Pacientes atendidos pelo Programa Saúde da Família da Vila Piauí estão sem generalista
UBS Vila Piauí / Almeida Rocha/DiárioSP
Por falta de um médico generalista na equipe azul do PSF (Programa Saúde da Família) da UBS (Unidade Básica de Saúde) Vila Piauí, no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste da capital, pacientes têm de passar em uma consulta com enfermeira. Só em casos de necessidade de acompanhamento constante por doenças crônicas graves é que médicos das outras três equipes do posto os atendem de imediato.
Quem precisa de uma primeira consulta na equipe azul também tem de passar pela enfermeira. E também só será encaminhado para médico se o problema for grave.
“Em casos ‘simples’ (não foi explicado quais tipos), a enfermeira faz a consulta e diz quais remédios o paciente precisa tomar”, disse um atendente na recepção. Ele não explicou de que forma os medicamentos seriam prescritos.
A dona de casa Ângela Maria Cunha Miranda, de 57 anos, foi na última segunda-feira (18) à unidade e, como pertence à equipe azul, acabou informada de que só conseguiria marcar consulta com a enfermeira. Por isso, desistiu do agendamento.
“Tenho diabetes e preciso de acompanhamento com o médico para saber se continuo tomando insulina na quantidade indicada na última consulta, que foi há aproxidamente seis meses, ou se preciso mudar alguma coisa”, reclamou Ângela. “Afinal, o objetivo de um posto de saúde não é fazer consultas de rotina para a gente não precisar usar o serviço de emergência?”, questionou.
Ângela arriscou marcar a consulta, mas contou que, como não tem amparo da UBS Vila Piauí, ela e a família só vão ao prédio da unidade quando passam mal, pois no local também há uma AMA (Assistência Médica Ambulatorial), que oferece pronto-atendimento. “Mas só vou ao médico quando um problema aparece.”
Segundo o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), Eder Gatti, uma equipe de PSF sem médico generalista mostra que a estratégia da rede básica de saúde da Prefeitura está falha. “Uma equipe de saúde da família demanda um médico. E assim como todos os outros profissionais da equipe, o generalista faz falta. A lógica do PSF é o médico se fixar em uma região e criar uma referência para desenvolver um trabalho de longo prazo. Mas na rede básica de saúde da capital isso parece estar longe de ocorrer”, afirmou Gatti.
Por Felipe Sansone