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sábado, 30 de junho de 2012

Padilha elogia ampliação do sistema de saúde pública americano e diz que decisão poderia ser copiada por países

Rio de Janeiro – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, espera que a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de aprovar a ampliação do sistema de saúde pública seja copiada por outros países do mundo. Segundo Padilha, que esteve ontem (29) em um evento sobre saúde e desenvolvimento no Rio, “é inspirador para outros países que os Estados Unidos ampliem a universalização, embora não tenham ainda assumido, como o Brasil assumiu em sua Constituição, a saúde como um direito e um dever do Estado, mas é um passo importante para a universalização”.

A Suprema Corte americana declarou ontem (28) a constitucionalidade do projeto criado pelo presidente Barack Obama, há cerca de dois anos, obrigando os cidadãos dos Estados Unidos a ter um seguro médico até 2014 sob pena de multas. Com o aumento do número de usuários, o objetivo apresentado, na época, pelo presidente, era o barateamento dos custos e dar subsídios para os mais pobres.

As empresas de seguro são obrigadas a aceitar mesmo pessoas com problemas crônicos de saúde. A Corte, porém, não aprovou um item do projeto que exigia dos estados investimentos para ampliar o atendimento gratuito aos mais pobres.

Padilha ressaltou que o Brasil é o único país no mundo, com mais de 100 milhões de habitantes, que assumiu o desafio de levar a saúde universal e integral para toda a população, desde a vacinação até o transplante. “Precisamos, porém, ser muito realistas de tudo o que precisamos avançar no Sistema Único de Saúde (SUS) para darmos conta do que é o objetivo do nosso país de ter um sistema público e universal com qualidade. Melhorar a qualidade do atendimento e reduzir o tempo de espera é uma obsessão do Ministério da Saúde”, declarou.

A descentralização do atendimento é outro grande desafio do país, que tem uma média de quatro médicos a cada mil habitantes no Rio de Janeiro e 0,6 no Maranhão. Em todo o país, a média é 1,9 médico para cada mil habitantes, enquanto na Argentina e na Inglaterra essa média é 2,9 médicos por mil habitantes, segundo Padilha.

Fonte Agência Brasil

Brasil inicia distribuição de remédio para Alzheimer fabricado no país

Rio de Janeiro - O laboratório do Instituto Vital Brazil (IVB), localizado em Niterói, na região metropolitana da capital fluminense, entregou ontem (29) às secretarias estaduais de Saúde os primeiros lotes de rivastigmina, medicamento destinado ao tratamento dos portadores de Alzheimer. A fórmula foi desenvolvida nacionalmente após a patente do proprietário original ter expirado.

Estão sendo entregues quatro toneladas do remédio, que serão distribuídas gratuitamente. A quantidade é capaz de atender ao total da demanda do país. De acordo com dados da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), cerca de 6% dos 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos sofrem com a doença.

O vice-presidente do IVB, Bernardo Horta, disse que o projeto é fruto de uma nova política de governo federal que, por meio de legislações específicas, incentivou a produção nacional da rivastigmina, fortalecendo o campo da saúde através de uma parceria público-privada.

De acordo com Horta, o processo de produção teve início há dois anos, quando o IVB constituiu uma parceria que envolvia o laboratório Laborvida, do Rio de Janeiro, e o laboratório EMS, de São Paulo, o maior produtor do país no campo dos medicamentos genéricos.

“Foi necessária muita pesquisa para desenvolver a formulação do medicamento. Um laboratório multinacional detinha a sua patente, que foi posteriormente expirada. Isso propiciou o processo de desenvolvimento da formulação do medicamento. A partir daí, resultou o registro na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], e foi então iniciada a sua produção”, disse Horta.

Segundo o vice-presidente, o remédio deve estar disponível a partir de julho, e será entregue trimestralmente. O Ministério da Saúde será o responsável pela distribuição nacional gratuita do medicamento, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS).

“O medicamento vai ser distribuído hoje a todos os almoxarifados de todas as secretarias de todos os estados da Federação. Haverá ainda uma destinação ao almoxarifado do ministério em Brasília, [para formação] do chamado estoque estratégico, ou seja, se faltar esse medicamento em algum local, por acréscimo de demanda, vai existir um quantum que poderá ser encaminhado”.

