Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



terça-feira, 24 de abril de 2018

Adesivo mede o nível de glicose no sangue sem precisar usar agulha

Composto por sensores de grafeno, o dispositivo avalia as taxas de açúcar em fluidos existentes entre células e vasos sanguíneos. Solução criada por físicos britânicos poderá ajudar a aumentar a adesão ao tratamento do diabetes

Resultado de imagem para Richard Guy diabetes adesive
University of Bath/Divulgação

O diagnóstico de diabetes é para o resto da vida. Doença crônica que, de acordo com o Ministério da Saúde, afeta 8,9% da população brasileira, ela não permite descuidos: o paciente precisa seguir à risca as recomendações médicas de forma a evitar as consequências da enfermidade que, se não controlada, pode até matar. Faz parte desse monitoramento o controle da glicose, que não pode estar acima nem abaixo do nível ideal. Um dispositivo desenvolvido por físicos da Universidade de Bath, na Inglaterra, promete tornar esse processo mais fácil e, assim, aumentar a adesão ao tratamento.

A rotina de quem tem diabetes inclui picar o dedo uma ou mais vezes por dia com uma lanceta e colocar a gota de sangue em uma fita, que será lida pelo medidor. O procedimento é praticamente indolor, mas isso não impede que muitas pessoas deixem de fazer o controle. Pesquisa recente do portal Minha Vida indicou que 51,3% dos pacientes brasileiros não monitoram a glicose. Desses, 18,4% afirmaram que dispensam o controle por achar o processo incômodo. Para resolver o problema mundial da adesão ao tratamento, cientistas estão buscando meios alternativos de medir os níveis de açúcar na corrente sanguínea.

Na Universidade de Bath, os pesquisadores apostam em um adesivo composto por sensores de grafeno que fazem a medição da glicose no líquido que preenche os espaços vazios entre as células e os vasos sanguíneos, sem precisar furar a pele. De acordo com os autores do estudo, publicado na revista Nature Nanotechnology, em outras pesquisas foram propostos outros métodos não invasivos, como detecção por meio de suor, lágrimas ou saliva.

“Mas essas estratégias têm duas limitações. Primeiro, porque há uma variabilidade significativa no nível da glicose detectada. Segundo, a proporção entre a concentração de glicose medida nesses fluidos e no sangue é desconhecida. Então, é inevitável ter de fazer a calibração, picando o dedo”, sustenta Richard Guy, pesquisador do Departamento de Farmácia e Farmacologia da universidade e um dos autores do artigo. “Além do desafio da calibração, esses métodos sofrem interferências e, consequentemente, de falta de especificidade.”

Segundo Guy, até agora, a única tecnologia que oferece um monitoramento contínuo e não invasivo da glicose opera provocando um pequeno campo elétrico na pele, que estimula o fluxo do líquido intersticial, onde há concentração de glicose. Sensores, então, fazem a medição da taxa de açúcar circulante. Contudo, o dispositivo, aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) em 2001 e colocado no pulso como um relógio, também exige calibrações periódicas. “Isso acontece porque, por esse método, a glicose é extraída indiscriminadamente e com grandes variações através de uma área relativamente grande da pele”, diz.

Baixo custo
Para tentar solucionar esse problema, Guy trabalhou, em conjunto com o Departamento de Física da Universidade de Bath, com a ideia de também se valer do registro da glicose sem agulhas por um sensor que capta a taxa pelo fluido intersticial, mas dispensando calibração e obtendo resultados os mais precisos possíveis. Os cientistas desenvolveram um microcircuito com sensores de grafeno, material conhecido pelo potencial de condutividade, além de ser leve, fino e maleável. Em contato com a pele, ele consegue medir os níveis de glicose em pequenos reservatórios do líquido, o que, segundo os pesquisadores, dá mais precisão ao teste.

“Devido ao design do circuito de sensores e dos reservatórios, não é preciso calibrar o adesivo com amostra sanguínea, significando que testes que furam o dedo são desnecessários”, diz Guy. O adesivo pode fazer leituras a cada 10 ou 15 minutos por até 12 horas. Atualmente, a equipe trabalha no refinamento do design, na melhora no número de sensores e em testes para se obter a funcionalidade total do dispositivo no período de 24 horas. “Agora que estabelecemos a prova de conceito, esperamos que esse se torne um sensor de baixo custo que envie medições relevantes de glicose para o telefone ou para o relógio inteligente do usuário, alertando-o quando for preciso agir”, diz. As taxas alteradas de açúcar no sangue indicam ao paciente a necessidade de usar a medicação prescrita pelo médico.

A cientista Adrelina Ilie, pesquisadora do Departamento de Física e coautora do trabalho, diz que uma vantagem importante do equipamento em relação a outros com proposta semelhante é o uso do grafeno. “Especificamente, esse material é forte, condutivo, flexível e potencialmente de baixo custo, além de ser ecológico. Graças ao tamanho dos sensores, conseguimos que cada um deles opere em uma pequena área sobre um único folículo piloso do paciente, o que reduz, significativamente, variações inter e intratecido da pele na extração de glicose e aumenta a acurácia das medições, eliminando de vez a calibração por amostra de sangue”, detalha.

