecarregando órgãos como o coração, os rins e o cérebro. Se não for tratada, a hipertensão pode provocar complicações como o entupimento de artérias, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e infartos.
http://saude.ig.com.br/quase+25+da+populacao+sofre+de+hipertensao/n1237596852825.html
Começa hoje gratuidade de remédios para diabetes e hipertensão
Rede de 15.069 estabelecimentos conveniados ao sistema Aqui Tem Farmácia Popular passa a oferecer benefício em todo o País
rede de 15.069 farmácias e drogarias conveniadas à rede “Aqui Tem Farmácia Popular” passa a oferecer, a partir desta segunda-feira, medicamentos gratuitos para o tratamento de hipertensão e diabetes a lista d. De acordo com o Ministério da Saúde, o programa beneficia cerca de 1,3 milhão de brasileiros por mês. Destes, aproximadamente 660 mil são hipertensos e 300 mil, diabéticos.
Para obter os medicamentos o usuário deve comparecer em qualquer um dos estabelecimentos credenciados portando CPF, documento com foto e receita médica, de até quatro meses atrás, que pode ser emitida tanto por médico particular, quanto por profissionais do sistema público.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 33 milhões de brasileiros sofrem de hipertensão arterial. Destes, 80% – ou aproximadamente 22,6 milhões de hipertensos – são atendidos na rede pública de saúde. Entre os 7,5 milhões de diabéticos, seis milhões (80% do total) recebem assistência no Sistema Único de Saúde (SUS). Este aumento no número de pessoas com hipertensão, diabetes e obesidade – também conhecidas como “epidemia do século” – é atribuído, pelo Ministério, a padrões alimentares e de qualidade de vida, fortemente associados à má alimentação, falta de atividade física e ao estresse.
Além destes medicamentos o governo federal também financia 90% do valor de referência dos medicamentos no Aqui Tem Farmácia Popular, cujo orçamento para 2011 é de R$ 470 milhões.
Confira, abaixo, os princípios ativos dos medicamentos contra hipertensão e diabetes que passam a ser oferecidos gratuitamente a partir de hoje:
Hipertensão
Captopril 25 mg, comprimido
Maleato de enalapril 10 mg, comprimido
Cloridrato de propranolol 40 mg, comprimido
Atenolol 25 mg, comprimido
Hidroclorotiazida 25 mg, comprimido
Losartana Potássica 50 mg
Diabetes
Glibenclamida 5 mg, comprimido
Cloridrato de metformina 500 mg, comprimido
Cloridrato de metformina 850 mg, comprimido
Insulina Humana NPH 100 UI/ml – suspensão injetável, frasco-ampola 10 ml
Insulina Humana NPH 100 UI/ml – suspensão injetável, frasco-ampola 5 ml
Insulina Humana NPH 100 UI/ml – suspensão injetável, refil 3ml (carpule)
Insulina Humana NPH 100 UI/ml – suspensão injetável, refil 1,5ml (carpule)
Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola 10 ml
Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola 5 ml
Insulina Humana Regular 100UI/ml, solução injetável, refil 3ml (carpules)
Insulina Humana Regular 100UI/ml, solução injetável, refil 1,5ml (carpules)
Confira os estabelecimentos por Estado no link abaixo:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=30296
Cuba registra primeira vacina terapêutica contra câncer de pulmão
Teste foi realizado com mais de mil pacientes, sem que tenham surgido efeitos colaterais
AFP 10/01/2011 18:28
Cuba registrou a primeira vacina teraupêutica contra o câncer de pulmão, após testar sua eficácia em mais de mil pacientes sem que tenham ocorrido efeitos colaterais, informou uma autoridade científica nesta segunda-feira (10).
"Foram mais de 15 anos de pesquisas", disse Gisela González, chefe do projeto, ao semanário Trabajadores. Denominada CIMAVAX-EFG -, a vacina tem o objetivo de transformar o câncer de pulmão avançado em uma doença crônica controlável.
O registro permite usar a vacina maciçamente no país, bem como nos mil pacientes aos quais foi administrada durante os testes, e "atualmente seu registro avança em outras nações", informou a especialista.
"Uma vez que o paciente termina o tratamento com radioterapia ou quimioterapia e é considerado um paciente terminal, sem alternativa terapêutica, neste momento é aplicada a vacina, que ajuda a controlar o crescimento do tumor sem toxicidade associada. Ela pode ser usada como um tratamento crônico que aumenta a expectativa e a qualidade de vida do paciente", ressaltou.