O Alzheimer é uma doença degenerativa, caracterizada pela perturbação das funções cognitivas, e é ainda incurável e progressiva, levando à morte. Esses sintomas muitas vezes são acompanhados pela deterioração do comportamento social, da motivação e do controle emocional.

Para a distribuição dos lotes, o Instituto Vital Brazil firmou com o Ministério da Saúde contrato de cinco anos, com o compromisso de atender toda a demanda nacional necessária. O medicamento a ser entregue possui formulações que variam de 1,5 mg a 6 mg, em embalagens de 15 cápsulas cada.

Fonte Agência Brasil

Dieta de baixa acidez é mais eficaz do que remédio contra refluxo

A banana tem um ph baixo, além de ser nutritiva
Refrigerantes e morangos estão vetados, enquanto brócolis, aveia e banana estão liberados

O ácido estomacal é, há muito tempo, apontado como causador de males como refluxo e azia. Mas agora, alguns especialistas começam a afirmar que o problema não está só no ácido estomacal que sobe, e sim, no tipo de comida que desce.

A ideia tem recebido atenção ultimamente, principalmente em livros populares como "Crazy Sexy Diet" e "The Acid Alkaline Food Guide" - que afirmam ser possível melhorar a saúde concentrando-se no equilíbrio acidobásico na dieta, principalmente comendo mais vegetais e determinadas frutas, e menos carnes e alimentos processados.

Embora a ciência por trás de tais afirmações não seja definitiva, algumas pesquisas sugerem que haja benefícios numa dieta de baixa acidez. Estudos recentes indicam uma ligação entre a saúde dos ossos e uma dieta de baixa acidez, enquanto outros estudos sugerem que a acidez da dieta ocidental aumenta o risco de diabetes e doenças cardíacas.

Este ano, um pequeno estudo concluiu que limitar a ingestão de alimentos ácidos pode aliviar sintomas de refluxo como tosse e rouquidão em pacientes que não obtiveram melhora com tratamento à base de medicamentos, de acordo com a publicação científica Annals of Otology, Rhinology & Laryngology.

No estudo, 12 homens e 8 mulheres com sintomas de refluxo, que não melhoraram com medicação, foram colocados numa dieta de baixa acidez durante duas semanas, eliminando todos os alimentos com pH menor que 5. Quanto menor o pH, maior a acidez; entre os alimentos altamente ácidos estão refrigerantes diet (2,9 a 3,7), morangos (3,5) e molho barbecue (3,7). De acordo com o estudo, 19 entre 20 pacientes melhoraram depois da dieta de baixa acidez, e 3 eliminaram todos os sintomas.

A autora do estudo, Jamie Koufman, especialista em distúrbios da voz e refluxo laringo-faríngeo (o tipo associado à rouquidão), defende a dieta de baixa acidez em seu novo livro, "Dropping Acid: The Reflux Diet Cookbook & Cure."

Medicamentos contra refluxo agem neutralizando ou reduzindo o ácido produzido no estômago. Mas, apesar do ácido estomacal ser um fator, diz Koufman, o verdadeiro culpado em muitos pacientes é a pepsina, uma enzima digestiva que pode existir no esôfago. Nesses pacientes, diz ela, não é suficiente neutralizar o ácido que sobe do estômago.

"Uma vez que você tenha pepsina no tecido, o acido ingerido é igualmente danoso," disse ela. "Quando você bebe um refrigerante e sente dor no peito, pode ser por causa do ácido que sobe ou por causa do ácido que vem de cima."

Evite ou aposte
Alimentos de baixa acidez equilibram a dieta: menos alimentos de alta acidez e mais alimentos de alta alcalinidade. A escala de pH vai de 0 a 14; a água destilada tem um pH de 7 e é considerada neutra, e a acidez aumenta 10 vezes a cada unidade de pH que diminui. Um alimento com pH 4 é 10 vezes mais ácido que um com pH 5. (o pH do ácido estomacal varia de 1 a 4.)

Para aliviar a azia e os sintomas de refluxo, Koufman recomenda uma dieta "introdutória" estrita, por duas semanas, sem nada que tenha pH inferior a 5 - nenhuma fruta exceto melão e banana, nada de tomate ou cebola, mas muito de outros vegetais, grãos integrais e peixe ou frango sem pele. Alimentos de alta alcalinidade incluem banana (5,6), brócolis (6,2) e aveia (7,2).

