O Perigo a Longo Prazo
De dois a cinco anos após a ocorrência da Trombose Venosa Profunda, as cicatrizes deixadas pelos coágulos no interior das veias pode levar ao aparecimento de uma complicação muito incômoda e dispendiosa, a Síndrome Pós-Flebítica. Esta síndrome é caracterizada pela inchação crônica da(s) perna(s), pigmentação escura da pele, eczema e endurecimento da pele, além do aparecimento de grandes varizes e úlceras de perna.
Fatores de Risco
Quem Pode Desenvolver a Doença
A Trombose Venosa Profunda, hospitalar ou extra-hospitalar, ocorre com mais freqüência em pessoas portadoras de determinadas condições que podem facilitar a formação de coágulos no interior das veias das pernas - condições predisponentes. São elas:
- idade avançada;
- impossibilidade ou dificuldade de andar ou se movimentar normalmente;
- obesidade;
- presença de varizes grossas nas pernas;
- período pós-operatório;
- fase final da gestação e pós-parto;
- uso de anticoncepcionais orais e terapia de reposição hormonal;
- presença de insuficiência cardíaca;
- presença de doença maligna (câncer) em atividade;
- história anterior de outra trombose venosa;
- indivíduos com anormalidade genética do sistema de coagulação (trombofilia);
- tabagismo.
Situações Desencadeantes
O Que Pode Estimular o Aparecimento da Doença
Na população hospitalizada, diversas circunstâncias como a internação com repouso prolongado no leito e grandes cirurgias, vários fatores de risco estão presentes simultaneamente, podendo desencadear o aparecimento da trombose venosa.
Nas pessoas em ambientes extra-hospitalares, a trombose venosa ocorre principalmente em situações em que a estase venosa se acentua nos membros inferiores, isto é, quando se permanece sentado ou de pé por longos períodos, fazendo com que haja uma dificuldade do retorno do sangue ao coração, forçando seu acúmulo nas veias das pernas.
São situações bastante comuns:
- Viagens Aéreas Prolongadas (acima de 10 a 12 horas de duração): Complicação mais freqüente na classe turística (mas também ocorre na 1 á classe e na classe executiva) por causa de seus assentos mais estreitos e menor distância entre as cadeiras. Os assentos junto às janelas, por dificultarem a movimentação, podem, em certos casos, funcionar como inibidores da mobilização do passageiro. É importante lembrar que os sinais e sintomas da doença podem manifestar-se durante a viagem ou até vários dias após a mesma.
A ingestão de álcool ou de comprimidos para dormir podem, por aumentar a imobilidade e o relaxamento muscular, contribuir para o aparecimento da doença.
- Viagens Terrestres:
As viagens de ônibus, mesmo prolongadas, têm menor influência no desencadeamento da doença. Isto é devido às constantes paradas (a cada 2 ou 3 horas), fazendo com que os passageiros automaticamente se movimentem, diminuindo os efeitos da estase sangüínea. Porém, as circunstâncias especiais que possam prolongar a permanência do passageiro no veículo (engarrafamentos, acidentes, etc) podem facilitar o aparecimento da doença.
Também as viagens de automóvel são possíveis desencadeadores de fenômenos trombóticos nas veias, dependendo, principalmente, do conforto e da permanência prolongada no assento sem mobilização.
Merecem atenção especial os caminhoneiros e alguns motoristas de ônibus urbanos, submetidos a condições extremas de trabalho, com longas e extenuantes horas de trabalho, instalados em assentos pouco confortáveis e em locais com temperatura elevada.
Outro grupo interessante e não menos importante inclui indivíduos idosos e que tem como distração o estabelecimento de infindáveis jogos de cartas ou mesmo outros jogos. É bastante freqüente, em virtude dos longos períodos em que permanecem sentados com as pernas para baixo e mobilizando-se raramente, o aumento da estase venosa e a ocorrência de trombose venosa profunda.
Medidas Preventivas
O que fazer para evitar
A profilaxia da Trombose Venosa Profunda e, conseqüentemente, da Embolia Pulmonar, é uma preocupação constante da classe médica e das instituições que produzem este Guia.
A prevenção em regime hospitalar gerou a criação do Protocolo Nacional de Profilaxia da Trombose Venosa Profunda e sua implementação pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) e, mais recentemente, o lançamento das diretrizes da SBACV, que orientam a classe médica brasileira em relação à prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.
A prevenção extra-hospitalar da doença, é caracterizada por uma série de medidas e posturas simples que devem ser adotadas pelos portadores de condições de risco.
Estas medidas devem facilitar o retorno do sangue venoso.
São Elas:
- realização de pequenas caminhadas rotineiramente a cada 2 horas;
- movimentação ativa dos pés e pernas durante o período em que permanecem sentados;
- utilização de roupas confortáveis e mais largas durante as viagens;
- não utilizar ou utilizar com moderação as bebidas alcoólicas;
- evitar ouso de comprimidos para dormir;
- evitar o fumo;
- as pessoas com maior dificuldade de locomoção devem dar preferência às poltronas no corredor das aeronaves, ou mesmo dos ônibus, visando as caminhadas regulares, ou o deslocamento nas paradas rotineiras;
- utilização sob orientação e prescrição médica, de meias de compressão elástica, particularmente nas pessoas com insuficiência venosa e/ou varizes;
- em algumas circunstâncias, sob estrito controle e indicação médicas, pode ser necessária a utilização de substâncias anticoagulantes.
A utilização adequada destas medidas pelas pessoas portadoras de condições predisponentes ao aparecimento da Trombose Venosa Profunda com certeza irá contribuir para diminuir a incidência de episódios de tromboembolismo venoso em viagens.
A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, a Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial lhe desejam uma boa e tranqüila viagem.
Para maiores informações consulte seu médico ou entre em contato com a SBACV.