A vacina "está baseada em uma proteína que todos temos: o fator de crescimento epidérmico", acrescentou González. "Igualmente se avalia a forma de empregar o princípio desta vacina em outros tumores sólidos (em próstata, útero e mama), que podem ser alvo deste tipo de terapia. Existem resultados importantes, mas é preciso esperar", concluiu.
http://saude.ig.com.br/minhasaude/cuba+registra+primeira+vacina+terapeutica+contra+cancer+de+pulmao/n1237937054752.html
Câncer de pulmão pode ter nova terapia
Estudo brasileiro mostrou que a combinação de duas drogas levam a um aumento de até 20% na expectativa de vida
Um estudo conduzido no Centro de Evidências em Oncologia (Cevon) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) atestou a eficácia da combinação de irinotecano e cisplatina para o tratamento de um determinado tipo de câncer de pulmão.
Segundo a análise feita na tese de doutorado do médico João Paulo Lima, do Hospital do Câncer de Barretos (SP), esses medicamentos, combinados, demonstraram maior precisão no combate ao câncer pulmonar classificado como de pequenas células e, de acordo com o oncologista André Deeke Sasse, coordenador do Cevon, podem levar a um aumento de até 20% na expectativa de vida dos pacientes com esse tipo de câncer, considerado o mais agressivo entre os que atingem o pulmão.
As análises do uso desses dois medicamentos apontaram para efeitos colaterais mais brandos do que os vistos após sessões de quimioterapia realizadas com cisplatina e etoposídeo ou carboplatina e etoposídeo, combinações utilizadas atualmente no tratamento desse tipo de câncer de pulmão e que causam náuseas, queda de cabelo, diminuição da imunidade e fadiga, entre outras reações.
Orientados por Sasse, entre 2009 e 2010 quatro pesquisadores fizeram uma revisão sistemática da literatura e avaliaram dados publicados e não publicados sobre 3.086 pacientes ao redor do mundo, incluídos em oito estudos apresentados em congressos ou em artigos em revistas científicas.
O estudo brasileiro foi publicado em dezembro de 2010 na revista científica Journal of Thoracic Oncology, da Associação Internacional para Estudo do Câncer de Pulmão, uma das principais fontes mundiais de informação sobre tratamento de câncer de pulmão.
Além dos resultados coletados fora do Brasil, em 2010 o oncologista André Sasse usou a combinação medicamentos em seis casos em seu consultório. O câncer de pulmão de pequenas células está quase sempre associado ao tabagismo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://saude.ig.com.br/minhasaude/cancer+de+pulmao+pode+ter+nova+terapia/n1238007154059.html
Cirurgia: Ortopedistas acusam planos de saúde de ingerência
Empresas dificultariam uso de próteses de qualidade - mais caras - em cirurgias
Médicos que trabalham com implantes de próteses e órteses (como os coletes para corrigir a postura) dizem enfrentar dificuldades para obter liberação de materiais cirúrgicos pelos convênios desde que foi publicada, em outubro de 2010, uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) para regulamentar a prática. Para amenizar o problema, o CFM propôs às sociedades médicas a criação de protocolos que determinem como cada procedimento deve ser realizado.
Embora tenha reforçado que cabe ao médico escolher as características do material implantável, a norma do CFM proibiu os profissionais de especificar no pedido o nome de um único fornecedor ou marca. O objetivo é evitar o assédio da indústria de equipamentos sobre os médicos e garantir que a escolha seja feita apenas por critérios técnicos. Os médicos, porém, alegam que os convênios têm se valido dessa proibição para não autorizar o uso de materiais de características únicas. Afirmam também que a medida coloca em cheque a autonomia do profissional, que teria o direito de preferir determinada marca.
No caso de um ortopedista que precise realizar uma prótese de ombro, por exemplo, existem mais de 30 opções de marca no mercado. Para cada uma há uma técnica diferente. "O médico, no entanto, consegue treinar apenas uma ou duas dessas técnicas, pois há limitações geográficas e econômicas", diz Osvandré Lech, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
Para Pedro Puech, professor da Faculdade de Medicina da USP, sem a especificação da marca, aumentam as chances das operadoras de vetar materiais mais caros, que geralmente oferecem resultados superiores.
Convênio médico - Procurada pela reportagem, a Fenasaúde, entidade que representa os planos de saúde, afirmou que as empresas se amparam em protocolos clínicos e estudos técnicos para garantir o melhor atendimento a seus beneficiários.
A ideia de criar protocolos que descrevam os materiais mais indicados para cada procedimento é justamente a aposta do CFM para acabar com as brechas na resolução e pôr fim ao conflito. "Está fora de cogitação mudar a resolução. Mas estamos propondo às sociedades a criação desses protocolos, que, depois de estudados e aprovados pelo CFM, serão anexados ao texto original", diz Antônio Pinheiro, coordenador da equipe que elaborou a norma.