Alguns alimentos devem ser eliminados por razões outras que não a acidez. Independentemente dos níveis de pH, carnes gordurosas, laticínios, cafeína, chocolate, bebidas gasosas, frituras, álcool e hortelã são conhecidos por agravar os sintomas de refluxo. Outros alimentos como alho, nozes, pepino e pratos muito condimentados também podem desencadear o refluxo em alguns pacientes.

Para as pessoas que não têm refluxo grave, Koufman sugere uma dieta de manutenção evitando alimentos com pH inferior a 4, que permite itens como maçã, framboesa e iogurte.

Ela observa que a dieta não é tão radical, e é coerente com as recomendações de vários médicos de uma alimentação rica em vegetais, grãos integrais e com redução de carnes e alimentos gordurosos. Mesmo assim, muitas pessoas que seguem dietas relativamente saudáveis podem estar ingerindo muitos alimentos ácidos demais, como refrigerantes diet e sucos cítricos. Ela diz que, uma vez que a pessoa conheça o básico sobre a acidez dos alimentos, assim como quais são seus alimentos-gatilho, é uma dieta relativamente simples de se seguir.

"É um processo de tentativa e erro," disse Koufman. "Os grãos são bons, assim como a maioria dos vegetais. Nada que venha enlatado ou envasado, exceto água, é bom. E feche a cozinha às oito da noite."

Fonte iG

Uso prolongado de remédio para refluxo pode ser prejudicial

Consumo prejudica a absorção de nutrientes e vem sendo associado a aumento no risco de fraturas ósseas, infecção bacteriana e até pneumonia

O uso prolongado de medicamentos para combater a doença do refluxo gastroesofágico e a azia grave pode dificultar a absorção de alguns nutrientes.

A classe de medicamentos conhecida como inibidores da bomba de prótons (IBP), da qual fazem parte substâncias como omeprazol, lansoprazol e esomeprazol, já é a terceira mais vendida dos Estados Unidos, superada apenas pelos antipsicóticos e pelas estatinas, com mais de 100 milhões de receitas médicas e 13,9 bilhões de dólares em vendas em 2010.

Nos últimos anos, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) emitiu vários avisos sobre os IBPs, dizendo que o uso prolongado e em altas doses do medicamento tem sido associado ao aumento do risco de fraturas ósseas e de infecção por uma bactéria chamada Clostridium difficile, que pode ser especialmente perigosa para pacientes idosos. Em um artigo recente, especialistas recomendam que os adultos mais velhos usem os medicamentos apenas “durante o menor período de tempo possível”.

Estudos têm demonstrado que o uso prolongado de IBPs pode reduzir a absorção de nutrientes, vitaminas e minerais importantes, incluindo cálcio, magnésio e vitamina B12, podendo ainda reduzir a eficácia de outros medicamentos, sendo que a FDA adverte que tomar omeprazol em conjunto com o agente anticoagulante clopidogrel pode enfraquecer o efeito protetor do clopidogrel em pacientes cardíacos.

Outra pesquisa descobriu que as pessoas que tomam IBPs correm um risco maior de desenvolver pneumonia – um estudo até mesmo identificou uma ligação entre o uso dessa classe de medicamentos e o aumento de peso.

Representantes de empresas farmacêuticas repudiam tais relatórios, dizendo que eles não provam que os IBPs são a causa dos problemas, e que muitos usuários dos IBPs são adultos mais velhos, suscetíveis a infecções e mais propensos a fraturas e déficits nutricionais.

Porém, mesmo que usar esses medicamentos por períodos curtos possa não ser problemático, eles tendem a produzir dependência, dizem especialistas, levando o paciente a tomá-los por muito mais tempo do que as recomendadas oito a 12 semanas – alguns continuam a usá-los pelo resto da vida. Muitos hospitais costumam administrar IBPs em pacientes como rotina, para evitar úlceras causadas por estresse e em seguida, passam a eles instruções para continuar a medicação em casa.

“Estudos têm mostrado que quem começa a tomar esses medicamentos tem dificuldades para interrompê-los. É quase como um vício”, diz a médica Shoshana J. Herzig, do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston.