Novas práticas
A endocrinologista e professora da Universidade Federal do Paraná Rosangela Roginski Rea, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), afirma que o período atual é de mudança de paradigma no manejo do diabetes, tanto em relação aos métodos de medição de glicose quanto no tratamento medicamentoso. “Existe uma demanda do próprio paciente por novas tecnologias para melhorar o controle do diabetes”, diz. Um deles, cita a médica, é um equipamento que monitora a glicose 24 horas por dia e monta gráficos diários de até 96 medições.

“Nós, médicos, pedimos o tempo todo para os pacientes medirem a glicemia várias vezes por dia. Mas eles só querem medir em jejum. Novos aparelhos que não precisam de picada no dedo e que conseguem verificar a situação da glicemia o dia inteiro estimulam o paciente a encontrar a terapia mais adequada”, diz Rosangela Roginski Rea, lembrando que as flutuações na taxa de açúcar no sangue precisam ser controladas para evitar as complicações crônicas da doença. Outra novidade destacada pela médica é substância dulaglutida, que tem ação prolongada. Como é aplicada apenas uma vez por semana, ela reduz o número de injeções de insulina de 365 para 52 vezes ao ano.

Mais cuidadosos
Estudo da Abbott com 7 mil brasileiros que têm diabetes e utilizam um sistema de monitoramento de glicose que dispensa as agulhadas por até 14 dias mostrou que a tecnologia traz benefícios para o controle e o tratamento da doença. Houve aumento da checagem diária (13,6 vezes em média), que ficou três vezes acima do recomendado pelas diretrizes internacionais. A hipoglicemia dos pacientes foi reduzida em até 26%, e o tempo que eles ficaram com a glicemia acima de 180mg/dl diminuiu 31%. O sistema é composto por um sensor do tamanho de uma moeda de R$ 1 e um leitor. O sensor capta os níveis de glicose no líquido intersticial. O leitor é escaneado sobre o sensor e mostra o valor da glicose medida em menos de um segundo.

Câncer de pulmão: Brasil é pioneiro em aprovar nova indicação de terapia

Resultado de imagem para tagrissoA Anvisa aprovou o osimernitibe como primeira linha de tratamento contra câncer de pulmão avançado. O medicamento já era usado como segunda linha

Em decisão pioneira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta semana a indicação do osimernitibe para primeira linha de tratamento contra câncer de pulmão. O medicamento, conhecido pelo nome comercial Tagrisso, já estava aprovado e disponível no país desde 2017 como segunda linha de tratamento, ou seja, em pacientes que não respondiam bem ao medicamento inicial. Com a nova determinação, ele poderá ser usado como a primeira terapia utilizada no combate ao câncer de pulmão de não-pequenas células, localmente avançado.

A Anvisa é a primeira agência no mundo a aprovar esta indicação. Para Carlos Gil, oncologista clínico e especialista em câncer de pulmão, isso demonstra o amadurecimento da agência que, percebendo os resultados positivos nos estudos realizados com o Tagrisso para tratamentos de primeira linha, resolveu legitimar seu uso nessa categoria.

“A surpresa foi o Brasil ter sido o pioneiro nessa indicação, já que, na última década, os pacientes têm passado um problema grave pela demora na aprovação de novos terapias para o tratamento de câncer no país”, diz Gil. O tratamento já é utilizado em outros países, como Estados Unidos, que devem indicá-lo para a primeira linha na semana que vem, e países da Europa, que devem definir a nova indicação nos próximos meses.

Mecanismo de ação do medicamento
O osimernitibe é classificado como uma terapia-alvo. Ou seja, específico para uma célula maligna. Entretanto, medicamentos dessa classe tendem a parar de fazer efeito quando o tumor sofre uma nova mutação. No entanto, o Tagrisso é o primeiro de uma nova geração de terapia-alvo voltado para a inibição específica da mutação secundária decorrente da primeira etapa da terapia.

“Por ser tão específico, essa droga tem efetividade muito alta e perfil muito baixo de efeitos colaterais, porque a direção é específica para a mutação. Os pacientes que tratamos tem tolerância muito alta ao Tagrisso”, explica Gil. Entre os efeitos colaterais estão: alteração cutânea e diarreia.

O medicamento, que é de uso oral, é recomendado apenas para pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células, localmente avançado, ou seja, em estágio IV, quando o câncer já se espalhou para fora do pulmão (possivelmente para o outro pulmão, corrente sanguínea ou o fluido que envolve coração ou pulmão). Segundo o oncologista, 80% dos pacientes em tratamentos de primeira linha (com mutação) vão usufruir dos benefícios do Tagrisso, como redução ou estabilização do tumor. Nas quimioterapias tradicionais, a taxa é de 30% a 35%.

Aprovação inédita contra mieloma múltiplo
Em outra decisão inédita, recentemente a Anvisa aprovou um novo tratamento para o mieloma múltiplo, câncer formado por células plasmáticas (do sangue) malignas. O daratumumabe é um imuno-oncológico da Janssen, indicado para o tratamento de primeira linha em pacientes que não podem ser submetidos ao transplante autólogo (técnica que usa as células tronco do próprio paciente para tratá-lo).