(Com Agência Estado)
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/ortopedistas-acusam-planos-de-saude-de-ingerencia
Remédios de uso comum em adultos devem ser evitados por idosos e crianças. Descubra quais são
Efeitos adversos vão desde intoxicação até distúrbios psicológicos
Você passa a vida toda tomando um remédio para hipertensão, mas, a uma certa idade, começa a sentir alguns efeitos colaterais. Ou então quer medicar seu filho, mas não encontra informações específicas sobre o uso do medicamento em crianças. Esse tipo de situação acontece porque grande parte das drogas possui eficácia e segurança para uso em adultos. Crianças e idosos reagem de maneira diferente aos medicamentos – seja porque o organismo não está completamente desenvolvido (caso das crianças), ou porque os órgãos começam a perder eficiência (caso dos mais velhos).
O R7 consultou especialistas no assunto e elaborou uma lista com os principais medicamentos que devem ser evitados por crianças e idosos, porque podem causar reações adversas. Esses efeitos vão desde intoxicação até distúrbios psicológicos.
A presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, Raquel Rizzi, explica que a idade afeta a ação do medicamento principalmente porque, tanto nas crianças como nos idosos, a metabolização da droga e a função renal são menos eficientes.
- De modo que, com algumas exceções, os medicamentos tendem a produzir efeitos maiores e mais prolongados nos extremos da vida.
De acordo com Silvia Pereira, presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), quando um laboratório testa a eficácia e segurança de um medicamento, os estudos são feitos primeiro com animais e, em seguida, com adultos, em geral jovens e saudáveis.
- Depois disso eles lançam no mercado. Mas aí vem para um homem brasileiro pobre de 70 anos. Pode, sim, ter diferença, porque nunca é experimentado nos mais velhos.
O farmacêutico André de Oliveira Baldoni, pesquisador da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, estuda as reações adversas em idosos. Segundo ele, grande parte dos efeitos colaterais nos mais velhos ocorre por causa da automedicação de anti-inflamatórios. Esses remédios, no entanto, podem causar problemas renais no idoso e hemorragia gastrointestinal.
Idosos: saiba quais são os principais remédios que podem causar efeitos adversos
Remédio Possíveis reações que podem ocorrer:
Benzodiazepínicos de meia-vida longa (diazepam): Sedação e risco de queda e fratura óssea
Antidepressivos tricíclicos (ADT): Boca seca, retenção urinária, taquicardia, hipotensão postural
Fluoxetina (antidepressivo): Agitação, distúrbios no sono
Anti-histamínicos de primeira geração (dexclorfeniramina): Sedação prolongada
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES): Desordens renais e hemorragia gastrointestinal
Metildopa (anti-hipertensivo): Diminuição da frequência cardíaca e agravamento da depressão
Clonidina (anti-hipertensivo): Hipotensão ortostática (queda rápida da pressão), efeitos no sistema nervoso central e boca seca
Carisoprodol e ciclobenzaprina (relaxantes musculares):Efeitos anticolinérgicos (afeta parte do sistema nervoso), sedação e fraqueza
Óleo mineral: Aspiração (pneumonia lipóide)
Cimetidina (Antiulceroso): Estado de confusão aguda
Bloqueadores de canais de cálcio (anti-hipertensivos) e antidepressivos tricíclicos em pacientes com constipação intestinal: Agrava a constipação intestinal
Crianças
A pesquisadora Anna Paula de Sá Borges, pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), está investigando as reações adversas causadas pelos medicamentos em crianças.
De acordo com ela, apenas 20% a 30% dos medicamentos aprovados pelo FDA, a agência americana que controla alimentos e medicamentos, apresentam especificações para uso em crianças.
- A falta de informações específicas da maioria dos fármacos está diretamente relacionada à dificuldade de realização de ensaios clínicos nessa população.
Seus estudos demonstram que a faixa etária mais suscetível a reações adversas são as crianças menores de cinco anos de idade. E os medicamentos que mais causam efeitos são os descongestionantes nasais, anticonvulsivantes, anti-histamínicos (usados para tratar alergias) e expectorantes.
O pediatra Sulim Abramovici, presidente do Departamento Científico de Emergências e Cuidados Hospitalares da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), confirma que esses quatro tipos de remédios são os mais perigosos para os pequenos.
- Os anticonvulsivantes prescritos criteriosamente, em doses adequadas e com controle, apresentam benefícios que superam os potenciais riscos. Os expectorantes e descongestionantes têm uso cada vez mais restrito. E os anti-histamínicos têm indicações precisas e doses que devem ser cuidadosamente prescritas, pois facilmente levam a intoxicações.