Os IBPs funcionam bloqueando a produção de ácido no estômago, mas o corpo reage, conduzindo a uma sobrecompensação e, explica ela, “acelerando a produção” de células que produzem ácido.

“Há crescimento excessivo dessas células no estômago, então quando a produção é desbloqueada, o mecanismo de produção de ácido funciona de modo ainda mais intenso.”

Além disso, os inibidores da bomba de prótons não têm sido os remédios milagrosos que os especialistas esperavam. Um tratamento mais disseminado da DRGE não reduziu a incidência de câncer de esôfago. A incidência do carcinoma de células escamosas, associado ao tabagismo, diminuiu, mas a de adenocarcinomas de esôfago, associados à DRGE, aumentaram 350% desde 1970.

“Quando as pessoas tomam os IBPs, eles não curam o problema de refluxo. Elas apenas controlam os sintomas”, afirma Joseph Stubbs, médico internista de Albany, Geórgia, e ex-presidente do Colegiado Americano de Médicos.

E os IBPs são uma maneira de as pessoas evitarem fazer mudanças difíceis no estilo de vida, como perder peso ou cortar os alimentos que causam azia, diz ele.

“As pessoas achavam que poderiam continuar comendo o que querem comer, tomar o medicamento e ficar bem. Estamos começando a ver que se elas fizerem isso, alguns efeitos colaterais de risco podem ocorrer.”

Pode ser que muitos pacientes tomem esses medicamentos sem um bom motivo médico, causando um custo enorme para o sistema de saúde, aponta Joel J. Heidelbaugh, médico especialista em medicina familiar de Ann Arbor, Michigan. Ao examinar prontuários de quase mil pacientes que tomam IBPs em um ambulatório de Assuntos dos Veteranos de Guerra, em Ann Arbor, ele descobriu que somente um terço tinha recebido diagnósticos que justificassem o uso dos medicamentos. Os outros pareciam ter recebido as medicações “só para o caso de precisarem”.

“Recomendamos que as pessoas tomem os IBPs e ignoramos o fato de que nosso corpo foi projetado para ter ácido no estômago”, argumenta Greg Plotnikoff, médico especializado em terapia integrativa do Instituto de Saúde e Cura Penny George, em Minneapolis.

É necessário haver ácido no estômago para decompor os alimentos e absorver nutrientes, disse ele, bem como para o bom funcionamento da vesícula biliar e do pâncreas. O uso em longo prazo dos IBPs pode interferir nesses processos, observou ele. E a supressão de ácido do estômago, que mata bactérias e outros micróbios, pode tornar as pessoas mais suscetíveis a infecções, como a causada pelo Clostridium difficile.

Tomar IBPs, segundo Plotnikoff, “muda a ecologia do intestino e permite, na verdade, o aumento excessivo de algumas substâncias que normalmente seriam mantidas sob controle”.

O ácido presente no estômago também estimula a tosse, o que ajuda a limpar os pulmões. Alguns especialistas acham que é por isso que muitos pacientes, especialmente aqueles que são frágeis e idosos, enfrentam um risco maior de ter pneumonia quando tomam IBPs.

Mas muitos gastroenterologistas respeitados estão convencidos de que os benefícios apresentados pelos medicamentos superam os riscos. Eles dizem que os medicamentos previnem complicações graves da DRGE, como as úlceras de esôfago e estômago e as estenoses pépticas, que ocorrem quando um processo inflamatório faz com que a extremidade inferior do esôfago se estreite.

Os estudos que detectaram que os pacientes que tomam IBPs correm riscos mais elevados “são análises estatísticas de populações enormes de pacientes. Mas como elas se relacionam com um único indivíduo que toma o medicamento?”, defende Donald O. Castell, diretor de doenças do esôfago da Universidade Médica da Carolina do Sul e um dos autores das diretrizes de prática para a DRGE do Colegiado Americano de Gastroenterologia, que tem relações financeiras com as empresas farmacêuticas que produzem os IBPs.

“Ninguém quer abrir mão dos benefícios que esses medicamentos trazem”, acrescenta ele.

A maioria dos médicos acha que a DRGE é um efeito colateral da epidemia de obesidade e que mudanças de estilo de vida podem amenizar a azia vivenciada por muitas pessoas.

