Também conhecida como dieta do tipo sanguíneo, a dieta do sangue sugere um cardápio diferente para cada um dos tipos de sangue e tem feito bastante sucesso entre os famosos, tendo atraído a atenção de artistas como a atriz Cláudia Raia, que afirma ter eliminado 7 kg com a dieta
Baseada no consumo de alimentos específicos para cada um dos quatro grupos sanguíneos, a dieta do sangue promete uma melhora da saúde e a perda de peso de maneira natural. Saiba um pouco mais sobre uma das dietas mais conhecidas – e controversas – dos últimos anos.
Tipos de Sangue
Chama-se de tipo sanguíneo a classificação do sangue de acordo com a presença de substâncias (hereditárias) antigênicas na superfície das hemácias (células vermelhas do sangue). Embora existam atualmente 35 sistemas diferentes para classificar os diferentes tipos de sangue, o sistema ABO ainda é o mais importante deles.
Através desse sistema de classificação, temos os tipos sanguíneos O, A, B e AB, sendo o primeiro o mais comum e o tipo AB o mais raro de todos. Cerca de 50% da população mundial possui sangue do tipo O, enquanto outros 36% são do tipo A, 10% do tipo B, e 4% do tipo AB.
O que é a Dieta do Tipo Sanguíneo?
Desenvolvida na metade da década de 90 pelo médico naturopata Peter J. D’Adamo, autor do livro “A Dieta do Tipo Sanguíneo”, a dieta do sangue sugere que seu tipo sanguíneo determina quais alimentos são mais indicados para sua saúde.
De acordo com o Dr. D’Adamo, as comidas que consumimos reagem com nosso tipo sanguíneo, o que significa que ingerir os alimentos adequados para nosso tipo sanguíneo irá deixar nossa digestão mais eficiente e também irá evitar uma reação negativa por parte do organismo (o que pode acontecer quando optamos por alimentos aos quais somos “intolerantes”).
Isso ocorre porque cada um dos quatro grupos sanguíneos possui seu próprio “marcador” de antígeno, ou seja, uma substância que o corpo reconhece como sendo estranha (externa). Esse antígeno reage de maneira negativa com alguns alimentos, podendo causar uma série de complicações de saúde – como inflamações, alergias, intolerâncias e até mesmo levar ao ganho de peso.
Outra teoria proposta pelos defensores da Dieta do Sangue sugere que cada tipo sanguíneo produz uma quantidade específica de suco gástrico e de enzimas digestivas, motivo pelo qual seguir um plano alimentar específico para seu tipo sanguíneo pode melhorar a digestão e a absorção de nutrientes, resultando na perda de peso.
Como Funciona a Dieta do Sangue?
Para o Dr. D’Adamo e demais apoiadores da dieta, o princípio que a torna plausível reside no fato que os diferentes tipos de sangue surgiram em diferentes períodos da História, e portanto faz sentido consumir o que nossos ancestrais consumiam à época do surgimento do nosso tipo sanguíneo.
Vejamos na prática como isso funciona:
– Tipo O
Considerado o mais antigo e mais comum dos tipos sanguíneos, o tipo O surgiu há mais de 50.000 anos, em uma época em que nossos antepassados alimentavam-se basicamente do que obtinham através da caça.
Baseado nessa premissa, o Dr. D’Adamo sugere que pessoas com sangue do tipo O consumam uma dieta rica em proteínas e carnes – algo semelhante à dieta das proteínas que estão atualmente na moda, que desestimulam o consumo de carboidratos.
– Tipo A
O tipo sanguíneo A surgiu por volta de 17 mil anos atrás, em um período que já não era mais de caça e coleta, mas sim de cultivo e colheita em comunidades rurais ainda muito rústicas. O fato do sangue tipo A ter aparecido nessa época sugere que os portadores desse tipo de sangue podem se beneficiar de uma dieta vegetariana, já que nossos antepassados muito provavelmente não estavam consumindo muita proteína de origem animal quando do surgimento do sangue tipo A.
