Uma mulher que trabalha no setor de saúde do estado do Texas e que tratou uma vítima do Ebola apresentou resultado positivo para um contágio do vírus em um exame realizado nos Estados Unidos, o que representa um duro golpe na luta mundial contra a epidemia
Caso o resultado do exame preliminar divulgado no sábado seja confirmado, será a segunda pessoa diagnosticada com a doença no país e aparentemente a primeira a contrair o vírus no território dos Estados Unidos.
O Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) abriu uma investigação devido a este caso suspeito com o objetivo de detectar mais trabalhadores do setor de saúde expostos a este vírus.
"Não sabemos o que aconteceu no cuidado do paciente, o paciente original em Dallas, mas em algum ponto houve uma quebra no protocolo e esta quebra resultou na infecção", disse o chefe do CDC, Tom Frieden, à imprensa.
Segundo os funcionários de saúde, a doente - que pediu o anonimato - disse que não sabia se havia desrespeitado o protocolo de segurança.
O incidente ocorre um dia após o aeroporto de Nova York, JFK, se converter no primeiro a começar a aplicar controles mais rígidos a passageiros procedentes de Libéria, Serra Leoa e Guiné, os três países mais afetados por esta epidemia que deixou mais de 4.000 mortos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Outros aeroportos do país e do mundo também preveem aplicar medidas de controle mais específicas para os passageiros procedentes da África Ocidental.
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"Sabíamos que um segundo caso poderia ser uma realidade e estávamos preparados", afirmou o médico David Lakey, comissário do departamento de saúde do Texas.
"Ampliamos nossa equipe em Dallas e trabalhamos com extrema diligência para impedir a expansão", completou.
A pessoa afetada encontra-se no hospital, foi isolada e permanece estável.
O chefe clínico do departamento de Recursos Sanitários do Texas, Dan Varga, comentou que os funcionários estão muito preocupados porque, segundo eles, esta pessoa contraiu o vírus apesar de seguir todos os protocolos de segurança.
"Não é uma notícia que deva causar pânico", comentou, no entanto, o juiz do condado de Dallas, Clay Jenkins.
A Casa Branca informou que o presidente Barack Obama conversou por telefone com a ministra da Saúde, Sylvia Burwell, insistindo que os resultados da investigação de Dallas sobre as circunstâncias do contágio devem ser compartilhados "rapidamente e amplamente".
Os funcionários do hospital não revelaram a identidade da pessoa afetada nem forneceram detalhes sobre como aconteceu a exposição ao vírus. Mas os médicos se referem a "ela" quando falam do paciente e, segundo a rede CNN - que cita um funcionário não identificado -, trata-se de uma enfermeira.
A pessoa afetada trabalhava no Hospital Presbiteriano de Dallas (Texas), instituição que atendeu Thomas Eric Duncan, o liberiano que faleceu na quarta-feira passada vítima do Ebola.
Este caso comprova o temor da ONU e a crescente preocupação nos Estados Unidos sobre a propagação do vírus.
O CDC estimou que o número de casos em nível mundial pode aumentar no pior cenário a 1,4 milhão até janeiro.
Na Espanha, a atenção está voltada para o estado de saúde da auxiliar de enfermagem Teresa Romero, a primeira pessoa a contrair o vírus Ebola fora da África.
"Ela melhorou durante a noite. Está consciente e fala nos momentos em que está bem", disse uma fonte do hospital Carlos III de Madri.
"Ela está melhor, não tem mais febre, parece que mesmo estando gravemente doente, tudo está indo bem, e evoluindo de maneira satisfatória. É grave, mas estável, e isso nos dá esperanças", declarou o irmão da vítima, Jose-Ramon Romero, ao canal de televisão privado La Sexta.
Teresa Romero, hospitalizada desde a última segunda-feira, teria sido contaminada ao cuidar de um missionário espanhol repatriado a Madri e que morreu vítima do Ebola no dia 25 de setembro.
Quinze pessoas, em sua maioria funcionários do hospital e o marido de Romero, estão em observação. Até o momento nenhum deles apresentou sintomas de infecção.
A mobilização contra o vírus Ebola não deve "aterrorizar" o planeta e estigmatizar o continente africano, alertou no sábado a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
"Devemos nos mobilizar com extrema prudência para não assustar o mundo a respeito da África em seu conjunto", declarou a chefe do FMI, em Washington.
Lagarde defendeu o fim do isolamento de Guiné, Libéria e Serra Leoa, ao mesmo tempo que os países intensificam as medidas de controle sobre as pessoas procedentes dos três países da África ocidental.
A mobilização da comunidade internacional "deve servir para erradicar o Ebola, não para isolar os países", disse Lagarde.
Segundo o Banco Mundial, a epidemia poderia custar mais de 32 bilhões de dólares à África ocidental até o fim de 2015.
AFP / Terra