“Se convidássemos 100 pessoas com refluxo a seguir rigidamente as recomendações de mudança de estilo de vida, 90 delas não precisariam tomar medicação alguma”, diz Castell.

“Difícil é conseguir que elas façam isso.”

Fonte iG

Comprometimento com exercício está vinculado ao prazer e não aos benefícios

Revisão de estudos indica que melhoras na saúde ajudam, mas não são um fator decisivo para manter praticantes engajados em atividades físicas

Quase todos já entenderam que o exercício é importante para a saúde, principalmente aqueles que começaram a se exercitar e depois pararam. Talvez, dizem os pesquisadores, o jeito de persuadir mais pessoas a se exercitarem seja estudando os raros indivíduos que amam se exercitar.

Mas, o que faz com que uma pessoa se comprometa com os exercícios? E como motivar as melhorias para a saúde?

Recentemente, essas questões tornaram-se mais urgentes. Neste mês, um grupo de pesquisa sobre exercícios publicou uma análise de cinco estudos rigorosos relatando que cerca de 10% das pessoas têm uma "resposta adversa" a exercícios. Nelas, pelo menos um fator de risco cardiovascular piorou em vez de melhorar.

Alguns especialistas em exercícios e em saúde pública preocupam-se com o fato de as pessoas estarem usando esses resultados como uma desculpa para não se exercitar. Mas isso indica que os exercícios são motivados principalmente por questões de saúde.

"Quando um médico diz a um paciente que ele precisa fazer uma mudança pela sua saúde, isso pode ser motivador, especialmente se a pessoa tem um problema", diz Rodney Dishman, diretor do laboratório de psicologia do exercício na Universidade da Geórgia.

"Mas, geralmente, essa motivação diminui ao longo do tempo, pois as pessoas não sentem que os seus ossos estão ficando mais fortes nem que seus lipídeos e sua pressão arterial estão mudando."

A maioria dos que passam a se exercitar diz que o objetivo é perder peso ou melhorar a saúde. Mas aqueles que começam com o intuito de beneficiar efeitos da saúde quase imperceptíveis acabam parando, afirma Dishman, alegando falta de tempo, muito cansaço ou que simplesmente perderam o interesse.

Por outro lado, não existem bons estudos que investiguem as razões que mantêm as pessoas praticando exercícios. Dishman e outros suspeitam que a motivação seja o prazer – sentir-se energizado, um impulso no humor, além de sentir-se inquieto e desconfortável sem exercício. E você pode não ser capaz de conseguir ter essa reação.

Características biológicas, disse Dishman, "parecem desempenhar um papel maior, tanto na opção por ser ativo quanto nos resultados da atividade, do que as pessoas – isto é, os defensores da saúde pública – estão dispostas a admitir."

Dishman cita-se como um exemplo de alguém que anseia por fazer atividades físicas. Até cerca de cinco anos atrás, ele era um corredor ávido. Então, ele teve um problema no joelho – osteoartrite severa – e nunca mais pôde correr. Hoje, ainda sonha que está correndo. Mas em vez de desistir dos exercícios, ele pedala uma bicicleta ergométrica, simplesmente porque isso faz com que ele se sinta bem.

"Se eu posso me sentir melhor após 30 minutos pedalando no meu escritório, sozinho, indo a lugar nenhum, tem que haver algo em relação ao exercício", disse ele.

Mas para ele, assim como para muitos outros, o exercício lento e moderado não traz o mesmo prazer físico. O exercício tem que ser pesado, o que significa que tem que exigir um esforço real, o tipo de treino que faz com que as pessoas respirem aceleradamente e pinguem de suor, segundo Dishman.

Muitos cientistas e médicos que praticam ávidos exercícios – e que conhecem e compreendem a ciência médica – dizem que nunca foram motivados pela ideia de diminuir fatores de riscos para problemas no coração.

Barry Zirkin, biólogo reprodutivo da Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins, anseia por seu esporte – basquete – a tal ponto que três lesões parciais em cada tendão de Aquiles não conseguiram mantê-lo afastado do exercício. Seu ortopedista disse a ele para parar.

"Ele sabia que eu não iria parar. E não parei. Posso dizer que esse jogo faz parte de mim", Zirkin acrescenta.

