Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



quarta-feira, 26 de abril de 2017

Diagnóstico e tratamento são essenciais para o combate à Malária

18118562 1582693678415909 7479272245765351101 nO dia 25 de abril é lembrado como Dia Mundial da Malária. Por ser uma data importante, que remete a uma doença infecciosa, o Ministério da Saúde lançou campanha para incentivar as pessoas a procurem o diagnóstico o mais rápido possível em uma unidade de saúde e, caso o resultado seja positivo, aderir ao tratamento. A malária quando não é tratada adequadamente, pode se tornar grave

Dados mostram que os casos de malária vêm diminuindo no país a cada ano e o número de notificações em 2016 é o menor dos últimos 37 anos (129.195 casos - dados preliminares). Assim como o número de casos, as mortes por malária no Brasil vêm reduzindo anualmente, onde, ano passado, ocorreram 34 óbitos, uma redução de mais de 67% comparado com os dados de 2006, quando ocorreram 105 óbitos.

Em entrevista ao Blog da Saúde, o Assessor Técnico do Programa Nacional de Prevenção e Controle da malária do Ministério da Saúde (MS), Cássio Peterka, explica qual a importância da adesão ao tratamento, como ele funciona e por que é tão importante obter o diagnóstico o mais rápido possível

Confira:

Blog da Saúde: Como ocorre a transmissão da malária?
Cássio Peterka: A transmissão ocorre através da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, conhecido como muriçoca, sovela, carapanã, mosquito prego... ATENÇÃO: A malária não é uma doença contagiosa!

Blog: Quais são os principais sintomas da malária?
Cássio: os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas, calafrio e sudorese. Ao sentir qualquer um desses sintomas ou mais de um ao mesmo tempo, a pessoa deve procurar uma Unidade de Saúde e fazer o exame de malária.

Blog: Depois que uma pessoa é picada, em quanto tempo os sintomas começam a aparecer
Cássio: Em torno de 15 dias. Pode variar de acordo com o tipo de malária, mas no geral leva esse tempo. Em pessoas que já tiveram outras ocorrências da doença, os sintomas podem diminuir e a pessoa pode praticamente não ter sintomas.

ATENÇÃO: Ao sentir os sintomas, procure uma Unidade de Saúde em até 48h.

Blog: E como é feito o diagnóstico?
Cássio: A gota espessa é o método diagnóstico da malária considerado padrão-ouro. Ela é feita a partir da coleta de uma gota de sangue do dedo da pessoa, colocada em uma lâmina, e esta lâmina é analisada no microscópio. No mesmo dia já é identificado qual espécie de plasmódio está infectando a pessoa, e, a partir deste resultado é atribuído o tratamento adequado. O Ministério da Saúde recomenda que o diagnóstico e o início do tratamento sejam feitos em até 48 horas do aparecimento dos sintomas, para que não se agrave o quadro de saúde do doente e que o ciclo de transmissão possa ser interrompido.

Na região Amazônica (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) é onde há a maior quantidade de postos de notificação, pois é a região com maior incidência da doença. Na região extra-Amazônica, mesmo com menos casos, existem unidades de atendimento onde o diagnóstico e tratamento são feitos gratuitamente.

Em locais de difícil acesso, onde não há a presença do microscopista, que é quem faz o diagnóstico de gosta espessa, o programa de malária capacita os agentes para realizarem teste rápido. Desta forma, locais de acesso remoto, como áreas indígenas, garimpo e localidades ribeirinhas, esta ferramenta é utilizada. Assim, conseguimos uma cobertura de diagnóstico de grande parte da população da Amazônia brasileira.

ATENÇÃO: Todo diagnóstico da malária é gratuito pelo SUS e o tratamento também.

Blog: Mas como funciona o tratamento?
Cássio: No mundo existem cinco tipos de protozoário que transmitem a malária, mas no Brasil são identificados apenas três. São eles: Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae. O tratamento e sua duração vão depender da espécie que for identificada e de cada paciente.

Uma orientação do Programa é que onde for possível fazer o tratamento supervisionado, ele seja feito. Nesse caso o profissional de saúde, muitas vezes o agente comunitário de saúde, acompanha o tratamento do paciente todos os dias, nos horários certos, para que ele tome a medicação corretamente e completamente. Nesses casos é possível ver que há maior resultado na adesão do tratamento pelo paciente. Em casos onde este acompanhamento não é possível, o paciente é orientado a tomar o medicamento nos horários e dias, conforme indicado pelo Ministério da Saúde.

ATENÇÃO: Em algumas regiões, o paciente recebe a visita do agente de saúde que ajuda na adesão ao tratamento.