Anna Paula explica ainda que a utilização de medicamentos entre as crianças é frequentemente baseada em modificações das formulações para adultos.
- Isso aumenta o risco de reações adversas e tem eficácia não comprovada, colocando-as na posição de órfãs terapêuticas.
Sulim alerta ainda que existe uma pressão tanto da indústria farmacêutica como dos pais pelo uso de medicamentos.
- Existe uma pressão grande dos fabricantes, que dizem que, se você tomar remédio, os sintomas da doença vão passar mais rápido. Além disso, para algumas pessoas, ir ao médico e sair sem receita é quase uma frustração.
Crianças: saiba quais são os principais remédios que podem causar efeitos adversos
1-2 anos
Descongestionante nasal:Depressão respiratória
Broncodilatadores: Anóxia e lesão cerebral
Antiemético (contra enjoos: Intoxicação com manifestação neurológica
Analgésicos-antipiréticos, anti-inflamatórios antiespasmódicos: Intoxicação, apresentando agitação alucinações e delírios
Anti-infecciosos: Erupções cutâneas e distúrbios gastrointestinais
2-4 anos
Psicofármacos: Sonolência e ataxia cerebelar (problemas na coordenação)
Anti-infecciosos: Erupções cutâneas e distúrbios gastrointestinais
5-9 anos
Analgésicos-antipiréticos:Intoxicação, apresentando agitação alucinações e delírios
Psicofármacos: Sonolência e ataxia cerebelar (problemas na coordenação)
Anti-infecciosos: Erupções cutâneas e distúrbios gastrointestinais
http://noticias.r7.com/saude/noticias/remedios-de-uso-comum-em-adultos-devem-ser-evitados-por-idosos-e-criancas-descubra-quais-sao-20120211.html
Fumar maconha pode adiantar o aparecimento da esquizofrenia
Fumar maconha pode adiantar em quase três anos o aparecimento de esquizofrenia e de outros quadros psicóticos.
A conclusão é de uma revisão de 83 estudos científicos já publicados sobre a relação entre o consumo dessa erva e o transtorno.
Os resultados, divulgados no periódico médico "Archives of General Psychiatry", dão mais munição a pesquisadores que se opõem à liberação da substância ilícita.
No total, os pesquisadores das universidades de New South Wales, Austrália, e Emory, EUA, avaliaram dados de mais de 22 mil portadores de distúrbios psicóticos _sendo 8.167 deles usuários de maconha.
A doença aparecia em média 2,7 anos (cerca de 32 meses) antes entre quem consumia a erva do que nos membros do grupo-controle.
"Acredito que essa relação seja de causa e consequência, e a maconha tem um papel importante [no aparecimento precoce do transtorno] em certas pessoas", disse à Folha o psiquiatra australiano Matthew Large, um dos autores do estudo.
Uma hipótese é que pessoas com predisposição genética para esquizofrenia são mais suscetíveis à influência da maconha.
Nelas, os quadros psicóticos poderiam ser desencadeados pela alteração na concentração de neurotransmissores como dopamina e serotonina, causada pela droga, o que desregularia o funcionamento cerebral.
"Pessoas com histórico familiar de esquizofrenia devem ser instruídas a jamais usar essa droga. Não dá pra arriscar", diz Hélio Elkis, coordenador do Projeto Esquizofrenia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Segundo o psiquiatra, quanto mais cedo aparece a doença, pior o prognóstico. "Se surge na adolescência, o cérebro não teve tempo de se desenvolver completamente." Isso piora o deficit cognitivo, próprio do transtorno.
ANSIOLÍTICO
Mas para Marcelo Niel, psiquiatra do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, deve-se ter cuidado ao fazer a relação direta entre esquizofrenia e uso da cânabis.
"Em alguns pacientes com vulnerabilidade, isso pode acontecer, mas há fatores que devem ser considerados", ressalva.
Niel afirma que, como a esquizofrenia geralmente começa quando os indivíduos são adolescentes ou adultos jovens, pode ser que o consumo da substância esteja mais relacionado a um hábito do grupo social naquela idade do que a uma causalidade.
"E muitos pacientes esquizofrênicos começam a fumar maconha para aliviar os sintomas do estágio inicial da doença, como ansiedade e depressão", diz.
Matthew Large, o autor do estudo, sugere: "Jovens deveriam evitar o uso de maconha ou, mais precisamente, deveriam se conscientizar sobre os seus riscos.
Como informá-los disso já é outra história", completa.
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