– Tipo B
Há cerca de 12 mil anos nossos antepassados começaram a deixar suas pequenas propriedades onde cultivavam legumes e verduras e passaram a vagar pela terra, mudando constantemente de um lugar para outro. Devido às constantes mudanças de habitat, a dieta do homem nômade era bastante diversa, e de acordo o Peter J. D’Adamo, assim deve ser a alimentação dos indivíduos com sangue tipo B: variada, com carnes, vegetais, laticínios e grãos.
– Tipo AB
O sangue do tipo AB surgiu há pouco mais de mil anos, a partir da combinação do sangue dos conquistadores mongóis com o sangue dos europeus. Essa mistura também se traduz na alimentação, já que o portador do tipo sanguíneo AB se beneficia dos alimentos indicados tanto para o sangue tipo A quanto para o tipo B.
O livro “A Dieta do Tipo Sanguíneo” sugere para esse grupo alimentos como frutos do mar, leguminosas (feijão, soja, grão de bico), tofu, laticínios e grãos. Já opções como milho, carne vermelha e frango não devem fazer parte do cardápio de quem tem sangue do tipo AB.
Lectina
O Dr. D’Adamo sustenta parte de sua teoria sobre a dieta do sangue na ação das lectinas, proteínas que se encontram na superfície de determinados alimentos e que podem causar uma série de complicações de saúde.
De acordo com o naturopata, a lectina (que está presente sobretudo na lentilha e no feijão vermelho) seria particularmente nociva a portadores de sangue do tipo A, e sua ingestão poderia provocar desde a aglutinação das células do sangue até cirrose e insuficiência renal.
Para quem está de olho na balança, as lectinas poderiam também causar inflamação da parede intestinal, favorecendo o acúmulo de gordura e reduzindo o metabolismo, além de também favorecer a retenção de líquidos. Ou seja, seu consumo poderia não somente dificultar a perda de peso como até mesmo estimular o acúmulo de gorduras extras.
Existe de fato a evidência de que a lectina presente em alguns tipos de leguminosas cruas pode causar aglutinação em um determinado tipo de sangue, mas estudos sugerem que a grande maioria das lectinas reage com todos os tipos de sangue. Ou seja, todos devem evitar o consumo de leguminosas sem cozimento, e não somente quem tem sangue do tipo A.
Como no entanto a maioria das pessoas já possui o hábito de consumir feijões e lentilhas cozidas, a lectina não parece ser um grande problema que possa atrapalhar a dieta.
Benefícios da dieta do sangue
De acordo com D’Adamo, são muitos os benefícios da dieta do sangue para a saúde. Dentre os principais, temos:
- Perda de peso, após a fase inicial de liberação de toxinas e gordura;
- Prevenção contra doenças como o câncer, diabetes, doenças cardíacas e até mesmo cirrose hepática;
- Combate aos radicais livres e consequente prevenção do envelhecimento precoce;
- Prevenção de infecções e alguns tipos de viroses mais comuns.
Além disso, a dieta do sangue também pode aumentar os níveis de energia, melhorar o humor e combater a má digestão, levando a uma melhora do bem estar em geral.
O que diz a ciência?
Existem estudos que comprovam que pessoas com determinado tipo sanguíneo podem ter uma propensão maior ou menor a certas doenças. Como exemplo, temos que pessoas com sangue tipo O apresentam menor risco de doenças cardíacas, ao mesmo tempo que apresentam maior probabilidade de sofrer com úlceras estomacais.
O que não existe, no entanto, são estudos vinculando essas probabilidades ao tipo de alimentação. A grande maioria da comunidade científica afirma que não há qualquer ligação entre o tipo sanguíneo e a dieta que devemos seguir no dia a dia.
Um estudo amplo com 1.455 adultos submetidos à dieta do tipo sanguíneo A (com muitas verduras, legumes e frutas) demonstrou uma melhora da saúde como um todo, mas esse resultado foi observado em todas as pessoas que seguiram a dieta – e não somente aquelas com sangue do tipo A.
Não existem, assim, pesquisas que comprovem as afirmações do Dr. Peter J. D’Adamo quanto à relação do tipo de sangue e os alimentos mais indicados para cada um deles.