Blog: Se o paciente não procurar o tratamento em até 48h, o que acontece?
Cássio: Quanto mais tempo o paciente demora a buscar o tratamento, mais protozoários surgem na corrente sanguínea, e isso faz com que a carga parasitária aumente, agravando o quadro clínico do paciente. Ainda podem ocorrer anemia, problemas hepáticos, renais, entre outros, tudo isto pelo atraso do tratamento.

Blog: O tratamento cura?
Cássio: Sim. Se o tratamento for adequado ao diagnóstico e for tomado direitinho, a malária tem cura. O tratamento é eficaz.

Blog: A malária mata?
Cássio: Mata. Se o tempo em que a pessoa está apresentando sintomas é prolongado, ou seja, não é feito logo o diagnóstico e dado o tratamento adequado, a malária pode matar. O Ministério da Saúde vem trabalhando em conjunto com os estados e municípios para diminuir o número de casos da doença a cada ano, e um dos nossos principais objetivos é não ter mortes por malária. Geralmente, os casos mais graves acontecem em áreas de baixa transmissão, pois os profissionais de saúde não suspeitam imediatamente de malária. Isso acontece porque outras doenças possuem sintomas muito parecidos. Uma das recomendações é: se a pessoa viajou para áreas, dentro ou fora do Brasil, que têm transmissão de malária, sempre avisar o profissional de saúde que pode ser malária.

Blog: Existe alguma maneira de prevenir?
Cássio: Sim. São medidas de proteção individual para evitar a picada do mosquito, como uso de camisa com manga longa e calça comprida nos horários de maior atividade do mosquito (início da manhã e final da tarde), usar repelente. É importante lembrar que o mosquito pica a noite toda, por esta razão o Ministério da Saúde também recomenda que se utilize mosquiteiros que ficam em cima da cama ou da rede. Outra ação é a borrifação residual intradomiciliar, que é a aplicação de inseticidas nas paredes das casas, mas esta ação somente deve ser realizada pelos agentes de combate as endemias capacitados.

Serviço Se você vai viajar para alguma região com risco de transmissão de malária, o Ministério da Saúde oferece uma série de recomendações que você pode acessar aqui. Já a lista de municípios pertencentes às áreas de risco ou endêmicos para malária você encontra aqui.

Aline Czezacki, para o Blog da Saúde

Controle da hipertensão arterial ainda é negligenciado no País

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, com a possibilidade de ser “controlado ou modificado”

“Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, a hipertensão arterial é responsável por 50% dos infartos, 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e 25% dos casos de insuficiência renal”, destaca o Prof. Dr. Roberto Kalil Filho, diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.

Em um estudo da American Heart Association, publicado em 2015, sobre o número de mortes causadas por hipertensão arterial, o Brasil ocupa o sexto lugar, entre os 190 países analisados. O tratamento adequado da hipertensão arterial reduz a morbi-mortalidade por doenças cardiovasculares. 

No entanto, embora mais de 35,5 milhões de brasileiros apresentem quadro de hipertensão arterial, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o controle da doença, que varia de acordo com a região, precisa ser aprimorado no País. Estima-se que somente 20% dos pacientes hipertensos em tratamento medicamentoso apresentam valores de pressão arterial dentro das metas estabelecidas.

Como resultado, dados de 2015 apontam que as doenças cardiovasculares corresponderam a cerca de 33% dos óbitos e 13,4% das internações de adultos com idade igual ou superior a 20 anos.

Em países como Canadá e Finlândia, que desenvolveram programas específicos de prevenção e controle da hipertensão arterial, a taxa de controle da doença atingiu 70% e foi associada a significativa redução da mortalidade por doenças cardiovasculares. Nesses programas, além do envolvimento de instituições de saúde, sociedades científicas e entidades governamentais, a participação de cada indivíduo é fundamental.

“A necessidade de alertar a população a respeito da importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado é urgente”, ressalta Kalil.

Além disso, entre 12% e 15% do total dos pacientes hipertensos brasileiros poderão apresentar quadros mais graves, denominados Hipertensão Arterial Resistente (HAR), quando não há resposta ao tratamento, mesmo após o uso de três medicamentos diferentes.

Outro aspecto que tem alertado os especialistas é o crescimento entre a população mais jovem, revelado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, nos Estados Unidos. O estudo mostra que aproximadamente 20% dos indivíduos entre 24 e 32 anos têm hipertensão arterial – e metade deles não sabe disso.

No Brasil, dados iniciais também sugerem haver crescimento da população de hipertensos, quando avaliada a faixa da população com menos de 35 anos. Entre os fatores possivelmente associados a este cenário estão a hereditariedade, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo e obesidade.

A hipertensão arterial é mais prevalente e causa mais lesão em órgãos alvo na raça negra. Este fato deve ser considerado como relevante pelas autoridades de saúde no Brasil, visto que os negros representam 54% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por WN&P Comunicação - Gabriela Marinho