Christine Lawless, presidente do Colégio Americano de Cardiologia Esportiva e do Conselho de Cardiologia do Exercício, era patinadora e participava de competições até pouco antes dos 50 anos de idade. Ela era motivada pela competição, pela vontade de vencer. Então ela quebrou a perna esquerda durante um salto e não pôde se exercitar por seis meses.

"Fiquei muito deprimida, sabia que não iria patinar novamente. Realmente tive que mudar minha mentalidade e pensar em outras formas de me motivar", conta Lawless.

Hoje, com 59 anos, ela se exercita cerca de uma hora por dia, cinco dias por semana, por meio de ioga, caminhada e musculação. Ela diz que sua motivação agora é o desejo de permanecer ativa e flexível pelo resto da vida. Mas para ela, assim como para Dishman e Zirkin, o exercício também é um prazer inato, importante para o bem-estar.

"Sinto que não tive um bom dia quando não me exercito", diz Lawless.

Talvez apontar os benefícios para a saúde por meio dos exercícios não seja a melhor maneira de incentivar as pessoas a praticar atividades, de acordo com Dishman. Mas e quanto a um cientista ou médico que realmente tenha uma doença cardíaca? Será que uma resposta adversa gerada por exercícios poderia fazer alguma diferença?

Segundo Robert Green, da Faculdade de Medicina de Harvard, esse é o caso dele. Green costumava correr, mas não pode mais fazer isso por causa das juntas. Em vez de correr, agora ele anda de bicicleta e nada.

Efeitos adversos, disse ele, não o deteriam. Qual o real significado de dizer que sua pressão arterial sobe um pouco com o exercício, questiona o médico.

Não existem dados sobre efeitos de longo prazo para a saúde, como ataques cardíacos e AVCs, em pessoas que se exercitam e têm respostas adversas. Então ele simplesmente não se importa. O exercício faz com que ele se sinta bem. E se ele tivesse um efeito adverso, como um aumento na pressão sanguínea?

"Eu continuaria me exercitando."

Fonte iG

Por um café mais suave ao estômago

Cientistas buscam o grão e a torrefação ideal para por fim à azia causada pela bebida em muitos consumidores

Com as irritações do estômago impedindo duas em cada dez pessoas de tomarem café, os cientistas anunciaram esta semana a descoberta de algumas substâncias que podem estar entre as principais responsáveis por gerar a azia e a dor de estômago que potencialmente reside em cada copo da bebida apreciada mundialmente.

O estudo, apresentado na 239ª reunião nacional da Sociedade Americana de Química, apontou que os cafés de torrefação escura – a mais conhecida é a french roast – podem ser mais suaves para o estômago porque contêm substâncias que “dizem” ao estômago para reduzir sua produção de ácido. A pesquisa pode conduzir a uma nova geração de cafés mais amigáveis ao estômago, mas com o mesmo sabor e aroma do café normal.

“Essa descoberta ajudará muitas pessoas que sofrem de sensibilidade ao café. Como apreciadores da bebida, estamos muito orgulhosos de nossa descoberta” afirmam Veronika Somoza, da Universidade de Viena, na Áustia, e Thomas Hofmann, da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, que conduziram o estudo.

Estudos sugerem que mais de 40 milhões de pessoas, somente nos Estados Unidos, evitam beber café ou não consomem o quanto gostariam da bebida por conta de irritações no estômago. Os médicos acham que as substâncias químicas presentes no café fazem com que o estômago produza ácido em excesso. Algumas pessoas tomam antiácidos ou optam pela versão descafeinada da bebida, num esforço para reduzir esse efeito. Outros se voltam para um pequeno mas crescente mercado de cafés especiais, vendidos como menos agressivos ao estômago (em inglês, stomach friendly).

“O problema é que até hoje nenhum estudo havia verificado o potencial de irritação do café ou de seus componentes. Os produtores de café fazem a versão menos agressiva ao estômago processando as sementes de café cruas com vapor e solventes específicos para reduzir os níveis de substâncias irritantes, mas a eficácia ainda não é 100% certa” disse Somoza.

