Conheça os diferentes tipos e como utilizar o medicamento
O que é?
Um broncodilatador é usado por quase todas as pessoas com asma como uma maneira de abrir as vias aéreas. Para o tratamento de sintomas de asma, há três tipos de broncodilatadores: beta-agonistas, anticolinérgicos e xantinas. Estes broncodilatadores estão disponíveis para inalação, por comprimido, líquido e formas injetáveis, mas o método mais utilizado para os beta-agonistas e anticolinérgicos é por inalação.
O aparelho usado para inalação de broncodilatadores é chamado de nebulímetro, ou bombinha de asma, e nada mais é do que um spray ou um inalador dosimetrado, ou seja, quando acionado libera uma pequena dose da substância presente em seu interior.
Os broncodilatadores são separados entre curta e longa duração:
Curta duração
Broncodilatadores de ação curta também são chamados de broncodilatadores de ação rápida". Esses broncodilatadores aliviam os sintomas agudos de asma ou ataques, muito rapidamente, abrindo as vias aéreas. A ação dos broncodilatadores inalatórios começa dentro de minutos após a inalação e tem a duração de duas a quatro horas. Broncodilatadores de curta duração também são usados antes do exercício para prevenir a asma induzida pelo exercício.
O uso excessivo de broncodilatadores de curta duração é um sinal de que a asma não está controlada e precisa de um tratamento melhor. Se você precisar usar seus broncodilatadores de curta ação mais do que duas vezes por semana, converse com um médico sobre como melhorar de forma terapêutica o controle da sua asma.
Longa duração
Os broncodilatadores de longa duração são usados para fornecer controle da asma. Ele só deve ser usado em conjunto com esteroides para controle em longo prazo dos sintomas da asma. Os broncodilatadores de ação prolongada são usados duas vezes por dia. Os broncodilatadores beta-agonistas só devem ser utilizados como tratamento adicional para as pessoas que também estão usando esteroides inalados.
Veja na tabela os principais grupos de broncodilatadores (beta-agonistas, xantinas e anticolinérgicos), suas vias de administração e tempo de duração:
Anticolinérgico de curta duração
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Brometo de ipratrópio
| Inalatória |
4 a 6 horas
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Anticolinérgico de longa duração
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Brometo de tiotrópio
| Inalatória | 24 horas |
Beta-agonista de curta duração
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Fenoterol, Salbutamol
ou Terbutalina
| Inalatória ou oral | 4 a 6 horas |
Beta-agonista de longa duração
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Formoterol ou Salmeterol
| Inalatória | 12 horas |
Xantinas de curta duração
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Aminofilina ou Teofilina
| Oral ou venosa | 6 a 8 horas |
Xantinas de longa duração
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Bamifilina
| Oral | 12 a 24 horas |
Como utilizar
Os broncodilatadores orais são ministrados como qualquer outro medicamento desta via, seguindo as orientações de frequência dadas pelo médico. Já os broncodilatadores por via venosas são ministrados em hospitais, com auxílio de médico ou enfermeiro.
Já os broncodilatadores inaláveis são ministrados por meio do nebulímetro, que só funciona adequadamente quando está na posição correta e a pessoa que inala segue os passos de utilização. Qualquer mudança acarreta uma maior deposição do medicamento na boca e garganta e menos nos brônquios, comprometendo a ação do broncodilatador.
Veja o passo a passo para utilizar um nebulímetro corretamente:
- A inalação deve ser feita de pé ou sentado
É importante que a pessoa esteja com a cabeça ereta quando for fazer a inalação, do contrário o medicamento pode não chegar aos brônquios. Ao inalar de pé ou sentado, você garante que a medicação não ficará depositada na boca e garganta, diminuindo sua eficácia. Além disso, na posição vertical nós podemos usar mais facilmente o diafragma, para auxiliar a respiração profunda.
- Agite a medicação
Os broncodilatadores em forma de spray, conhecidos como as bombinhas de asma, precisam ser agitados antes na inalação. Isso é necessário para deixar a medicação bem diluída nos gases do aerosol, garantindo que o medicamento fique homogêneo e a dose inalada seja uniforme. Agite vigorosamente de cinco a oito vezes antes de fazer a inalação.