Outra preocupação sobre essa dieta se refere ao fato dos grupos O e A restringirem dois grandes grupos alimentares (carboidratos e proteínas de origem animal, respectivamente), o que pode causar deficiências nutricionais em longo prazo.
Muitos profissionais afirmam, no entanto, que consumir uma dieta rica em verduras, legumes, proteínas magras e pobre em gorduras saturadas e alimentos processados pode ser a melhor opção para quem está acima do peso ou então está preocupado com a saúde.
Mas a Dieta do Sangue funciona mesmo?
De maneira geral, a dieta do sangue estimula o consumo de verduras e legumes e sugere uma diminuição drástica na ingestão de alimentos processados e carboidratos refinados. Por si só, essas duas recomendações já podem ser suficientes para levar à perda de peso, independentemente do tipo sanguíneo.
Isso significa que a perda de peso está relacionada à adoção de hábitos alimentares mais saudáveis à mesa e à prática de atividade física, e não exatamente ao tipo sanguíneo.
Portanto, podemos concluir que a dieta do sangue funciona porque propõe uma alimentação mais natural e também porque restringe o consumo de determinados grupos alimentares – e não exatamente porque os alimentos tenham uma reação específica de acordo com cada tipo sanguíneo.
Alimentos para cada tipo sanguíneo
Já vimos que na dieta do sangue cada um dos quatro tipos sanguíneos deve basear sua dieta em um determinado tipo de alimentação a fim de obter melhores resultados para a saúde. Baseado neste princípio, o Dr. D’Adamo dividiu os alimentos em três grupos principais: os benéficos, que ajudam a perder peso (também chamados de “mais recomendados”), os neutros (ou que devem ser consumidos com moderação) e os nocivos (que devem ser evitados).
Conheça então quais são alguns dos principais alimentos que devem (ou não) fazer parte do cardápio de cada um dos tipos sanguíneos (para perda de peso):
– Tipo O
Alimentos benéficos: carnes magras, fígado, couve, espinafre, brócolis, peixes, azeite, verduras e legumes em geral;
Consumir com moderação: Ovos, nozes, sementes, legumes ricos em amido;
Evitar: Laticínios (queijo, leite, iogurte), leguminosas, cereais (arroz, aveia), pão, arroz e macarrão.
– Tipo A
Consumo livre: Verduras, legumes, cereais integrais, abacaxi, sementes, nozes, alimentos à base de soja, leguminosas e frutas, (preferencialmente orgânicos, pois de acordo com o Dr. D’Adamo, as pessoas com sangue do tipo A possuem um sistema imune bastante sensível a agrotóxicos);
Evitar: Carnes, feijão vermelho, trigo e laticínios.
– Tipo B
Consumo livre: Verduras, legumes e carnes magras;
Alimentos neutros: Laticínios magros;
Evitar: Frango, carne de porco, trigo, milho, lentilha, tomate, amendoim, gergelim.
– Tipo AB
Consumo livre: Verduras, frutos do mar, tofu, laticínios, abacaxi e leguminosas;
Nocivos: Embutidos, feijão vermelho, carnes bovina e suína, álcool, milho, cafeína e alimentos defumados.
Cardápio da Dieta do Sangue
O cardápio da dieta do sangue sugere opções específicas para cada um dos quatro tipo sanguíneos. Confira abaixo uma sugestão de plano alimentar (de poucas calorias) formulado de acordo com os ensinamentos do Dr. Peter J. D’Adamo:
– Cardápio para o tipo O
Café da Manhã:
Lanche da Manhã:
Almoço:
Lanche da Tarde:
Jantar:
– Cardápio para o tipo A
Café da Manhã:
Lanche da Manhã:
Almoço:
Lanche da Tarde
Jantar:
Almôndegas de peru;
Abobrinha no vapor.
– Cardápio para o tipo B
Café da Manhã:
Lanche da Manhã:
Almoço:
1 fatia fina de queijo magro;
1 fatia de peito de peru;
2 fatias de pão integral;
Salada verde.
Lanche da Tarde:
Jantar:
– Cardápio para o tipo AB
Café da Manhã:
Lanche da Manhã:
Almoço:
Lanche da Tarde:
Jantar:
Exercícios
Além da dieta especial, o Dr. D’Adamo também sugere a prática de pelo menos três horas semanais de atividades físicas específicas para cada um dos diferentes tipos sanguíneos durante a dieta do sangue.