Os processos para produzir os cafés “amigos do estômago” também reduzem as quantidades de substâncias saudáveis, inclusive as já associadas a benefícios para a saúde como a proteção contra o diabetes e doenças cardíacas, dizem os pesquisadores. Além disso o processo geralmente afeta o gosto e o cheiro forte do café.

Para estudar as substâncias irritantes ao estômago no café os cientistas expuseram culturas de células estomacais humanas a uma variedade de cafés com diferentes pontos de torrefação e também aos cafés mais suaves para o estômago. Com isso, identificaram substâncias que, aparentemente, desencadeavam mudanças químicas associadas com um aumento na produção de ácido – estas substâncias incluíam cafeína, catecóis e outros ingredientes.

“Nossos dados mostram, pela primeira vez, que não há apenas uma substância irritante, mas um conjunto que age interligado e cujos expoentes são a cafeína e os catecóis. A maioria deles é removida pelo vapor e pelos solventes usados na produção do café mais suave para o estômago” diz Somoza.

Durante o estudo a dupla descobriu, sem querer, que um dos componentes do café conhecido como NMP, é capaz de bloquear a habilidade das células estomacais de produzir ácido hidroclorídrico e poderia originar uma maneira de reduzir a acidez e a irritação no estômago. Como a NMP é gerada com a torrefação e não é encontrada nos grãos de café crus, os cafés torrados escuros, como o french roast, podem ter potencialmente o dobro desse componente em relação aos cafés torrados claros.

Os cientistas estão testando diferentes variedades de grãos crus de café e diferentes métodos de torrefação em um esforço para aumentar os níveis de NMP e produzir um café “amigável aos estômago” cada vez melhor e mais eficaz. A dupla espera testar a mistura eleita em humanos até o final deste ano.

Fonte iG

Dossiê do café

Sabia que o risco de doenças cardíacas é menor entre bebedores de café saudáveis? Conheça os pontos positivos e negativos desta famosa bebida na saúde

Um aviso: não tenho ações do Starbucks ou, até onde sei, de qualquer outra empresa que venda café e derivados. A última vez em que escrevi sobre esta popular bebida foi há quatro anos, e o maior e mais recente estudo até hoje defende as primeiras avaliações dos efeitos do café à saúde.

Embora a nova pesquisa, que envolveu mais de 400 mil pessoas num estudo observacional de 14 anos, ainda não possa provar a relação entre causa e efeito, as descobertas são consistentes com outros estudos recentes.

Os resultados foram amplamente divulgados, mas aqui está o principal: quando o tabagismo e muitos outros fatores conhecidos por afetar a saúde e longevidade foram levados em consideração, os bebedores de café no estudo acabaram de alguma forma vivendo por mais tempo que os abstêmios. Além disso, quanto maior a quantidade de café diária – até certo ponto, pelo menos –, maiores os benefícios à longevidade.

O benefício observado do café não foi enorme – uma taxa de mortalidade de 10% a 15% menor do que entre abstêmios. Mas as descobertas são certamente reconfortantes e, considerando quantas pessoas bebem café, o número de vidas afetadas pode ser bastante amplo.

Evidências atualizadas
Em décadas passadas, especialistas advertiam repetidamente que o hábito do café poderia prejudicar a saúde e encurtar a vida. E de fato, segundo o novo estudo, quando os dados eram ajustados penas por idade, o risco de morte era maior entre os bebedores de café.

Mas quando os pesquisadores consideravam outras características ligadas à saúde, como o cigarro, o consumo de álcool e de carne, atividades físicas e índice de massa corporal, os bebedores de café viviam por mais tempo.

“Os bebedores de café não devem se preocupar. Seu risco é bastante semelhante ao dos que não consomem a bebida”, afirmou Neal Freedman, epidemiologista do National Cancer Institute, que dirigiu o estudo.

Longevidade
Os bebedores de café que eram relativamente saudáveis no início do estudo mostraram menor probabilidade de morrer de doenças do coração, problemas respiratórios, AVC, diabetes, infecções, ferimentos e acidentes. O estudo, publicado em maio deste ano no periódico The New England Journal of Medicine, examinou dados de 402.260 adultos do Estudo de Alimentação e Saúde dos Institutos Nacionais de Saúde-AARP. Eles estavam entre 50 e 71 anos e não tinham doenças cardíacas, câncer ou AVCs quando o estudo começou, em 1995. Em 2008, 52.515 participantes haviam morrido.

