Há poucos dias, uma equipe da Universidade de Washington (EUA) ganhou as manchetes no mundo todo ao demonstrar que os antibióticos aumentam a suscetibilidade da pessoa a uma infecção posterior por vírus
Antibióticos são medicamentos desenvolvidos para combater bactérias, e não vírus, e tem havido muitas campanhas para que os médicos não os receitem para casos que não sejam comprovadamente causados por bactérias por causa dos riscos de desenvolvimento de resistência microbiana. Mas esta também não parece ser a história toda – ou, pelo menos, pode não ser a história que ocorre o tempo todo.
Quando Smita Gopinath e Akiko Iwasaki, da Universidade de Yale (EUA), aplicaram um antibiótico tópico comum em camundongos antes ou logo após a infecção com herpes e outros vírus, o que se viu foi que o antibiótico desencadeou uma resistência antiviral nos animais. O antibiótico neomicina diminuiu a proliferação do vírus do herpes e seus sintomas.
Observe que os experimentos são diferentes: a equipe da Universidade de Washington constatou efeitos reforçadores da infecção viral quando o antibiótico foi tomado antes; a equipe de Yale constatou efeitos de combate ao vírus quando o antibiótico foi tomado depois. Os vírus estudados também são diferentes.
Antibióticos contra infecções virais
Ao estudar a questão mais a fundo, a equipe observou que houve uma maior expressão de genes que são estimulados por interferons – proteínas que bloqueiam a replicação viral. A neomicina acionou um receptor nas células imunológicas dos animais de laboratório que respondeu ao antibiótico como se fosse uma infecção viral. O efeito antiviral foi similar nos camundongos infectados com os vírus da gripe e zika.
Embora os resultados sejam notáveis, os pesquisadores se apressaram em afirmar que não estão encorajando o uso de antibióticos tópicos para tratar infecções virais em pessoas. Eles acrescentam, no entanto, que seu estudo aprofunda a compreensão do efeito antiviral de um antibiótico e pode levar ao desenvolvimento de melhores medicações antivirais. Os resultados foram publicados na revista Nature Microbiology.
Diário da Saúde