Foto: Reprodução/TV Globo: Cirurgião Fernando Sanchis negou, ao Fantástico, participação do esquema em próteses |
A direção do Hospital Dom João Becker, de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, disse que não autorizou o uso do nome da instituição em orçamentos falsos elaborados pelo ortopedista Fernando Sanchis e que abriu uma sindicância para apurar o caso, revelado em reportagem sobre a máfia das próteses no Fantástico deste domingo (4).
Em nota, o Hospital Nossa Senhora das Graças, onde Sanchis é chefe do serviço de traumatologia, afirmou que não recebeu denúncias de falsificação de assinaturas e que os orçamentos são de responsabilidade do médico.
O cirurgião nega que receba comissão de fornecedores de próteses, mas reconhece que pode ter assinado laudos em nome de outros médicos (confira no vídeo ao lado). O esquema, conforme a reportagem, funcionava da seguinte maneira: depois de esperar anos na fila do SUS, pacientes procuram os hospitais para uma consulta. Mas os médicos os encaminham para escritórios de advocacia. Com documentos falsos e orçamentos de cirurgia superfaturados, são montados pedidos de liminar para obrigar o governo a bancar os procedimentos.
Em um dos casos, um perito analisou os detalhes de três orçamentos apresentados por um advogado à Justiça. Ele oferecia aos desembargadores o menor valor para o procedimento, que era do ortopedista Fernando Sanchis. A conclusão do perito Oto Henrique Rodrigues é de que as assinaturas foram falsificadas.
O valor do material que seria utilizado na cirurgia era de R$ 151 mil. O fornecedor era a Intelimed, de Porto Alegre. A empresa paga comissões de até 20% aos médicos que indicam seus produtos.
Outro caso relacionado ao ortopedista Fernando Sanchis mostra um pedido de liminar para que o plano bancasse uma cirurgia de coluna de um homem de Pelotas, no Sul do Rio Grande do Sul. O advogado indicado por Sanchis entrou com o pedido, orçado em R$ 110 mil. O plano conseguiu suspender a liminar e fez a mesma operação por pouco mais de R$ 9 mil, uma diferença de mais de R$ 100 mil pelo mesmo procedimento.
O esquema prejudica os pacientes porque depois que as liminares são rejeitadas, eles têm de voltar para a fila do SUS. Pelo menos 65 pedidos sob suspeita foram descobertos pelos procuradores gaúchos.
G1