O corpo humano é uma “máquina” perfeita, resultado de uma sintonia fina entre sistemas, células, nervos, órgãos e inúmeros outros componentes que mantêm o pleno funcionamento de toda essa engrenagem
E assim como as máquinas reais, o corpo depende de cuidados para ampliar sua vida útil, algo conseguido apenas com cuidados preventivos. Foi o que aprendeu Jorge Carlos Barroso, 46, paciente do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da rede pública do Governo do Ceará.
O metalúrgico tinha apenas 26 anos quando descobriu um grave problema renal, consequência de um outro mal até então desconhecido, a pressão alta.
Ainda jovem, Jorge descobriu que seria necessário um transplante para voltar a ter uma vida normal. “Eu era muito novo quando descobri a doença. Meus pais ficaram muito tristes, pois foi tudo muito rápido e, naquela época, o acesso aos tratamentos ainda era difícil. Em 2001, graças a Deus, consegui um transplante”, relembra.
No entanto, a felicidade de ter um novo órgão foi passageira. Contente com a recuperação, Jorge antecipou o retorno à rotina normal, voltando a trabalhar prematuramente. A atitude fez com que ele tivesse um regresso e culminou na necessidade de um novo órgão, no qual segue aguardando enquanto realiza hemodiálise.
Segundo o clínico generalista da emergência do HGF, Tiago Xerez, casos como a do metalúrgico Jorge Barroso, que desenvolveu hipertensão arterial prematura e, por consequência, doença renal crônica, são comuns para a maioria dos pacientes que dão entrada na Emergência do HGF. Essa realidade evidencia a importância dos cuidados preventivos. “Geralmente são pessoas que nunca procuraram um atendimento na rede básica de saúde, que quando chegam aqui, já se encontram com a patologia muito complexa e precisamos da equipe multiprofissional para realizar todo o acompanhamento durante a internação”, avalia Xerez.
Tratamento
Referência em assistência hospitalar de alta complexidade, realizando transplantes, neurocirurgias, e prestando assistência em Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras patologias. Com emergência 24 horas, o HGF é o maior hospital da rede pública do Governo do Ceará e garante o atendimento e o acompanhamento às pessoas que necessitam de cuidados relacionados a doenças renais crônicas.
A nefrologista chefe do HGF, Daniele Pinto, destaca que aproximadamente 140 pacientes internados com problemas renais são avaliados diariamente no hospital. As internações, em sua maioria, têm relação com três fatores: hipertensão, diabetes e uropatia obstrutiva (quando o fluxo de urina sofre uma inversão de direção; em vez de ir do rim para a bexiga, a urina volta à bexiga).
Estudos recentes também apontam que um outro fator tem contribuído para a insuficiência renal crônica: a obesidade. Uma vez que a doença renal crônica se desenvolve, ela passa a evoluir, cabendo aos especialistas a missão de retardar essa função. Para isso é fundamental que os pacientes mantenham uma vida saudável e façam exames regularmente de sumário de urina e de dosagem de creatinina no sangue.
O tratamento principal consiste em dieta e medicação apropriadas para ajudar a controlar o balanço crítico do corpo, que os rins normalmente controlam. Entretanto, quando há falha renal, metabólitos e fluidos acumulam e pode ser necessário tratamento de hemodiálise ou até mesmo transplante renal associado à medicação para restaurar a função renal.
Nem todos os pacientes que estão internados na unidade fazem hemodiálise, mas o HGF dispõe de dois tipos de máquina para a realização do procedimento, a hemodiálise convencional e a máquina Gênius, que é utilizada para tratamentos mais graves para pacientes que não podem sair do leito.
A hemodiálise é o procedimento em que uma máquina limpa e filtra o sangue, realizando parte do trabalho que o rim doente não pode fazer, liberando do corpo os resíduos prejudiciais à saúde e ajuda a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina.
A hemodiálise é indicada para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica graves. No HGF, somente em 2016 foram realizadas 14.290 diálises e em janeiro e fevereiro de 2017, 2.411. O hospital também garante exames laboratoriais, de imagens e biópsias. O paciente com suspeitas ou diagnóstico de doença renal grave, após consulta no posto de saúde mais próximo da sua casa, é encaminhado pela Central de Regulação para atendimento no Hospital Geral de Fortaleza.