Confira as mais indicadas para o seu tipo de sangue:
– Tipo O
Como nossos ancestrais com tipo sanguíneo do tipo O eram vigorosos caçadores que estavam sempre correndo atrás de alimento ou então escapando de um predador, os exercícios mais indicados para esse tipo de sangue são exatamente os aeróbicos, que exigem muito do sistema cardiovascular.
Atividades como corrida e ciclismo durante pelo menos 3 horas por semana devem fazer parte da rotina de quem é do tipo O.
– Tipo A
Uma vez que se desenvolveram em um período de maior convivência social e coletividade, os indivíduos de sangue do tipo A se beneficiam mais de exercícios relaxantes, como yoga, meditação, caminhada moderada, tai chi chuan ou golfe.
– Tipo B
O Dr. D’Adamo recomenda para o tipo sanguíneo B atividades que possuam um componente mental, como por exemplo o tênis, a escalada e a natação. A yoga e a caminhada também podem fazer parte da rotina de quem é do tipo B, uma vez que promovem condicionamento mental e físico.
– Tipo AB
Assim como ocorre com a alimentação, o plano de exercícios para o tipo sanguíneo AB é uma combinação do tipo A e B. Atividades como yoga, natação leve, ciclismo moderado e caminhada de média intensidade são as mais indicadas para este tipo sanguíneo.
Dicas
Assim como qualquer outro plano alimentar, a dieta do sangue requer algumas observações para que seus resultados sejam mais evidentes.
Confira algumas delas:
- Não importa qual seja o seu tipo sanguíneo: para emagrecer, é necessário que você mantenha uma dieta rica em alimentos naturais e que quase não contenha produtos industrializados ricos em açúcar e gordura;
- Quando o cardápio da dieta do grupo sanguíneo diz “consumo livre” isso não significa que você deve consumir 3 filés de frango por refeição. A palavra moderação ainda é mais importante do que o tipo de alimento que você consome. Trocar uma fatia de pão por 5 de queijo não irá fazer você emagrecer, mesmo que esteja “respeitando” seu tipo de sangue;
- Tome cuidado com modificações muito drásticas na sua alimentação, como a eliminação por completo das proteínas de origem animal sem uma devida compensação com proteínas vegetais de qualidade. Converse com seu médico ou nutricionista antes de começar a fazer uma dieta que restrinja o consumo de determinados grupos alimentares;
- Para quem ainda não conhece e gostaria de saber qual é o seu tipo sanguíneo, basta realizar um exame simples de sangue ou então fazer uma doação ao banco de sangue para obter uma carteirinha com seu tipo sanguíneo;
- Beba muita água, pois ela será fundamental para eliminar as toxinas e auxiliar no processo de emagrecimento e normalização do metabolismo;
- Coma a cada três horas, a fim de manter o metabolismo acelerado e evitar uma fome exagerada na próxima refeição;
- Quem é do tipo O e do tipo A (que são as dietas mais restritivas) deve evitar seguir a dieta do sangue por mais de uma semana, sob o risco de sofrer carências nutricionais e falta de energia (a dieta do tipo O elimina os carboidratos, que são a principal fonte de energia para as atividades diárias);
- Para evitar deficiências nutricionais, o Dr. D’Adamo sugere a suplementação de vitaminas e minerais durante a dieta para quem pretende segui-la por um período prolongado. Caso seu objetivo com a dieta do sangue para emagrecer seja a perda de peso rápida, faça a dieta por no máximo 10 dias e converse com seu nutricionista sobre uma possível reposição de nutrientes;
- Acelere a perda de peso com a prática de atividade física de três a quatro vezes por semana, procurando respeitar as atividades mais indicadas para seu tipo sanguíneo;
- Nós já vimos que a dieta do sangue não possui embasamento científico, e exatamente por esse motivo recomenda-se o acompanhamento médico antes da adoção de mudanças alimentares radicais.
Referências adicionais:
- A Dieta do Tipo Sanguíneo – Peter J.D’Adamo, Editora Campus;