- Posicione a bombinha da maneira correta
O nebulímetro deve estar sempre posicionado em forma de "L", com o bocal virado para baixo. Usá-lo de forma inadequada pode fazer com que as partículas se depositem no céu da boca ou garganta. No caso da asma, é preciso garantir a deposição das partículas do medicamento nos brônquios.
- Deixe um espaço entre a boca e a medicação
De acordo com o pneumologista Alberto, estudos comprovam que aproximar demais o broncodilatador tende a aumentar o número de partículas que ficam impactadas no céu da boca e garganta antes de chegar aos brônquios. A maior eficácia é conseguida com uma técnica adequada, que inclui posicionar o nebulímetro a uma pequena distância da boca, de aproximadamente dois dedos. Para quem tem dificuldades de seguir esse passo, é possível utilizar espaçadores, que tem justamente a função de manter essa distância.
- Respire corretamente
Para que a medicação seja absorvida da forma correta, é importante coordenar sua respiração com a liberação do medicamento. Solte todo o ar dos pulmões logo antes de fazer a inalação, posicione o nebulímetro, acione o spray e puxe o ar ao mesmo tempo, lentamente. Quando terminar de inspirar o ar, conte mentalmente até dez, segurando a respiração. Isso garante a boa penetração dos medicamentos nos pulmões. Esse processo deve ser feito sem pressa: a respiração muito rápida acarreta um fluxo turbulento, fazendo com que as partículas fiquem nas vias aéreas superiores, enquanto a inspiração lenta e uniforme regulariza o fluxo das partículas, aumentando a proporção depositada nas vias aéreas inferiores.
- Faça uma inalação por vez
Caso suas crises sejam muito fortes e você precise fazer mais de uma inalação, nunca libere o medicamento mais de uma vez na mesma respiração. De acordo com os especialistas, fazer isso pode prejudicar a absorção do medicamento e até provocar engasgos. Entre uma inalação e outra, espere cerca de um minuto.
Repita os processos
Ao fazer uma segunda ou terceira inalação, é importante que você repita todos os processos, desde a agitação do medicamento. Tomando esse cuidado, você evita que a crise volte mais rapidamente. Após a primeira inalação feita da maneira correta, o pulmão já está aberto e pronto para receber a medicação, tornando as próximas absorções mais eficazes.
- Enxague a boca ou escove os dentes
É importante lavar a boca ou escovar os dentes após fazer a inalação, principalmente aqueles que utilizam medicação com corticoides. Isso evita que a medicação seja absorvida pela mucosa da boca, elevando o risco do paciente sofrer as reações adversas descritas em cada medicamento.
Cuidados
Embora existam bombinhas que já incluem um anti-inflamatório, a maioria dos médicos costuma receitar dois remédios ao paciente com asma ou outras doenças respiratórias que precisem de um broncodilatador: o spray dosimetrado (nebulímetro) e um medicamento com corticoides para combater as inflamações nos brônquios.
Entretanto, como o primeiro dá a sensação de alívio imediato e o outro parece não fazer qualquer efeito, as pessoas acabam dispensando seu uso. Assim, com o tempo, você passa a ter uma piora no controle da asma, utilizando cada vez mais doses da bombinha para obter um mesmo efeito. Isso pode causar a falsa sensação de que a asma está controlada, podendo acarretar uma crise muito grave e súbita, que necessite de internação.
Por isso é importante utilizar os medicamentos receitados além dos broncodilatadores - esses devem ser uma medida de controle, usada apenas para controlar uma crise que surgiu mesmo com o uso correto da medicação.
Complicações possíveis
Broncodilatadores podem ter efeitos colaterais, tais como:
- Sensação de nervosismo ou instabilidade;
- Aumento da frequência cardíaca ou palpitações;
- Dor de estômago;
- Dificuldade para dormir;
- Dores musculares ou cãibras.
Os broncodilatadores anticolinérgicos são usados principalmente para o tratamento da DPOC e não comumente usado para a asma. A garganta seca é o efeito colateral mais comum. Se a medicação fica nos olhos, pode causar visão turva por um curto período de tempo.
Referências:
- Clóvis Galvão, alergista e Presidente da Associação Brasileira dos Asmáticos - CRM 75503
- Rogério de Souza, pneumologista assessor da área de Pneumologia do Fleury Medicina e Saúde
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