No antigo Egito, a medicina sempre esteve vinculada à astrologia, e havia uma forte relação entre as plantas medicinais, planetas e signos correspondentes.
Os egípcios utilizavam as plantas condimentares de muitas formas, deixando-as até mesmo nas tumbas dos faraós e personalidades importantes, para que estes fizessem viagem segura aos outros planos da existência, segundo suas crenças. São comuns citações dos papiros relatando a adoração que o povo tinha pelas plantas.
O mais famoso deles é o Papiro Ebers, datado de 1550 a.C., que contém centenas de fórmulas e remédios populares usados na época. Continha uma coletânea de aproximadamente 125 plantas, entre elas anis, alcaravia, cardamomo, mostarda, açafrão e sementes de papoula. A história da aspirina também pode ser traçada a partir do antigo Egito, onde se combatiam inflamações com um extrato obtido da casca do salgueiro. Esse extrato é que, mais tarde, permitiu a síntese do ácido acetil salicílico – lançado comercialmente pela empresa alemã Bayer, em 1899, com o nome de Aspirina.
A cosmética também era bastante avançada para a época e os grandes templos eram constantemente perfumados por essências e incensos, e as mulheres dispunham de grande quantidade de elementos para o embelezamento, o que era extremamente valorizado em todos os segmentos da sociedade.
Muitas plantas eram cadastradas como elementos ricos de promoção do bem-estar físico, tais como a camomila, que era usada em óleos de massagem para acalmar dores musculares ou simplesmente para se obter um profundo relaxamento. Suas flores eram dispersas também nas águas de banheiras.
As pessoas daquela época preocupavam-se com a beleza e a aparência e utilizavam os elementos naturais para aperfeiçoar cuidados com o corpo e os cabelos, desenvolvendo perfumes requintados e até cremes feitos com plantas e ceras, utilizados para tratar rugas. Herbarium saúde – ano VI, n° 26, 2003
Como está lá no nosso Dicionário da Antiguidade Africano (no formo, prometido para este mês) nenhum outro povo antigo praticou a medicina no mesmo grau e com a mesma perfeição que os egípcios. Suas escolas médicas eram conhecidas por sua habilidade na cura dos males da humanidade. Provavelmente no século IX AC, o poeta grego Homero exclamou que, em termos de medicina, os egípcios suplantaram todos os povos de seu tempo. Cerca de 2 mil anos antes da chegada de Homero ao Egito, Imhotep já se destacava como pioneiro nas ciências médicas.
Os sacerdotes médicos do Egito faraônico chegaram ao ponto de desenvolver especializações como cirurgia, gastroenterologia, oftalmologia, odontologia e veterinária; e isto é mostrado no livro The Physicians of Pharaonic Egypt, de Paulo Ghalioungui et al., publicado na Alemanha Ocidental em 1983.
A medicina dos antigos egípcios, chamada sunt, compreendia quatro aspectos básicos: a cura pelos contrários; a cura pelos semelhantes; a prevenção de doenças e a magia. Cada um desses aspectos envolvia, na prática, especialização e sistematização, com registro de sintomas, diagnóstico, prognóstico e prescrições, além de técnicas cirúrgicas. Em Kemet, o verdadeiro nome do país na Antiguidade, o médico era sempre um sacerdote, de maior ou menor grau hierárquico, formado nos templos, que funcionavam também como locais de atendimento aos pacientes. Por volta de 2000 AC, os médicos keméticos já realizavam testes de gravidez através da urina e receitavam medicamentos anticoncepcionais.
Segundo documentos de época um pouco posterior, seus sucessores já faziam teste de acuidade visual e prescreviam remédios preventivos de infecções no globo ocular (aplicados em volta dos olhos e equivocadamente percebidos, nas esculturas e pinturas que nos chegaram, apenas como maquilagem). Também por esse tempo, os sábios egípcios já detinham conhecimentos anatômicos, inclusive sobre o cérebro e a medula humanos, que lhes permitia realizar delicados procedimentos cirúrgicos. E da mesma forma que dominavam complexas técnicas de cirurgia plástica reparadora, ortopedia e odontologia, esses médicos-sacerdotes serviam-se também da chamada “medicina dos excretos”, utilizando secreções e excrementos animais, bem como mofo, lama, ervas e metais danosos em combinações farmacológicas que anteciparam a composição de alguns dos modernos antibióticos e antiinflamatórios.
No campo da medicina preventiva, o velho Egito desenvolveu práticas contra doenças como cólera, lepra, tuberculose, tifo e moléstias venéreas. Isolamento, quarentena, cauterizações e imunizações através de fumigações ou banhos purificadores eram práticas corriqueiras em tempos de epidemias ou por conta de eventuais ameaças de contaminação. O conjunto de documentos conhecido como “Papiros Eberts”, datado de c. 1500 AC, e hoje no Museu de Leipzig, relaciona cerca de 125 plantas medicinais e fornece 811 receitas de cataplasmas, drágeas, elixires, gargarejos, inalações, instruções para fumigação, lavagens intestinais e ungüentos. Os diagnósticos e medicamentos desses papiros aplicam-se a uma vasta gama de males de afecções do aparelho respiratório a doenças cardiovasculares; de leucemia a males gastro-intestinais, de queimaduras a afecções do aparelho genito-urinário; de inchaço de gânglios a oftalmias.