Freedman e seus coautores examinaram o motivo dessas mortes em relação a quanto de café eles declararam beber no início do estudo e descobriram que o risco de morte caía gradualmente à medida que o número de xícaras subia para quatro ou cinco. Em seis ou mais xícaras por dia, havia um leve aumento no risco de morte frente. Mas as chances de morrer permaneciam mais baixas do que entre as pessoas que não bebiam café.

Refletindo práticas de meados da década de 1990, os pesquisadores consideraram uma xícara de café como tendo de 237 a 296 mililitros. Os copos colossais servidos atualmente corresponderiam a mais de uma xícara, explicou Freedman. Beber muitos desses copos extragrandes pode causar inquietação, irritabilidade, insônia e ansiedade.

Ao contrário da crença anterior, em níveis usuais de consumo, o café não é mais diurético do que seu equivalente em água. Um consumo de até seis xícaras por dia pode ser incluído na ingestão de líquidos recomendada.

Efeitos sobre a saúde
O café é uma substância complexa, com mais de mil compostos que podem afetar a saúde. A cafeína, um estimulante, é o mais estudado e pesquisado. As quantidades no café podem variar amplamente, de cerca de 70 miligramas numa dose de expresso a mais de 100 miligramas em 237 mililitros de café coado.

Mas pode existir uma grande variedade nos níveis de cafeína, mesmo em bebidas similares. Conforme Jane V. Higdon e Balz Frei, da Universidade Estadual de Oregon, reportaram em Critical Reviews in Food Science and Nutrition, quando o mesmo tipo de café foi comprado na mesma loja em seis dias diferentes, a proporção de cafeína variou de 130 a 282 miligramas numa porção de 237 mililitros.

Antioxidantes
Mas a cafeína não é o único composto do café que é importante à saúde. No novo estudo, foi encontrada pouca ou nenhuma diferença nas taxas de mortalidade entre os que bebiam café cafeinado ou descafeinado. Outras substâncias – como antioxidantes e polifenóis – provavelmente também desempenhavam um papel ligado à saúde, segundo os pesquisadores.

Suas descobertas devem tranquilizar aqueles preocupados com possíveis danos por substâncias usadas para remover a cafeína da bebida. O medo dessa química levou muitos fabricantes a adotarem o método suíço de remoção de cafeína, usando água.

Expresso ou coado?
A forma como o café é preparado pode fazer diferença na saúde. Dois conhecidos elementos químicos dos grãos do café, o cafestol e o caveol, elevam os níveis de colesterol e LDL no sangue. Essas substâncias são removidas quando o café é preparado via filtro, mas permanecem no expresso, no estilo francês e no café fervido – os sachês individuais de café, usados em algumas cafeteiras, contêm filtros.

Efeito protetor
Embora o café possa causar um aumento temporário na pressão sanguínea, o novo estudo, como os anteriores, descobriu que o risco de doenças cardíacas é menor entre bebedores de café saudáveis. Outros benefícios sugeridos por estudos recentes incluem risco reduzido de diabetes tipo 2, doenças do fígado e Parkinson. Algumas pesquisas descobriram um risco reduzido de depressão, demência e Alzheimer entre bebedores de café.

Exercícios
Pessoas envolvidas em atividades físicas pesadas também podem se beneficiar, mas apenas se o café contiver cafeína – que ajuda os músculos a usar os ácidos graxos para gerar energia e atrasa o efeito da adenosina, prolongando o tempo até que os músculos se cansem. As dores pós-exercícios e o tempo de recuperação também são reduzidos.

Gravidez
Ainda é controverso se o café oferece riscos a grávidas. Não foi demonstrada uma relação causal entre o consumo da bebida e abortos em ingestões de cafeína inferiores a 300 miligramas por dia, mas alguns estudos descobriram um maior risco de baixo peso ao nascer associado ao consumo de mais de 150 miligramas por dia.

Interações
Tenha em mente, também, que a cafeína é uma droga. Alguns medicamentos, incluindo Tagamet, Diflucan, Luvoz, Mexitil, estrógenos e antibióticos como Cipro e Levaquin, interferem com o metabolismo da cafeína e podem potencializar seus efeitos.

Fonte iG