Com a aprovação, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a oferecer um tratamento capaz de reduzir em 50% o risco de progressão e morte por causa da doença. De acordo com o Instituto Oncoguia, a incidência do mieloma múltiplo no Brasil ainda é desconhecida, principalmente porque não faz parte das estimativas anuais do Instituto Nacional de Câncer (INCA). No entanto, especialistas estimam que a a doença atinja quatro a cada 100.000 brasileiros, representando cerca de 7.600 novos casos por ano. Segundo Breno Moreno, hematologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, quase 30% dos pacientes com mieloma múltiplo não elegíveis para o transplante poderiam ser beneficiados pelo novo tratamento.

Veja

Entenda como é a doação de rim

rinsO transplante é única modalidade terapêutica que exige sempre a participação da sociedade

A doação é uma forma de seguro social, já que todos nós corremos o risco de virmos a necessitar de um órgão para nós mesmos ou para alguém da nossa família.

O que é transplante de rins?
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na transferência de um órgão saudável (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de um indivíduo, vivo ou falecido, para outra pessoa, a fim de compensar ou substituir uma função perdida. Sendo assim, no transplante de rim se implanta um rim sadio em um indivíduo portador de insuficiência renal terminal. Esse novo rim passará a desempenhar as funções que os rins doentes não conseguem mais manter. Um transplante de rim pode envolver um ou ambos os rins, se for de doador falecido, e apenas um se for de doador vivo. Na maior parte dos casos, apenas um rim é transplantado.

Felizmente, a terapia renal substitutiva, usualmente a hemodiálise, é capaz de manter as pessoas vivas por muitos anos. Entretanto, é indiscutível a vantagem do transplante para estes pacientes, já que aumenta a sobrevida e melhora muito a qualidade de vida dos doentes renais crônicos.

Quem pode autorizar a doação dos rins?
A legislação vigente no Brasil determina que a doação de órgãos ou tecidos da pessoa falecida somente ocorra sob a autorização legal do cônjuge, companheiro ou parentes maiores de idade, até segundo grau - pais, filhos, irmãos avós e netos. Alguns estados brasileiros, como o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, possuem iniciativas locais para o cadastro de pessoas que desejem manifestar a intenção de doar órgãos e tecidos após a morte. Ainda não existe um cadastro nacional de doadores de órgãos, embora a sua implantação esteja sob avaliação deste Ministério. Contudo, qualquer registro de vontade será apenas consultivo, no sentido de subsidiar a família no processo de decisão sobre a doação.

Posso doar meu rim em vida?
A fim de proteger os vulneráveis e garantir a lisura e ética do processo, a legislação determina que a doação em vida só pode ser realizada entre cônjuges ou parentes consanguíneos próximos. No caso de haver intenção de doar por amizade, em que o doador não é parente consanguíneo até quarto grau (ou seja, até primos-irmãos), a lei exige uma avaliação prévia pelas instâncias éticas do hospital e autorização de um juiz.

Posso vender meu rim?
A Constituição Federal e a Lei dos Transplantes proíbem qualquer tipo de comercialização de órgãos e tecidos. Desta forma, a doação precisa ser altruísta, ou seja, a única recompensa é fazer o bem

Como é organizada a fila para transplante?
O processo de distribuição de um órgão doado é amparado legalmente, ocorre de forma segura e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, e pelas Centrais Estaduais de Transplantes. Para que seja feito um transplante com órgãos ou tecidos de um doador falecido, o paciente é inscrito no Cadastro Técnico Único, por meio de um sistema informatizado disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Quem realiza a inscrição é a equipe médica de transplante (previamente autorizada pelo Ministério da Saúde), responsável pelo atendimento. Para que um órgão ou tecido doado a partir de uma pessoa falecida seja destinado a determinado paciente, são rigorosamente observados os critérios de seleção, que incluem gravidade, compatibilidade e tempo de espera em lista. Portanto, não há hipótese em haja direcionamento de órgãos provenientes de doadores falecidos sem que seja observado esse fluxo.

Como é a abordagem da família em caso de morte encefálica?
A doação dos seus órgãos e tecidos após a morte é um direito de todo o cidadão que falece em morte encefálica. Por isso, deve ser oferecida aos familiares por agentes do sistema de saúde, treinados para estes esclarecimentos e para o acolhimento da família em suas dúvidas e decisões, sempre que não houver contraindicações que comprometam a saúde dos receptores. Não se admitem vazamentos de informações sobre doentes hospitalizados e ainda menos que seus familiares sejam procurados e pressionados a doar órgãos e tecidos. Esse tipo de conduta é ilícita, pois a confidencialidade da identidade do doador está garantida no decreto 9175/17, que regulamenta a Lei dos Transplantes.

A morte encefálica é um diagnóstico que está padronizado por protocolo do Conselho Federal de Medicina e, sendo conclusivo quanto à morte de qualquer pessoa, deve ser comunicado pela direção dos hospitais ou seus representantes, às autoridades sanitárias. Essa notificação é feita à Central Estadual de Transplantes.

Blog da Saúde