Mas paralela e complementarmente a esta medicina que tratava do corpo, médicos-sacerdotes egípcios serviam-se também de procedimentos curativos ritualísticos, por entenderem que a base das doenças físicas, morais e espirituais residia no desequilíbrio entre sua relação com o Cosmos e sua natureza humana, desequilíbrio esse provocado por comportamentos excessivos ou faltosos de todo gênero. Segundo esse entendimento, o “mau comportamento” provocava sempre malefício ao corpo, manifestado numa perturbação de ordem física ou mental. O sacerdote-médico, então, trabalhava para reequilibrar a relação do paciente com o Cosmos, através de passes, canalização da energia vital da divindade afim ao paciente; e, em casos extremos, do recolhimento temporário desse paciente ao templo, para contato mais direto com as divindades.
Em qualquer desses procedimentos, a palavra falada representava papel importante. Daí, o uso, em qualquer processo de cura, de fórmulas pronunciadas tanto para conjurar influências e presenças espirituais negativas, chamadas afrits , bem para invocar e atrair espíritos e energias benfazejas.
No século IV AD, fanáticos cristãos incineraram , juntamente com cerca de 700 mil livros, quase todos os textos que concentravam os conhecimentos médicos dos antigos egípcios. Entretanto, o sistema grego, oriundo da escola egípcia de medicina fundada em Alexandria c. 300 AC, conseguiu conservar muito desse saber.
Os sacerdotes médicos do Egito faraônico chegaram ao ponto de desenvolver especializações como cirurgia, gastroenterologia, oftalmologia, odontologia e veterinária; e isto é mostrado no livro The Physicians of Pharaonic Egypt, de Paulo Ghalioungui et al., publicado na Alemanha Ocidental em 1983.
A medicina dos antigos egípcios, chamada sunt, compreendia quatro aspectos básicos: a cura pelos contrários; a cura pelos semelhantes; a prevenção de doenças e a magia. Cada um desses aspectos envolvia, na prática, especialização e sistematização, com registro de sintomas, diagnóstico, prognóstico e prescrições, além de técnicas cirúrgicas. Em Kemet, o verdadeiro nome do país na Antiguidade, o médico era sempre um sacerdote, de maior ou menor grau hierárquico, formado nos templos, que funcionavam também como locais de atendimento aos pacientes. Por volta de 2000 AC, os médicos keméticos já realizavam testes de gravidez através da urina e receitavam medicamentos anticoncepcionais.
Segundo documentos de época um pouco posterior, seus sucessores já faziam teste de acuidade visual e prescreviam remédios preventivos de infecções no globo ocular (aplicados em volta dos olhos e equivocadamente percebidos, nas esculturas e pinturas que nos chegaram, apenas como maquilagem). Também por esse tempo, os sábios egípcios já detinham conhecimentos anatômicos, inclusive sobre o cérebro e a medula humanos, que lhes permitia realizar delicados procedimentos cirúrgicos. E da mesma forma que dominavam complexas técnicas de cirurgia plástica reparadora, ortopedia e odontologia, esses médicos-sacerdotes serviam-se também da chamada “medicina dos excretos”, utilizando secreções e excrementos animais, bem como mofo, lama, ervas e metais danosos em combinações farmacológicas que anteciparam a composição de alguns dos modernos antibióticos e antiinflamatórios.
No campo da medicina preventiva, o velho Egito desenvolveu práticas contra doenças como cólera, lepra, tuberculose, tifo e moléstias venéreas. Isolamento, quarentena, cauterizações e imunizações através de fumigações ou banhos purificadores eram práticas corriqueiras em tempos de epidemias ou por conta de eventuais ameaças de contaminação. O conjunto de documentos conhecido como “Papiros Eberts”, datado de c. 1500 AC, e hoje no Museu de Leipzig, relaciona cerca de 125 plantas medicinais e fornece 811 receitas de cataplasmas, drágeas, elixires, gargarejos, inalações, instruções para fumigação, lavagens intestinais e ungüentos. Os diagnósticos e medicamentos desses papiros aplicam-se a uma vasta gama de males de afecções do aparelho respiratório a doenças cardiovasculares; de leucemia a males gastro-intestinais, de queimaduras a afecções do aparelho genito-urinário; de inchaço de gânglios a oftalmias.
Mas paralela e complementarmente a esta medicina que tratava do corpo, médicos-sacerdotes egípcios serviam-se também de procedimentos curativos ritualísticos, por entenderem que a base das doenças físicas, morais e espirituais residia no desequilíbrio entre sua relação com o Cosmos e sua natureza humana, desequilíbrio esse provocado por comportamentos excessivos ou faltosos de todo gênero. Segundo esse entendimento, o “mau comportamento” provocava sempre malefício ao corpo, manifestado numa perturbação de ordem física ou mental. O sacerdote-médico, então, trabalhava para reequilibrar a relação do paciente com o Cosmos, através de passes, canalização da energia vital da divindade afim ao paciente; e, em casos extremos, do recolhimento temporário desse paciente ao templo, para contato mais direto com as divindades.
Em qualquer desses procedimentos, a palavra falada representava papel importante. Daí, o uso, em qualquer processo de cura, de fórmulas pronunciadas tanto para conjurar influências e presenças espirituais negativas, chamadas afrits , bem para invocar e atrair espíritos e energias benfazejas.
No século IV AD, fanáticos cristãos incineraram , juntamente com cerca de 700 mil livros, quase todos os textos que concentravam os conhecimentos médicos dos antigos egípcios. Entretanto, o sistema grego, oriundo da escola egípcia de medicina fundada em Alexandria c. 300 AC, conseguiu conservar muito desse saber.